CAPÍTULO 30

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Olá pessoal! Sanando uma dúvida em relação ao capítulo anterior, na Espanha onde se passa a história, também existe SAMU, mas há uma diferença no termo, no Brasil a sigla significa "Serviço de Atendimento Móvel de Urgência" e na Espanha significa "Serviço de Assistência Médica e Urgência! (Diferença Sutil)

Bom Capitulo.


LUNA POV

— Que decisão, minha única? - Edu se afasta levemente para conseguir me olhar nos olhos!
— Eu... eu quero sair da Universidade de Medicina de Barcelona, não vou parar de estudar, sei que sou capaz de conseguir entrar em outra instituição, mas acho que será melhor me afastar da Universidade!
Suas mãos acariciam meus braços.
— Como quiser, você é a pessoa mais inteligente que conheço e facilmente conseguirá uma vaga em qualquer lugar que almejar.

Sorrio com suas palavras, Edu é a pessoa que mais me apoia nessa vida! Fico grata a Deus por esse homem ser meu par. Sair daquele lugar sombrio e que me traria lembranças obscuras seria incrível, mas nem tudo é simples, ainda preciso me preocupar com a multa do Hospital Boyer, onde contribuía com as pesquisas, meu sorriso vai morrendo aos poucos, ao lembrar da quantidade exorbitante de dinheiro que devo ao quebrar o contrato.

— O que há de errado?
— Antes de sair preciso lidar com a multa com o valor estratosférico.
— Isso é o de menos, posso resolver isso.
— De jeito nenhum, amor! É muita coisa e não vou te desfalcar aceitando seu dinheiro!
— Nosso dinheiro! - Beija minha bochecha e eu fecho os olhos desfrutando do seu toque.
— Nosso, mas não me sentirei bem!
Permanecemos em silêncio por um instante.

— Tenho uma sugestão! Temos duas opções para resolver essa situação da multa.
— Me diga!
— A primeira é usar nosso dinheiro... e a segunda é tentar um acordo com a universidade e ela pagar a multa.

Há um tempo, entramos com uma ação por danos morais e negligência contra a universidade, o processo continua em andamento. Depois que o caso do Luiz veio a tona, surgiu várias vítimas desse desgraçado, eles denunciaram, mas foram calados pelos coordenadores da instituição, além disso, professores de renomes e requisitados pediram demissão e houve perca de patrocínio, sem contar que a renomada universidade perdeu sua posição de primeiro lugar.

Penso na possibilidade e percebo que realmente pode funcionar, no fim se ganhássemos no júri, eles teriam que me pagar uma indenização gorda, mas o processo pode demorar para finalizar.

— Se entramos em congruência, eles não sairiam impunes?
— Não, já estão com o nome na lama, perderam muitas coisas, vão perder dinheiro, sem contar nos outros processos que estão correndo! Era uma vez uma universidade, bebê!
— Eu aceito o acordo! Faça o que tem de fazer!

Eduardo sorri para mim, mais um problema sanado! Me inclino e beijo seu queixo sentindo sua barba pinicar.

— Luiz se foi, mas deixou um rastro de destruição para trás!
— Não diga o nome desse homem! Por favor! – Edu rosna.

— Quando posso voltar para casa? – Mudo de assunto e beijo seu queixo mais uma vez.

— Quando se fortalecer, você perdeu muito sangue, então vai ficar mais um pouco até se restabelecer! Tenha paciência mocinha! A psicóloga veio?

Perder meu filho foi um baque tremendo, jamais imaginei que pudesse estar grávida, usava como método o DIU e no ultrassom mostrou que ele se deslocou. A perda de um bebê é uma dor imensa que jamais imaginei sentir e nem sabia que dói tanto ao ponto de sufocar, às vezes me pego acariciando a barriga plana e imaginando a barriga enorme e redonda, os perrengues que Edu passaria para atender os meus desejos loucos de grávida, teve um momento que parei em frente ao espelho e tentei enxergar qualquer vestígio de barriga, mas não havia, Luísa me pegou nesse instante de fragilidade e solicitou a psicóloga para acompanhamento.

— Veio cedo, conversamos um pouco e agendamos as sessões de terapia!

— Vamos ficar bem, amor! Teremos nosso final feliz, te prometo! – Seus lábios macios tocaram os meus, num beijo calmo e amoroso, aquele beijo que só ele é capaz de me dar.

(***)

— Onde Eduardo foi? – Lorrayne insiste em me alimentar como uma criança, minha irmã diz que quer compensar o tempo em que convivemos como estranhas.

Abro a boca e sinto o sabor da sopa aguada na minha língua, faço uma cara desgostosa ao sentir o gosto ainda mais forte.

— A delegada veio colher o depoimento! Eu já dei o meu e agora é o Eduardo, não se preocupe com isso!

— E por que aquela sonsa veio pessoalmente? Não foram os policiais que falaram com você?

O danado do ciúme dá um tchauzinho lá do fundo da minha alma, incomodado com a presença da Liana.

— Não sei, deve ser procedimento! - Capturo o exato momento que ela levanta a sobrancelha, era o sinal que sempre fazia quando mentia.

— Não seja mentirosa, sua sobrancelha está mexendo! – Aponto para o monte de pelinhos loiros em cima dos seus olhos. — Desembucha!

— Luna... você precisa relaxar...

— Me conte de uma vez, ou eu mesmo irei lá perguntar! – Faço menção de me levantar, mas Lorrayne me empurra de volta para o colchão macio da cama.

— Tudo bem... Ok, vou te dizer!

Ajeito minha posição e aguardo minha irmã colocar o pote de sopa em cima do pequeno balcão, calmamente.

— A delegada está questionando as ações do Eduardo, do porquê atirou naquele filho da puta e por que o agrediu... está insinuando que agiu de má-fé e quer enviá-lo ao conselho da OAB. Santiago disparou duas vezes contra aquele que não gosto de citar o nome e arrancou alguns dentes, a mulher disse que ele tinha condições de se defender sem usar a arma.

Estou embasbacada e em choque. Liana é mesmo uma infeliz do caralho, ela deveria nos agradecer por dar cabo desse homem, livramos a sociedade de uma doença incurável, um mal irreparável e em troca ela quer nos punir? Punir meu marido?

Me questiono se ela está fazendo isso por seguir realmente a lei ou se está agindo comandada pelo seu despeito e amor não correspondido?

Me levantei num pulo, mas paro ao sentir as costelas fraturadas doer, caio sentada na cama e coloco a mão no lugar respirando fundo.

— Calma, pelo amor de Deus! Suas costelas estão quebradas! – Lorrayne se aproxima para me auxiliar quando a porta é aberta, Eduardo entra de cabeça baixa, mas quando me enxerga respirando fundo, caminha em minha direção.

— O que houve? - Segura minha mão e se abaixou ficando da minha altura.

Sua cirurgia correu tudo bem, o dreno retirado dois dias após, agora é cuidar dos pontos e evitar movimentos bruscos, mas o bonito não seguia nada disso. Antes que ele tentasse me puxar, eu me esforcei e me deitei como uma boa paciente.

— Aquela mulher quer tirar sua licença de advogado? – Sou direta e reta.

Edu lança um olhar para Lorrayne e ela dá de ombros.

— Não se preocupe com isso, minha vida! Concentra-se em melhorar. – Segura na minha mão e entrelaça seus dedos aos meus.

— Me desculpe, mas não consigo me acalmar! Advogar é sua vida e ela não tem o direito de tirar isso de você! Se necessário eu assumo os outros disparos! – Me exalto e já não sei nem o que falo.

— Shiii, nada disso! Eu torturei levemente aquele bastardo e assumo minha responsabilidade, vou enfrentar de cabeça erguida a denúncia que Liana vai abrir, se eu perder o registro pelo menos tive minha alma lavada ao socar a cara daquele infeliz.

— Mas não é justo! - Sussurro.

— Se acalme, vai dar tudo certo, lembra da minha promessa?

Me lembro da sua promessa, e meu amor nunca quebra uma promessa.

— Teremos um final feliz em breve.

— Exato! Seremos felizes, está tão perto! - Se senta na beirada da cama e se inclina para alcançar minha boca, um beijo que selava a veracidade das suas palavras.

Minha irmã pigarrou chamando nossa atenção e puxou um papel do bolso do casaco.

— Eh, então... já que estamos no momento de notícias ruins, vou aproveitar a deixa!

Solto uma risada de nervoso, nenhuma notícia seria capaz de me abalar hoje, não mais! Liana bateu a cota.

Me ponho sentada e rodeios os braços no tronco malhado do meu marido e encosto a bochecha no seu braço, pronta para ouvir.

— O que é? – Santiago pergunta.

— Nada de mais, apenas uma carta do advogado da nossa família dizendo que estamos deserdadas! – Faz um movimento com a boca como se a notícia que deu não fosse de grande importância.

Gargalho alto com a atitude dos meus pais. Pego a folha A4 e leio o que está escrito ali.

Mesmo após a morte de ambos não temos direito a nada, todo patrimônio líquido será entregue as instituições de caridade, os supermercados serão comandados pelo meu tio paterno, as filhas não terão direito a nada.

— Pelo menos fizeram uma boa ação e doaram aos pobres! – Digo zombando da mediocridade dos meus pais.

— Será egoísmo dizer que não cuidarei deles na velhice? Acho que sou rancorosa demais para perdoar e não falo isso pelo dinheiro, pouco me importa!

— Uma nova vida lhes aguardas irmãs Perez, Lorrayne conte comigo para tudo que precisar!

Minha irmã sorri em agradecimento.

(***)

— Quando posso ir embora? – Faço a mesma pergunta dos últimos dias para a enfermeira que tirava o acesso que tomava os remédios do meu braço.

— Que desespero para ir embora, amiga! Se recupere primeiro! – Lola dá um beliscão no meu braço.

— Não me sinto bem aqui, Edu já foi liberado e comigo aqui ele se nega a ir embora!

— Hoje foi seu último dia com o antibiótico, provavelmente amanhã pela tarde você estará livre!

— Finalmente! – Sorrio alegremente.
— Deve se cuidar em casa, tomar os medicamentos certos e repousar bastante.
— Farei tudo isso, desde que eu esteja em casa!

Lola passou a tarde comigo, me distraindo e contando o rumo da sua história com Taylan e se foi perto das seis.

— Lhe trouxe boas novas, Luna! - A médica entra com sua grande alta astral.
— Por favor, me diz que posso sair! – Não me contenho de empolgação.

Ela sorri e balança a cabeça positivamente.

— Está livre, Sr. Santiago está assinando os papéis!

A doutora me dá instruções de como me portar na recuperação e a importância de continuar a terapia, se despede e sai da sala enquanto Eduardo entra.

Fico de pé, me aproximo do seu corpo e o beijo, suas mãos pousam na minha cintura e aperta, puxando – me para meus perto, grudo no seu tronco forte e depósito um beijinho na sua garganta.

— Vem, vou te ajudar a trocar de roupa!

Eu vestia um pijama de calça e blusa com fundo vermelho e coraçõezinhos brancos.

— Eu consigo, não precisa se esforçar!
— Você tem costelas quebradas! – Eduardo diz com seu modo turão.
— E você um pulmão perfurado! – Retruco ao homem que se acha um imortal.
— Já me curei, apenas uma dorzinha aqui e um pouquinho de falta de ar ali!

Santiago adorava diminuir seus problemas, ainda mais se fosse algo físico, meu marido é teimoso e odeia ficar doente.
— Está fazendo exercícios de respiração?

Levanto os braços e o deixo tirar minha blusa.

— Sim, minha mãe certifica que fiz tudo certinho! – Suas mãos acariciavam meus seios cobertos pelo sutiã sem bojo! — A propósito, ficaremos na casa dela até nos recuperarmos setenta por cento.

Ele se abaixa lentamente e desce minha calça, desliza lentamente enquanto passa seus dedos na parte de trás da minha coxa, meus pelos se eriçam com a sensação.

— Não me provoque, bebê! – Seguro seus cabelos e levanto seu rosto em minha direção.
— Não estou fazendo nada, só quando você estiver totalmente sã!

As mãos que estavam na minha coxa, sobem deslizando à medida que ela se levanta, é incrível como eu reajo com um simples toque, o quão quente eu fico, solto um forte suspiro.

Ele sorri malandro e se afasta, seus olhos brilham de excitação.

— Que roupa você quer?
— Pode ser o vestido branco! – Era uma peça em tricô, mídi e justo.

Me visto e sinto-me aquecida, calço uma papete, pois minhas pernas estão inchadas devido aos corticoides.

— Coloque o casaco, está caindo o mundo lá fora!

(***)


Observo a chuva torrencial cair, através da janela do carro, as gotículas deslizavam pelo vidro escuro e prendiam minha atenção. Lembro da minha infância, gostava de fazer corrida de gotinhas e apostava na qual chegaria primeiro, sorrio com as boas memórias.

— O que foi? Por que o sorriso lindo?
— Memórias de quando eu era criança! Celular não era muito comum e para me distrair, nos dias de chuva eu gostava de fazer corrida de gotas!
— Bons tempos! Me lembro que durante as viagens de carro eu ficava vendo os carros que passavam e definia qual eu seria meu e qual seria o da Ágata Ou ficava contando as árvores que eu conseguia ver como um vulto.

Rimos com as experiências que vivíamos.

— Conhece Arthuro Benevides?

Puxo o nome na memória, e me lembro do empresário que é uma grande marca no ramo hospitalar.

— Ahh, Benevides Medical Enterprise! É o rei no ramo de materiais e maquinários hospitalares!
— Ele foi seu médico! Arthuro recebeu sua ocorrência!
— Uma honra ser atendida por um médico desse cacife!
— Ele deixou uma coisa para nós... especificamente para você! Então decidi me fazer uma surpresa em cima do presente do Arthuro!

Meu coração errou uma batida com empolgação, Eduardo é ótimo com surpresas e eu amo ser surpreendida por ele!

O sinal está fechado, Edu se inclina e abre o porta luvas e tira de lá dois voucher e me estende.
Pego os papéis que as cores são em um vermelho vivo e não acredito no que meus olhos leem.

— Não acredito... porra, isso... é isso mesmo que estou lendo?

Não contenho a minha animação, me remexo no banco euforicamente.

— Isso é o Congresso Nacional de Cardiologia Brasileiro?
O sorriso gigante se abre ao presenciar minha reação.

— Acho que é mesmo um evento importante!
— É o quarto congresso mais importante do mundo, quando falamos de cardiologia! Somente convidados podem entrar!
— Então prepare sua melhor roupa, que vou te levar a esse evento e vamos ter nossa lua de mel no Brasil! Calor, praia e meu sol particular! – Segura minha mão é beija o dorso.

Dou um gritinho animada com a ideia.
— Vamos mesmo ao Brasil? Meu Deus! Já disse que te amo hoje? E a quão apaixonada sou por sua pessoa?
— Já, mas pode repetir! Sua voz dizendo que me ama é música para meus ouvidos!
— Te amo, muito! Você sem dúvidas nenhuma é o grande amor da minha vida! – Me inclino levemente e beijo sua bochecha.
— Também te amo, minha única! Luz da minha vida!

(***)

— Não desça! Espere! – Edu grita antes que eu saia do carro já estacionado na casa dos Santiago.

Meu marido pega o guarda-chuva no banco traseiro, dá a volta e abre a porta para mim, a verdadeira imagem de um cavalheiro!

— Vem! – Coloca seus braços sob meus ombros e andamos para dentro de casa, enquanto nos protegemos da chuvarada.

Tiro o meu casaco e deixo no cabideiro, descalço meus pés e sinto a maciez do carpete.

— Bem-vinda de volta! Se sente bem? – Ágata nos recepciona!
— Pronta para outra!
— Deus me livre, querida! – Luísa surge logo atrás da filha. — Filho, você tem visitas, no escritório!

EDU POV.

— Sente e relaxe! – Deposito um selinho nos lábios da minha amada e caminho até o escritório do meu pai.

Dou três toques e abro.

Meu pai e o promotor Gonzales estão sentados e bebem whisky enquanto conversam.

— Pai... promotor! – Faço um cumprimento com a cabeça.
— Como se sente, Eduardo? Quis visitá-lo no hospital, mas as coisas estão queimando na sede!



— Estou bem, apenas um susto para ficar esperto! – Puxo a poltrona e me sento.
— Tudo certo na volta? – Meu pai pergunta.
— Sim, viemos devagar devido à chuva, mas está tudo bem!
O ambiente permanece em silêncio por alguns segundos até que Gonzales decide quebrá-lo.

— Pode ficar tranquilo Santiago! A denúncia ao conselho dos advogados não vai para frente.
— Mas Liana...
— Deixa que eu me entendo com a delegada. Vá descansar, apreciar seu casamento! Eu resolvo esse problema! É uma dívida que tenho com você, depois que você foi afastado do caso injustamente.

Não digo nada, um problema a menos para se preocupar é maravilhoso.

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CHEGAMOS AO PENULTIMO CAPITULO! É INCRIVEL A SENSAÇÃO AO CONCLUIR ESSA JORNADA QUE É ESCREVER UM LIVRO. E VOCÊS LEITORAS, SÃO DEMAIS! AGRADEÇO CADA UMA DE VOCÊS E ESPERO VÊ-LAS NOVAMENTE QUANDO PUBLICAR ESSA OBRA NA AMAZON. 
A NOVA CAPA JÁ ESTÁ PRONTA E ESTOU PREPARANDO UMA SURPRESA PARA REALIZAR UMA SEMANA APÓS A ESTREIA...E ISSO PESSOAL.

COMENTEM E VOTEM POIS ISSO É INCENTIVADOR PARA AUTORA.

SEM REVISÃO.



Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 30 ⏰

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