Capítulo 10 - Lual

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Manuella

Eu e Kelsey não conversamos direito pelo resto do dia, apenas trocamos olhares, e coisas assim. Era mais ou menos 10:00hrs quando eu sai da piscina, então tomei banho, vesti uma roupa bem leve e fui deitar. Fiquei la na minha cama pensando, até que Kelsey e Natália entraram no quarto, rindo como se já se conhececem a anos. Olhei para elas, como se esperasse que me contassem a razão de tanta risada, mas elas apenas se jogaram em suas respectivas camas e foram parando de rir aos poucos.

- Será que agora eu posso saber o motivo de tanta risada? - perguntei.

- Nem eu sei guria - disse minha prima.

Um silêncio reinou no quarto, sendo interrompido por Kelsey.

- Manu?

- oi?

- Como andam as coisas da clínica?

- ah, estão bem. Já está tudo organizado, só falta arrumar o lugar onde vai ser o "canil".

- Como assim canil?

- Desde criança ela diz isso - falou Natália - que ia fazer faculdade para ser veterinária, construir sua própria clínica, com pet shop e canil, onde colocaria bichos que pegasse da rua, para cuidar deles e deixar lá até quando aparecesse alguém que quisesse adota-los. Fico muito feliz por ela ter conseguido fazer tudo isso que queria.

Olhei para ela e sorri, emocionada por ela lembrar e Kelsey fez que entendeu com a cabeça.

- Agora só falta casar ne prima. - disse Natalia rindo - você falou que ia fazer a faculdade, comprar casa, carro, e construir sua clínica. Só pensando em "casamento" depois de tudo isso.

- só falta a pessoa- falei dando um sorriso forçado.

Onde já se viu ela ficar falando essas coisas, sabendo da Kelsey. Me senti meia desconfortável e percebi que Kelsey também, mas ela logo fez outra pergunta, tentando voltar para o assunto anterior.

- Já percebi que você gosta bastante de animais.

- Amo. Quanto mais convivo com os seres humanos, mais eu gosto de animais.

- ual. E já que você tem esse amor todo, porque não tem nenhum?

- Muita gente me pergunta isso. E É uma longa história. - e era mesmo, uma história que me machucava ao lembrar - quando eu era mais nova, eu digo, muito mais nova mesmo. Devia ter meus seis anos, eu ganhei um cachorro do meu pai.

- A Princesa! Eu lembro dela, era tão linda. - disse minha prima, sorrindo com a lembrança.

- É, a princesa. Nessa época eu estava apaixonada por desenhos das princesas, e acabei batizando minha cachorrinha assim. Ela era linda, linda mesmo, não era de raça, era bem peludinja e bem pequena. Bem branquinha, com algumas manchas pretas. Eu amava aquela cachorra. Quando eu fiz dezesseis anos, ela ja estava velha, estava cega... E com problema na pata. Ela foi ficando cada vez mais fraca, e meus cuidados se tornaram poucos. Eu acordei com a Princesa tossindo muito, peguei ela no colo, ela lambeu meu rosto, e morreu.

Eu já estava chorando ao contar isso, a Princesa era tudo para mim. Mais que uma cadela, ela era uma amiga, companheira. Eu sofri tanto quando a perdi, estava prestes a entrar em depressão! Eu já não queria mais sair de casa, eu ficava trancada chorando, eu nunca achei justo ela ter morrido. Sempre foi uma cachorrinha tão boa. Ela devia ser eterna.

- Nossa Manu - disse Kelsey se sentando na minha cama, e me abraçando de lado - não chora, tenho certeza que a Princesa está orgulhosa de você, e está te protegendo lá do céu dos cachorros - ela riu - pode ter certeza que ela está em um lugar melhor.

Por AcasoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora