Por Acaso

Capítulo 20 - Segure a minha mão

Manuella
As coisas entre eu e a Kelsey estavam ótimas, e sua recuperação do acidente também. O pet estava um sucesso, minha vida estaca ficando cada cez melhor, mas una coisa ainda me impedia de ser totalmente feliz, Vitor. Após sua "visita" inesperada, fiquei preocupada, tenho medo que ele possa fazer alguma coisa contra mim, ou até mesmo alguém da minha família, principalmente a Kelsey... Ele levou uma surra dela, e pelo que eu o conheço, isso não ia ficar barato não. 
Era domingo, o dia estava lindo, então resolvi sair para dar uma volta. Liguei meus fones, e sai por aí sem rumo. Kelsey estava se recuperando ainda e hoje ela iria visitar a tia, com sua mãe. Passei em frente à praça central, então resolvi ficar por ali mesmo. É um lugar ótimo, amo natureza. Me sentei encostada em uma árvore com meu sorvete, e fiquei olhando o céu, ao som de capital inicial. A música parou e meu celular começou a vibrar, Marcela estava me ligando.
- Alô?
- Manu? Onde você tá? Precisamos conversar. Ta em casa? Eu to indo ai.
- Calma Marcela, que voz é essa? Aconteceu alguma coisa? Não estou em casa. To na praça central, vem aqui.
- Ta - e desligou.
Que bicho mordeu ela? Fiquei preocupada, mas não podia fazer nada. Daqui a pouco ela chegaria, e eu saberia o que aconteceu.
- Achei você - falou Marcela, me encarando.
- Oi Ma - abracei ela - senta aqui, o que foi?
- Sabe o Davi? - Perguntou, se sentando.
- Seu namoradinho?
- É, meu namoradinho.
- O que que tem?
- A gente ta junto..
- Ta, mas qual a novidade?
- Eu to grávida.
Assim que ouvi a palavra grávida, fiquei estática olhando para a cara da minha irmã. Grávida? GRÁVIDA? G R A V I D A? Não sei se eu rio, ou se choro. As palavras me fugiam, não tinha o que falar. Meus olhos marejaram, e eu sorri.
- Grávida? - Falei, tentando processar isso.
- Sim Manu, grávida, você vai ser tia.
- Ai meu Deus Ma, não acredito. - abracei ela - estou tão feliz.
- Eu também fiquei feliz Manu, mas sei lá, eu fiquei nervosa. Não sei como contar isso para o Davi, não sei como ele vai reagir, e se ele me deixar?
- Ai seu filhinho vai ser criado pela tia. E o Davi não vai poder mais ser pai de ninguém, ele não vai mais ter o que precisa para isso. - Ela riu, e segurou minha mão.
- Eu tenho vinte anos Manu, uma vida inteira pela frente, e agora um bebê, não sei como vai ser a reação sa nossa mãe, eu ainda não terminei a faculdade, tudo vai complicar Manu.. Filho antes do casamento, ai meu Deus, sou uma desgraça para nossa família. - e ela começou a chorar.
- Nossa em irmã, seus hormônios de grávida já estão gritando ai ne, relaxa meu amor, vai dar tudo certo, eu to com você, pra sempre. Estou tão feliz que vou ser tia, você não tem ideia.
~ 3 meses depois ~
Agora sim, minha vida estava perfeita. Nenhum sinal de Vitor, relação ótima com a Kelsey, e a barriguinha da Marcela já estava começando a aparecer ♥ estava um amor! Eu estava cada dia mais apaixonada pelo meu futuro sobrinho (a).
Era uma quinta-feira, eu fechei o pet shop junto com a Renata, e fomos para casa. No caminho, vi uma pessoa na calçada chorando, sem pensar duas vezes, fui até ela ver se precisava de alguma coisa. E quando olhei seu rosto, não acreditei no que vi. Borges!
- Carolyne? - Falei, espantada. Ela estava com a roupa toda rasgada, seu olho estava roxo, seu rosto sangrando, isso me cortou o coração.
- Ma-manu? - Falou com dificuldade - eu p-precciso fa-falar com você!
- Eu vou te ajudar, vem. Renata me ajuda aqui.
Levamos a Borges até a minha casa, e quando chegamos Kelsey estava la, ela me lançou um olhar de morte ao ver quem estava junto.
- O que significa isso? O que essa vadia ta fazendo aqui?
Ah não, ataque de ciumes não. 
- Ela estava na rua nesse estado Kel, eu precisava ajudar.
- Eu, eu vou pro quarto. - Falou enfurecida.
- Senta ai Bor, digo, Carolyne,  vou pegar roupas para você, se quiser toma banho também..
Fui até meu quarto e Kelsey fingiu que eu não estava ali, depois eu me resolvia com ela, agora eu precisava saber o que tinha acontecido com ela. Fui até a sala e notei que ela estava no banho, Renata ainda estava ali, esperando alguma informação.
- Anjo, você deve estar cansada, se quiser ir, pode ir, eu tento domar as feras sozinha - falei dando um sorriso amarelo - mas se quiser ficar também, eu ia gostar muito.
- Você tem razão, eu estou super cansada, aqueles cachorros ainda me matam - ela riu - mas são uns amores ne? Estou apaixonada pelo meu trabalho, aprendendo cada dia coisas novas... E não moça, eu não vou embora, não posso perder isso.
Fui fazer uma comida rápida, meu estômago estava implorando por alguma coisa, Borges saiu do banho e sentou no sofá, ela parecia com medo. - Re, termina aqui, preciso falar com a Carolyne. - fui até ela e me sentei no sofá. 
- Senti tanto sua falta Manu.
- Não foi pra isso que eu te trouxe aqui, sem falsidade vai, anda, desembuxa!
- Não sei nem por onde começar. 
- Sabe o começo? Então.
Ela respirou fundo, e começou.
- No dia da inauguração do pet, eu fui lá, você sabe. Eu fiquei lá na frente, eu realmente queria criar coragem para ir falar com você, mas não tive. O Vitor.. Ele chamou a Karina, e eles conversaram alguma coisa, parecia que já se conheciam. Ela me apresentou ele e ele disse que iria precisar de mim. No começo eu até " aceitei" ajudar ele, não fazia idea do que era, mas conforme a situação foi se agravando, ele foi soltando aos poucos qual era tua ideia, e eu pulei fora. E é por isso que eu to assim, foi ele, ele e mais uns homens nojentos que tão ajudando ele nisso. Ele vai fazer alguma coisa com você Manu, toma muito cuidado. Ele pode me matar se souber que eu to te contando isso, mas eu achei melhor assim. Toma cuidado quando sair na rua, por que pode ser que um dos rapazes esteja te vigiando.. Pelo amor de Deus Manu, toma cuidado, eu não sei o que faria se acontecesse alguma coisa com você.
- Como eu posso ter certeza de que o que você ta falando é verdade? E se ele que armou isso tudo e você ta ajudando? Ah Borges, não pense que vai ser fácil assim me enganar.
- Manu você acha mesmo que eu me sujeitaria a isso - ela apontou para suas marcas - para te prejudicar? Eu não faria isso nem se fosse com o mey pior inimigo Manu, eu não sou assim! Você me conhece, meu Deus, que ideia. Por favor, acredita em mim.
- Eu já acreditei muito em você. 
Ela se levantou com lágrimas nos olhos e foi em direção na porta, sussurrou um "se cuida", e saiu.
Era muita informação para absorver, será que é verdade? Renata foi até a sala e me abraçou, tentando me consolar. Ela fez uma marmita da comida que havíamos feito, e foi embora. Kelsey entrou na sala e eu estava no sofá, olhando para o nada, sem ter conseguido absorver tudo o que acabará de acontecer.
- Eu ouvi tudo.. Você acredita nela? - Kelsey se sentou ao meu lado, e colocou a mão na minha perna.
- Eu não sei o que pensar. Mas vindo do Vitor, eu não duvido de nada Kelsey, eu tenho tanto medo que ele faça algo com você. Eu nunca me perdoaria.
- shiu - ela colocou o indicador sobre minha boca - nada vai acontecer, nós vamos estar juntas, e não vai ser um Vitorzinho de merda que vai nos derrubar, apenas segure a minha mão e tudo vai dar certo meu amor.
- Ele me batia Kelsey.  - Ela me olhou horrorizada, como se não estivesse esperando isso, e não estava.
- Aquele filho da puta fazia o que? - Seu espanto, todo o momento, as coisas que a Borges havia dito, as lembranças.. Tudo se juntou e fez xom que eu me acabasse em lágrimas. 
- Aquele canalha, ele me batia. No começo eu era apaixonada por ele, mas ele me traia, ele nem ligava pra mim, e quando eu pedia para terminar, ele me batia.. Eu só consegui finalmente sair disso, quando fiquei mais consciente e ameacei ir na polícia,  ele ficou com medo e cedeu, mas disse que aquilo não era o fim. Ele disse que ia vir atrás de mim... e ele veio, ele veio Kelsey! Ele vai acabar com a minha vida, assim como fez à alguns anos atrás. 
Ela me abraçou com ternura e me apoiou em seu colo, mexendo no meu cabelo, e naquele momento, com certeza o único lugar que eu queria estar, era ali. Mesmo estando naquele estado, estar com Kelsey me fazia tão bem.. Que logo parei de chorar e procurei focar no meu presente, e no meu futuro ao lado da minha mulher, chega de passado me perturbando, chega!