Capítulo 6

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Estava ansiosa por hoje a noite, me sinto uma boba por deixar as borboletas fazerem a festa no meu estômago ao invés de espirar inseticidas nelas.
Já tinha tomado banho, o frio estava dando as caras e ventava bastante; então optei pela velha e básica calça jeans escura, uma cacharel azul escura e de gola alta e uma jaqueta jeans, meu pé já estava Melhor, não doía, então calcei uma bota com um salto médio, pego a bolsa lateral e dentro dela enfiou a caixinha que guardei a joia do Edu.

Devido à ansiedade, chego ao parque 19:00, para numa barraquinha e compro um chocolate quente e me direciono em banco, ficando por ali mesmo. Observo a movimentação, o frio afugentou as pessoas, o tempo estava se fechando, nuvens pesadas e cinzentas tomavam o céu escuro.
Meu olhar avista uma moto muito bonita estacionar no estacionamento do parque, não fico surpresa quando vejo quem era o piloto, era uma máquina digna da sua personalidade.
Me estremeço com ele tirando o capacete, esse movimento tão simples em Eduardo se tornava sexy, aquela jaqueta de couro o deixava com cara de mal, o fazia parecer perigoso.
Quando foi que me tornei uma boba que fica babando pelos cantos ao ver homem bonito?
Ele caminha em minha direção transbordando confiança, dou um último gole no chocolate e fecho a garrafa, me levanto para recebê-lo.
— Me desculpe o atraso, fiquei preso no escritório!
— Tudo bem, também cheguei agora pouco!
Nos sentamos no banco frio.
— Quer? – Ofereço a bebida.
— Não, obrigado...sou intolerante a lactose! – Assinto
Olho o horizonte e toda nuvem cinza o tomava.
Abro a bolsa e entrego a correntinha
— Coloquei dentro de uma caixinha para não perder!
— Que capricho! Se dependesse de mim teria perdido, aliás quase perco!
—Certamente, pois estava solto dentro do bolso do seu blazer, que está aqui dentro da sacola! – Entrego a sacola amarela.
— Esse colar é especial! É para minha priminha Maria, ela tem transtorno do espectro autista e tem um apego grande com essa joia! Tinha arrebentado, mas mamãe mandou para joalheria.
— É uma peça muito bonita! Dourado e reluzente igual ao sol!
Ele olha nos meus olhos e sorri com os olhos.
— Como você, iluminada e reluzente, transmite luz!
Sinto meu rosto corar com seu elogio puro, prendo meu olhar no dele e sinto minha respiração ofegante, suas mãos grandes e quente abraçam as minhas num acalento íntimo e sutil, nossos rostos são como imãs se atraindo, nos aproximamos lentamente, estamos tão próximos que sinto seu hálito quente e refrescante bater em minha bochecha, sinto seu nariz acarinhar o meu numa dança lenta e beirando ao sensual, sua barba áspera fazia uma cócega gostosa e me tira um sorriso lateral. Sua mão toca minha bochecha e levo a minha mão segurando seu pulso, quando meus lábios tocam o seu num começo de um beijo, um barulho alto e oco ruge pelo céu nos assustando, era um trovão acompanhado de um raio que iluminou completamente o céu escuro, gotas grossas e fortes começaram a cair. Sinto elas caírem sobre nós.
— Vem!
Eduardo segura minha mão e começamos a correr em busca de um abrigo, mas não tinha nada além de árvores.
— São Pedro caprichou hoje! - Grito para que ele pudesse me ouvir.

Edu para no meio do parque e o acompanho, neste momento já estamos completamente encharcados, paro em sua frente e ficamos cara a cara, um sorriso maroto está grudado em sua face, sorrio de volta pois as borboletas se debatiam enlouquecidamente no meu estomago.
Suas mãos geladas seguram meu rosto e gruda sua testa na minha.
—Vou fazer uma coisa que quero muito! – Sussurra.
— O que?
— Te beijar, posso?
Pede permissão, sorrio em concordância e sem mais espera, capturo seus lábios molhados em um beijo, Eduardo cede passagem para minha língua e as coisas ficam intensa, rodeio sua cintura com meus braços e me entrego completamente ao momento, situações que estou me permitindo viver.
O homem era habilidoso com a língua, sabia os movimentos certo e gostoso, eu acompanhava o ritmo. Neste momento de completa entrega percebi que Eduardo estava entrando no meu sistema, e eu estava o recebendo sem nenhuma dúvida, estava claro que meus sentimentos estavam crescendo, mas restava aguardar para o rumo que esse caso ia tomar.

A chuva grossa e gelada continuava a cair com força, sem opções viemos até a casa dele, pois estávamos completamente encharcados e no parque não tinha local para nos abrigar, quis seguir para casa, mas não tinha quase nenhum taxi e os poucos que tinha não parava.
Passamos pela porta que levava a cozinha, seco meus pés no tapete, me abaixo para tirar a bota e fico descalça, Edu me acompanha.
— Tem algo para nos secar? Não vamos molhar a casa.
— Na lavanderia deve ter algo, vou buscar!
Segue para um anexo.
Coloco minhas botas num cantinho e tiro o caso, minha pele arrepia devido ao frio.
— Melhor colocar os sapatos no alto! – Aparece com duas toalhas amarelas e me entrega uma.
— Por quê?
— Logan ama sapatos, o brinquedo favorito dele.
— Ainda não conseguiu adestrar o cão? – Sorrio.
— Ele é um cachorro de personalidade.
— Claro, personalidade forte!
Seco meus braços, rosto e cabelo.
— Tome um banho quente, caso contrário ficará gripada!
— Não é necessário!
— Não seja turrona! Vem.
Segura minha mão e sai me puxando pela imensa casa, subimos a escada e paramos na frente de uma porta que estava entreaberta.
— O dono do quarto está aí, não se sinta intimidada!
Empurra a porta, no tapete felpudo, Logan está esparramado como se fosse dono de tudo, o cão nem se dá ao trabalho dever quem chegou.
— Pode tomar banho no meu banheiro, irei tomar no quarto de hospedes...vou procurar alguma roupa que servi em você e deixar em cima da cama.
— Obrigada!
— Toalha limpa está dentro do armário. Se sinta à vontade, ok?
— Tudo bem! – Se aproxima é beija minha testa em seguida me dá um selinho.
Sai fechando a porta.
Sozinha, começo a bisbilhotar o quarto dele, era bem masculino, tons de cimento queimado e branco predominavam, a cama queen com lençóis pretos, uma prateleira com bastante livros, pendurados tinha alguns posters de bandas e um grande poster de algum time de basquete.
Para de reparar o quarto alheio e vou ao banheiro, tiro minhas roupas molhadas e as posiciono na pia, ligo o chuveiro e me sinto nas nuvens quando a água quentinha toca meu corpo e espanta todo o frio, molho meus cabelos e tomo a liberdade de usar um pouco do shampoo disposto ali, espero que não deixe meu cabelo duro e embolado, se bem que o cabelo do Eduardo e brilhoso e macio, não deve deixar o meu como uma palha.
Ouço um toque na porta seguido da voz rouca.
¬— Deixe algumas peças de roupa para você em cima da cama, veja se alguma te serve.
¬— Ok, obrigada pelas roupas.
Tiro as espumas do cabelo e saio do box me enrolando na toalha felpuda e enrola uma menor no cabelo.
Abro a porta discretamente e sondo para ver se tinha alguém no quarto, mas estava só, até o cão se foi e a porta estava fechada.
Olhos o que ele deixou na cama, são peças bonitas, um pouco pomposas, mas de qualidade, analiso as três peças disponíveis; a primeira era um vestido flórido, com fundo preto mangas bufantes, curto e rodado, o segundo uma calça pantalona preta e camiseta florida vermelha, a terceira era um vestido longo laranja estilo boho, acabo escolhendo a segunda peça que é a mais básica, será que essas peças são da mãe dele? No meio das roupas tinha uma calcinha ainda com etiqueta, uma tanguinha simples e preta, mas não tinha sutiã, visto a roupa e a calça ficou um pouco apertada no bumbum, mas nada que incomodasse ou ficasse desconfortável.
Em frente ao enorme espelho do closet, eu tentava pentear os cabelos com o dedo, ouço a porta se abrir e o vejo entrar, já de roupa trocada.
— As roupas ficaram melhor que esperava.
— Sim, coube certinho, são da sua mãe?
— São da minha irmã, ela tem um estilo meio boêmio, mamãe jamais se vestiria com esse estilo.
— Um estilo ousado e de personalidade! – enxugo meu cabelo com a toalha.
— Sente-se ali na cama? – Pede
— Por quê?
— Seu cabelo está ensopado.
— Vai secar o meu cabelo? Uau, que cavalheiro! – Brinco
— Sou o maior deles! E sim, irei secá-los.

Me sento na beira e Edu começa a penteá-los e secar com o secador. O ventinho quente com as mãos cuidados me dão um soninho.
— Você leva jeito para coisa, posso facilmente cochilar com seus toques na minha cabeça.

Ouço sua risada baixa.
— Seus pais estão em casa? – Pergunto apreensiva como uma adolescente que estava escondida na casa do namorado.
Estávamos descendo as escadas, pois Eduardo insistiu em fazer comida.
— Relaxa, eles estão em um jantar corporativo, mas se estivessem, qual o problema?
— Problema nenhum, só uma estranha dentro da casa deles!
— Não é uma estranha para mim, além do mais, eu também moro aqui.

O homem dominava a cozinha de um jeito que dava inveja, era tempero para cá, azeite para lá, sal.
— Sou ótima em cortar legumes! A melhor cortadora de legumes da Espanha!
Digo após afirmar minha completa falta de tato ao cozinhar qualquer coisa que fosse.
— Já é de grande ajuda, toma! – Coloca uma tigela com batatas na minha frente. Volto minha atenção ao alimento.
— O que comia quando morava sozinha?
— Marmita ou no restaurante do hospital, ser pesquisadoras cientificas Juniors tem muitas vantagens.
— Sua mente deve ser brilhante! Como funcionava sua rotina?
— Na parte da manhã tinha aulas, na parte da tarde era dedicada totalmente ao hospital e a noite era minha residência, quando tinha plantão aí eu era liberada do programa de pesquisa, era uma rotina cansativa e desgastante, mas eu amava.
— Estou me mordendo de curiosidade o porquê você largou o que tanto amava, seus olhos brilham quando fala sobre sua carreira, não me entra na cabeça.
Sorrio sem graça, e com a angústia apertando meu peito como se fosse uma espuma velha e suja.
— Espero que algum dia você confie em mim e diz! Se for algo que eu posso ajudar.
—Ninguém pode ajudar, quem deveria me ajudar não o fez!
Digo engolindo seco e ele me olha com aqueles olhos desconfiados e astutos.

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