GENESIS

Capítulo 24

Dois homens conduziam um veículo de patrulha antigravitacional, que deslizava na areia conforme aumentava a velocidade. O aço cor de grafiti denunciava ser tecnologia marciana.

O contrabando no planeta vermelho era quase impossível, dado o investimento maciço dos Landors no combate à pirataria. Porém, os contatos de Murdock e Botsume dentro da colônia Genesis faziam toda a diferença na obtenção de recursos tecnológicos aos exilados. Ao menos, era o que acontecia até aquele fatídico dia.

- Ativar mecanismo de camuflagem anti-radar! - anunciou o piloto. - Proceder varredura com o escaner de localização.

Ao mesmo tempo que o monitor soou o dispositivo de camuflagem, uma segunda tela digital expôs um mapa tridimensional das redondezas, com um ponto vermelho pulsando a cerca de 5 quilômetros. O sinal estava fraco, entretanto, forte o bastante para localizá-lo.

Deslizaram através da planície vermelha, espalhando os finos grãos arenosos por onde passavam. O sol estava se pondo no horizonte e aquela seria uma paisagem magnífica e bela não fosse a terrível circunstância.

- Consegue visualizar algo? - perguntou uma voz pelo comunicador.

- Ainda não, Malik! A atmosfera está muito densa, os ventos estão levantando a areia... está difícil visualizar dois palmos na frente do nariz. Estamos sendo guiados pelo localizador. Mas o sinal está fraco.

- Vocês precisam encontrar! Há previsão de uma tempestade de areia em poucas horas! Precisam retornar antes do inferno vermelho!

- Estamos fazendo o possível, Malik! No meio dessa areia toda, é como procurar uma gota em um oceano!

Os homens no veículo se entreolharam e continuaram sua patrulha, na esperança de encontrar a origem do sinal. Conforme se aproximavam, a luz vermelha pulsava numa maior frequência.

- Eu acho que avistei alguma coisa! - disse um dos homens. - Ali, veja!

Através do vidro transparente, foi possível enxergar a silueta de uma pessoa pequena, vestindo traje espacial, semi enterrada na areia. Parecia desacordada.

Pararam o veículo próximo o suficiente para identificar o indivíduo.

- Alvo confirmado! Vamos iniciar o procedimento de resgate! - respondeu um dos patrulheiros à voz no comunicador.

Os dois homens desceram do aeromóvel e correram até o corpo na areia. Removeram a terra vermelha que se depositara sobre o traje espacial e viraram-no para verificar seu status.

Era uma mulher, de pele morena. A viseira do capacete estava rachada e uma luz vermelha piscava constantemente enquanto uma voz digital soava repetidamente:

- Nível baixo de oxigênio, recarregue o reservatório no compartimento dorsal do uniforme...

O homem de maior estatura removeu a mangueira respiratória do equipamento às costas do traje e encaixou-a num compartimento externo, que trouxera. Seus rostos exprimiam preocupação e medo. Talvez, fosse tarde de mais.

O ar passava pela mangueira, direto para o capacete. Nada acontecia. Já estavam perdendo as esperanças de resgatá-la com vida, quando repentinamente, a viseira rachada começou a ficar embaçada com o vapor de uma sutil respiração.

- Ela está viva! Malik, Roberta está viva!

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Essa foi por pouco. O que acontecerá com Rubi?

E Botsume, o que farão com ele?

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