Capítulo 31

27 7 10
                                    

Com habilidade e rapidez, as crianças seguiram através das tubulações de efluentes, deslocando-se contra a pequena correnteza de dejetos humanos. Apesar do aroma fétido, elas se encontravam imunes dentro de seus trajes espaciais herméticos. A atividade considerada repugnante aos adultos parecia aos pequenos uma mera brincadeira de esconde-esconde.

No meio do caminho, uma sensação estranha se apossou dos enfantes. Uma breve tontura e mal estar passaram quase despercebidos, não fosse um deles regurgitar por dentro do capacete. Sem dar importância, as crianças seguiram pelo túnel e deixaram o pequeno sufocando para trás, por estarem acostumados à morte em meio a um mundo de escassez e privações ao extremo.

Instruções foram passadas previamente pelo comunicador criptografado. Eram indicações precisas do caminho e da localização do destino final. Como em um jogo de gato e rato, o vencedor ganharia seu direito à vida, caso concluísse a perigosa missão.

Porém, após a explosão, o aparelho de comunicação parou de funcionar. Naquele momento, era cada um por si.

Ao final da tubulação, após duas bifurcações, chegaram na saída de um processador de alimentos. Com o impulso eletromagnético, todas as máquinas pararam de funcionar, e as lâminas trituradoras permaneciam imóveis. Uma a uma, as crianças atravessaram a saída e preencheram rapidamente o container de descarte. Apoiando-se uns nos outros, chegaram até o duto de ar, continuando pela passagem estreita até o hangar das aeronaves.

No espaçoporto, as pessoas corriam de um lado ao outro, num caos consequente ao evento inesperado. Todas as naves estavam temporariamente inoperantes e os comunicadores silenciosos impediam o contato entre a torre de comando e os diferentes setores da colônia. Soldados marcianos se juntavam em pelotões aguardando uma retaliação, enquanto seus superiores gritavam instruções para que todos ouvissem:

- Soldados! Preparem-se para o contra-ataque aos rebeldes sem qualquer piedade! - ditou o Comandante marciano. - Os sistemas elétricos foram desativados por uma possível bomba eletromagnética e devemos proteger nossa frota e a estação com nossas vidas, se necessário!

Um segundo militar em comando trouxe novas informações dos mensageiros internos:

- A torre de comandos anunciou que os reparos no sistema elétrico já estão em operação, trazendo o controle de recarga dos Blasters e de nossa frota aérea em cerca de 40 minutos, Senhor! - concluiu, batendo continência.

- Que assim seja! É o tempo que temos para acabar com qualquer tentativa rebelde de entrar em nosso domínio!

Escondendo-se entre as pilhas de containers que se estendiam pela ala de transporte de carga, os pequeninos chegaram até próximo ao portão secundário. Cinco deles ficaram de sentinela observando os arredores para dar cobertura aos outros dois que seguiram em frente,  para puxar a alavanca manualmente.

Ao se aproximarem do grande portão metálico, um par de soldados apareceu repentinamente, agarrando-os pelo braço e pescoço.

- Onde vocês pensam que vão? - intimou um dos militares.

Um garoto da sentinela atingiu-o na cabeça por trás, com um bastão de ferro, fazendo-o desmaiar. Outros tantos correram para atacar o segundo soldado, atirando pedras e tentando faqueá-lo com pequenas armas brancas.

Enquanto lutavam, mais pequeninos chegaram em frente a alavanca manual e começaram a içar o portão secundário do hangar, chamando a atenção de um pelotão de soldados que estava no andar de cima.

Ao longe, marcianos fardados tentaram atirar com megablasters, mas suas armas não funcionavam. Os elevadores também se encontravam inoperantes e o grupo militar foi designado a descer as escadas, na tentativa de impedir a abertura do portão.

- Que diabos está acontecendo? - retrucou o comandante.

A situação interna se agravou quando os portões abriram e a diferença de pressão e composição atmosférica passaram a afetar as pessoas qua ainda estavam sem os trajes herméticos munidos de oxigênio. O pânico se generalizou entre os civis enquanto as crianças restantes defendiam umas às outras na tentativa de concluir a abertura da passagem.

Com a chegada dos soldados, os pequenos foram abatidos um a um com armas brancas e golpes mortais de homens treinados para matar. Pescoços e braços quebraram feito gravetos enquanto os enfantes tentavam, inutilmente, golpeá-los com suas facas e objetos pontudos.

Antes que atingissem o último menino que puxava a alavanca, o mesmo enfiou uma barra metálica dentro da engrenagem, obstruindo o movimento retrógrado do pórtico. Quando o garoto foi atingido fatalmente pelas costas, era tarde de mais para retroceder o descerramento.

Ao se voltarem para a abertura do portão secundário, os soldados avistaram seis caças VR-13 se aproximando em voo rasante, apontando suas miras de torpedos para dentro do hangar.





---------------------------------





Uma grande batalha está prestes a começar, em meio aos sacrifícios e sangue.

Qual será o futuro da colônia Genesis?

Os rebeldes terão êxito em sua revolta ou serão vítimas de seu próprio desespero pela liberdade?

Acompanhe os próximos capítulos desta aventura espacial e descubra o desfecho da guerra marciana!

Se curtiu o capítulo, vote e escreva seu comentário para valorizar a obra. Obrigada! ;-)

GENESISМесто, где живут истории. Откройте их для себя