Capítudo 19 - Não me deixe!

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Manuella
Fiquei parada por  um tempo tentando absorver o que tinha acabado de acontecer. Vamos por partes: Kelsey estava com ciumes da Ana, depois do Vitor, ela ficou brava, me chamou de vagabunda e saiu batendo a porta... Isso foi um "acabou?" Não, não pode ser. Ela me ama e eu sei que ela vai voltar.
Eu já estava bêbada, sozinha e chorando, chorando tanto. Coloquei em um vídeo que nos fizemos juntas cantando no nosso dia doce e chorei mais ainda, ah Kelsey, não faz isso comigo não. Já se passava das 2 da manhã e nada. Ela não me ligou. Não me procurou. Ela simplesmente foi embora. Ergue a cabeça Manu, você é forte!

***
- Alô?! - Falei meio sonolenta pegando o celular, que tocou me acordando. Ninguém falou nada. - Kelsey é você? - Meu olho marejou.
- Oi Manu, é a Re, tudo bem?  Então, to subindo ai, preciso falar com você. Se troca que nós vamos ter que sair.
E desligou. Olhei no relógio e eram 5:30, eu tinha que trabalhar! Mas deve ser alguma coisa séria. Ainda não tinha notícia da Kelsey, e o medo dela me deixar estava grande. Coloquei um vestidinho simples e uma melissa, escovei os dentes e ouvi a campainha tocar. Peguei a bolsa e fui em direção a porta, que dor de cabeça! Renata me abraçou e não disse nada, apenas fomos indo até seu carro.
- Que cheiro de, de.. Você andou bebendo Manu?
- Um pouco.
- Pouco né?
- Dá pra me dizer logo o que ta acontecendo? Por que eu to chateada já, não quero ficar preocupada também.
- O que você tem?
- Briguei com a Kelsey. Mas me diz, o que houve?
- Ah vocês brigaram, ta explicado
- Não entendi
- Manu, olha, independente de qualquer coisa eu quero que você fique calma, ta? Vai ficar tudo bom. - Se formou um mar nos meus olhos e meu coração se apertou, minha menina!
- Renata pelo amor de Deus!
- Nós estamos indo para o hospital Manu. - Ela parou no semafaro e se virou para mim - a Kelsey, ela... Sofreu um acidente de carro durante a madrugada e agora está internada.
Meu mundo caiu! O meu amor sofreu um acidente! Por minha causa... Comecei a chorar desesperadamente, meu coração se quebrou em pedacinhos, mas esses pedacinhos queriam sair pela minha boca de tão anciosa que estava para chegar ao hospital. Depois de muito choro, alguns gritos e um escandalo na recepção, a médica já impaciente deixou que eu olhasse, apenas olhasse a Kelsey no quarto, por uma janelinha que hà ali.
- Tudo bem doutora, qualquer coisa, eu posso só ver ela já que não tem outro jeito.
Ela me encaminhou até a pequena salinha para a família que havia na frente do quarto, quando entrei lá estava Jheny e dona Cida sentadas apreensivas. Elas me abraçaram e eu chorei mais. Fui até a janelinha e vi ela, minha menina, tão frágil. Havia um gesso em seu braço, curativos no rosto, e na perna, alguns ralados também faziam parte de seu visual-pós-acidente.
- Ela está bem?
- Agora ela tá, perdeu muito sangue e bateu a cabeça com força, a médica disse que ela poderia ter morrido com a batida. Eu senti tanto medo Manu, é a minha filhinha e eu não tenho ideia do que seria de mim sem ela.
Oi lágrimas, vocês por aqui de novo? Sequei elas e abraceu dona Cida, que também estava emocionada, Jheny apenas nos olhava com o olho marejado. Ambas estavam abatidas, devem ter virado a noite aqui...
Depois de algumas horas sai para tomar um café com a Renata e ela disse que ia para o pet junto com a Marcella. Concordei e voltei para o hospital, implorei mais um pouquinho para a médica deixar eu entrar e ela acabou deixando. " Você tem 5 minutos Manuella, nem mais, nem menos!"
Entrei no quarto todo branco que me causou desespero, parecia aqueles quartos onde loucos ficam sabe? Me aproximei da maca onde ela estava e passei a mão em seu rosto, depois toquei seu braço e entrelacei nossas mãos. Dei um beijinho em cada curativo que havia em seu rosto e depois fiquei olhando para ela, segurando o choro.
- Você está acordada? - perguntei baixinho, como se fosse um crime. Ela abriu os olhos, mas bem pouco, devia estar se acostumando com a claridade e me olhou. Ela estava com aquele negocio pra respirar, então ela não podia falar. Ponto pra mim. Agora ela vai me ouvir!
- Senti tanto medo de te perder meu amor - Cade a Manu durona? - tanto medo, você não tem ideia. - ela fechou os olhos - Eu amo você e quero que entenda isso, por favor. Eu sei que você está me entendendo, me desculpa se eu te magoei, se fui a causa desse acidente, eu te amo! - ela apertou minha mão como quem entendeu o recado, a médica entrou e pediu que eu me retirasse. Beijei sua testa e sai.
* 2 dias depois *
Kelsey recebeu alta e ficou na casa da sua mãe mesmo, enquanto a Marcella ficou lá em casa para que eu não entrasse em depressão. Serio essas coisas mexem muito comigo e eu estou ainda me sentindo extremamente culpada pelo acidente dela. Ela disse que estava tudo bem, mas não fez nada que provasse isso. Fui até uma floricultura e comprei umas flores lindas que haviam ali, não faço ideia do nome, mas as eram lilás e tinham um cheirinho ótimo. Chocolate, flores, e uma cartinha que fiz com um super carinho para ela. Namorada de tpm, "doente" e brava com você, bom... É dificil de lidar, então vamos com calma e fazer de tudo pra ela ficar feliz, boa sorte pra mim!
- Oi Jheny. - abracei ela e ela riu de mim por ter quase derrubado tudo que segurava.
- Desastrada em, veio tentar arrumar alguma coisa? Cacau show? É, acho que você vai conseguir - ela riu e eu também. - Ela está no quarto Manu, boa sorte.
Pisquei para ela e bati na porta, ouvi um "entra"... Abri a mesma e me deparei com a Kelsey com uma cara nada boa, comendo sucrilhos, assistindo sessão da tarde. Ela se virou para mim com um olhar de morte, e eu fiquei estática esperando alguma outra reação, só esperando mesmo, porque ela não teve, apenas deu uma colherada no seu sucrilhos e ficou mastigando, prestando atenção no filme.
- Como você tá? É, isso aqui é para você e.. Tem chocolate também. Onde ponho as flores? - eu estava perdida - eu acho que aqui fica legal. Olha você não vai falar nada? Por que eu já estou ficando nervosa.
Ela riu e cheirou as flores, coloquei ela e o sucrilhos no criado mudo, e bateu no colchão num sinal para mim ir sentar lá.
- Desculpa Manu, não devia ter falado com você daquele jeito, eu fui grossa, eu sei. Eu no seu lugar não iria atrás não, você sabe como eu sou! Mas seu coração é puro e você faz o que der na telha, e eu acho bom você ter feito isso! - ela sorriu e colocou uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha - Eu amo tanto você, desculpa tá? Vou tentar me controlar mais... Adorei as flores e o chocolate amor, obrigada.
- Só te peço uma coisa Kel...
- O que?
- Não me deixe!

Por AcasoWhere stories live. Discover now