Capítulo 16 - Na alegria e na tristeza

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Olá, no começo do capítulo passado eu disse que iria fazer um capítulo diferente certo? Mas, não vou mais fazer kk quem sabe mais p frente. Boa leitura.
B.P.

MANUELLA

- Até que não foi tão difícil como eu pensei, mas ver lágrimas vindo da minha mãe por minha culpa... Acho que foi a pior coisa! - Desabafei, enquanto dava outra garfada no meu macarrão ao molho branco que a Renata havia feito.

- Pelo menos está tudo bem, eu acho. E você não precisa ficar se escondendo, né irmã? - Marcella tinha razão, mas alguma coisa me dizia que eu precisava falar com nosso pai. Sorri para ela e dei um longo gole na minha coca-cola, respirando fundo em seguida, como se estivesse tentando raciocinar, e eu estava mesmo.

- Manu, hoje preciso ir para o hospital ver as crianças, se você quiser eu passo aqui depois. - Kelsey é daquelas pessoas que fica cuidando de crianças doentes, achava tão lindo esse teu gesto. Eu já estava acostumada com sua presença, acho que me sentiria super vazia sem te-lá junto de mim, principalmente nesse momento que to com meu lindo pé engessado e não posso fazer quase nada sem que alguém me ajude.

- Vou estar te esperando. - Dei uma piscada para ela e todas que estavam em volta à mesa riram.

- Vocês estão juntas? - Perguntou Renata me olhando com brilho nos olhos.

- Estamos nos conhecendo melhor, digamos assim. - Kelsey pegou na minha mão e me mandou um olhar apaixonado, que me derreteu todinha.

***

A chuva estava forte lá fora, fazendo um barulho forte na janela que já estava começando a me incomodar, pois era tarde e eu não podia aumentar mais a tv, a não sei que quisesse levar uma multa. Lágrimas e mais lágrimas se formavam em meu rosto enquanto eu assistia Marley & eu pela milésima vez, como eu sentia falta da minha princesa. Estava pensando em adotar um cachorrinho, mas seria difícil cuidar da clínica e de mais um serzinho, eu não iria querer deixa-lo sozinho, principalmente se fosse filhote, e isso dificultaria meu trabalho. Mas ainda sim, essa idéia martelava minha cabeça de tal forma que eu tinha vontade de ir agora mesmo até o canil mais próximo e pegar todos os cachorros para mim. O filme acabou e minha mãe ainda não havia me ligado, ela prometeu que ligaria assim que chegasse na casa da minha avó, será que aconteceu alguma coisa? Preocupada, sequei minhas lágrimas, e disquei o número da minha mãe, limpei a garganta e fiquei apreensiva esperando um "alô". Ela não atendia de jeito nenhum, então liguei para o telefone fixo da minha avó, que no segundo toque atendeu.

- Alô?!

-Oi vó, tudo bem?

- tudo sim querida, como tá seu pé?

- Ta melhor... Minha mãe já chegou ai?

~ diz para ela que estou no banho - Uma voz no fundo, que fez meu coração se partir em mil pedaços.

- Ela está tomando banho

- Não precisa mentir vó, eu ouvi, valeu mesmo. - desliguei e me joguei no sofá deixando as lágrimas tomarem conta de mim.

Não sei ao certo quanto tempo se passou, mas eu ainda estava jogada no sofá chorando muito, ouvi a porta abrir mas não me mexi, tentei fingir que estava dormindo, mas foi em vão. - Você ta chorando? - Perguntou Kelsey com uma voz de choro, que fez com que eu levantasse em um pulo e tentasse olhar para ela, sem demonstrar tristeza, o que havua acontecido? Eu precisava ajuda-la.

- você que está! - falei como um sussurro, palavras não saiam da minha boca, meu coração estava apertado. Ela me abraçou forte e novamente se pôs a chorar, a única coisa que consegui fazer foi chorar junto. Ao mesmo tempo que me senti melhor tendo-a comigo, me senti um lixo por ela estar mal assim como eu, e eu não conseguir fazer nada, por estar mal também.  Me faltavam forças!  Respirei fundo e me sentei, batendo do lado do sofá para que ela se juntasse a mil, ela deitou sua cabeça no meu ombro e respirou fundo, secando suas lágrimas.

- Fala, que em seguida eu falo.

- Ele morreu Manu. O Gabriel morreu! Ele era tão novo. - ela desencostou-se de mim e se virou em minha direção. Seu olhos tão tristes. Sequei suas lágrimas e ela prosseguiu - 8 anos Manu, ele tinha tanto para viver. O câncer dele tomou conta de seu corpo, ele foi tão forte, mas aquela maldita doença foi maior e ele faleceu essa tarde, na minha frente! Ele segurava minha mão, e sussurrou " estou com muita dor tia" vi uma lágrima brotar em seus olhos, enquanto eles se fechavam lentamente. E assim mais um anjo se foi, e eu não consegui parar de chorar até agora. Porque tem que ser assim? Qual é o sentido disso tudo? Ele era tão jovem, só veio ao mundo para sofrer! Eu o acompanho desde o início de seu tratamento, a alguns anos atrás, sua saúde era como uma montanha russa, cheia de altos e baixos. Mas acabou indo baixo de mais... Ele tinha o sorriso mais lindo e puro que eu já vi, ele me fazia tão alegre, tão pequeno, com tantos problemas e tão forte. Eu não aceito isso Manu - ela parou um pouco para respirar e em seguida prosseguiu - Mas que egoísta eu sou, aqui falando e falando, você está mal e ainda ouvindo meu desabafo, desculpa, me diga o que aconteceu...

A cada palavra sua, mais um pouco meu coração se partia. Mas a cada sorriso seu, enquanto lembrava de seu jovem amigo, parece que ele se recompunha, e batia mais forte ainda. - O meu amor... nem sei o que dizer, uma pena não poder mudar isso, é a lei da vida, foi cedo.. Mas ele cumpriu a missão dele aqui na terra de fazer pessoas felizes. Ele está em um lugar melhor e pode ter certeza que de lá de cima ele está te vigiando para que você nunca o esqueça em - eu sorri e ela também.

- Você me faz sentir tão bem Manu. Se não fosse por você, nem sei como eu estaria agora.

- Se não fosse por você, que apareceu e coloriu meu mundinho preto e branco, fazendo minha vida valer a pena, talvez eu nem estivesse aqui mais, ou se estivesse, não teria nem 1 terço da felicidade que tenho hoje em dia só por ter você. É coisa da minha mãe, ela está me evitando sabe? Liguei para ela super preocupada, e ela não atendeu. Liguei na casa da minha avó e ouvi sua voz no fundo " diga a ela que estou no banho ". Isso me magoou muito Kel, preciso de um tempo dela para por minha cabeça no lugar. - Kelsey me abraçou e deu um leve beijo no meu pescoço, que me fez arrepiar. Fiquei olhando para ela, que se aproximou e deu um beijo em cada lágrima que ainda estava ali, secando-as, me fazendo abrir um sorriso.

- Você disse que precisa de um tempo, quer que eu vá embora?

- Preciso de um tempo dela. Não quero você longe de mim, nunca.

Ela me beijou e ali ficamos durante um bom tempo, conversando, tentando nos distrair, mas ambas sabiamos que aquela dor não iria passar tão cedo, mas juntas vamos passar por cima de qualquer coisa, e vamos fazer de todos os momentos, o nosso momento. O que me importa agora é ela e sua felicidade, tendo-a com seu lindo sorriso comigo, posso enfrentar qualquer coisa.

Por AcasoWhere stories live. Discover now