1.2 - Pallete 🎨

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"Você está gotejando como um nascer do Sol saturado

Você está derramando como uma pia transbordando"

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Kim Taehyung

— Seu irmão mais novo? O garoto das melancias?

— Sim... Não pode ser a mesma pessoa! — Jimin acusou incrédulo. — Não pode. Certo?

— Como é que eu vou saber? Parecem a mesma pessoa, para mim. — Notei que suas mãos tremiam e as peguei com cuidado, elas estavam suadas e geladas. — Talvez tenha sido apenas uma grande coincidência e pessoas muito parecidas.

— Mas e se não for? — Ele parecia estar ao ponto de chorar de desespero.

— Olha... Hum, eles foram para Daegu em uma viagem de escola, voltam no final de semana que vem. — O envolvi em meus braços para confortá-lo. — Assim que voltarem, podemos ir até eles e...

— Não. Não! Nem pensar! — Ele se desvencilhou do meu aperto. — Não posso, não posso vê-lo, não quero vê-lo, não quero que ele me veja. Não!

— Certo, mas então o quê..? — Ele me interrompeu.

— Taehyung, você não pode contar para ele que me conhece, por favor, não pode falar nada sobre mim. — Seu rosto estava vermelho de tanto segurar as lágrimas e sua voz era tão triste que partia o coração.

— Mas por que não? — Perguntei, confuso.

— Porque não! Por favor. Eu faço o que você quiser!

Aquela situação era muito estranha. Muito mesmo. No dia em que ele pintou as melancias parecia saudoso do irmão, agora estava extremamente angustiado e ansioso com a ideia do mesmo ter notícias suas.

Ainda sem saber o que fazer, o puxei de volta para um abraço. Ele não disse nada, apenas se apoiou no meu peito e brincou com os próprios dedos, que ainda tremiam. Ficamos assim por alguns minutos, talvez vinte, ou trinta, talvez tivéssemos passado horas naquela mesma posição.

Eu não sabia dizer, o tempo passou muito depressa. Era sempre assim quando eu estava com ele, tudo ao meu redor parecia congelar e os momentos tão preciosos escorriam rápidos por entre meus dedos.

Em algum momento daquela noite paramos embaixo das cobertas na cama dele, olhando um para o outro sem dizer absolutamente nada. Não era um silêncio incômodo ou desconfortável. Pela primeira vez desde que o conheci, Jimin pareceu alcançável. De todas as maneiras.

Mesmo com o frio de -6 graus do lado de fora, eu me sentia aquecido, protegido. E sabia que Jimin se sentia da mesma maneira.

Era o que seus olhos me diziam.

Ele estava encolhido, apenas seus olhos e nariz apareciam fora do edredom. Eu, no entanto, estava com meu braço para fora, estalando as juntas de meus dedos para passar o tempo um pouco mais relaxado.

Nem havia notado que eu estava nervoso.

— No que está pensando? — Ele perguntou baixinho.

— Nada. E você?

— Nada também...

— Está sem sono?

— É... — Se remexeu, encolhendo ainda mais, quase sumindo entre os lençóis. — Mas preciso dormir.

— E que tal jogarmos um jogo?

— Que jogo?

Me deitei corretamente e encarei o teto, sendo acompanhado por ele.

Pallete - As cores da almaWhere stories live. Discover now