Capítulo 4

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EDUARDO POV
Acordei cedo para me exercitar, era uma rotina que seguia todos os dias durante alguns anos; acordar as seis, tomar café reforçado como pré-treino, descer para academia e treinar por uma hora e meia, regressava para casa e ia me preparar para mais um dia de trabalho.
— Bom dia, Edu! – Minha mãe aparece já com seu terninho azul e seus inseparáveis salto alto, mamãe era baixinha e os saltos praticamente faziam extensão com seus pés.
— Bom dia Srta. Luísa, como está? – Beijo o topo de sua cabeça.
— Com sono, odeio acordar cedo! – Se senta na banqueta e fecha os olhos.
— Onde está o meu pai?
— Seguiu para Barcelona, as obras do escritório novo começa hoje, ele quis acompanhar de perto.
— Qual a previsão para ficar pronto? Para já ir me organizando!
Com a inauguração da nova sede em Barcelona, serei obrigado a me mudar, pois seria o diretor do escritório de lá.
— Não sei. Filho, irei sentir tanta falta sua quando se for, meus dois filhos longe das minhas asas.
— Mãe, a Agatha está terminando o mestrado, logo virá para ficar! E você poderá me visitar.
— Barcelona é tão distante!
— Está sofrendo por antecipação!
Minha mãe era uma mulher linda, tanto por dentro quanto por fora; baixinha com seus cabelos perfeitamente tingidos de loiros, seus olhos eram cristalinos como água e sua pele branca, era descendente de alemães, seu nariz pequeno e bem modelado casava com a boca fina e bem desenhada. Mamãe veio de uma família de extrema pobreza, saiu da Alemanha com a promessa de se tornar uma modelo, mas no fim, era falcatrua, a realidade completamente diferente, Luísa ainda jovens foi obrigada a desembarcar na Espanha para se prostituir num bordel de luxo, mas na primeira oportunidade que teve, mamãe fugiu, quando estava sendo transportada para um evento, ela pulou do carro que estava em alta velocidade e foi socorrida pela polícia local. A quadrilha não era amadora, trouxeram minha mãe legalmente, então os policiais, após o resgate a deixou num albergue custeados pelo governo, sem dinheiro para voltar e sem como contatar a família, se viu obrigada e decidida a seguir em frente. Foi complicado, ninguém quis empregá-la quando viam que ela não tinha uma residência fixa, após implorar, conseguiu um trabalho de cozinheira num restaurante beira estrada, mas sem carteira assinada ou qualquer outro direito trabalhista, com os poucos trocados que recebia, juntou uma quantia e alugou um barracão com um cômodo mais o banheiro. Alguns anos depois, com uma situação mais digna, conseguiu uma bolsa de oitenta porcento de desconto para cursar direito, não era seu sonho de início, mas quando se aprofundou no mundo das leis, foi conquistada pelo mundo jurídico. Formada e com um emprego melhor, trouxe meu avô e minha tia para morar de vez na Espanha. Alguns anos depois ela se casou com meu pai.
— Preciso ir! Tenho uma reunião às 09:00.
— Ah, filho? ... Onde está o colar que pedi para você guardar?
— Colar? – Puxo na memória para recordar onde está a joia.
— O cordão com o pingente em formato de sol, é o presente de aniversário da Sol, sua prima.
Finalmente me lembro, o colar ficou no bolso do casaco!
— Está com Luna! Esqueci completamente disso.
— Você deu o colar da Sol para Lua?
— Está no bolso do casaco que emprestei para ela!
— Não iria me importar, mas é um colar feito sob medida para sua priminha. Ela o escolheu pessoalmente. Ligue para Lua, aliás, quem é ela?
— Lua é uma garota que conheci no parque, mas infelizmente não posso ligar!
— Por qual motivo?
— Não tenho o contato dela!
— Você é lerdo ou o quê? Conhece a garota e não pega o celular?
— Vou dar um jeito, não se preocupe! O aniversário é no sábado? – Mamãe concorda
— Ok, vou pegar o colar com ela!
— Convide-a para a festinha! Aí suas tias deixarão de te perguntar sobre as namoradinhas!

Minhas tias sempre questionavam sobre as namoradinhas, para elas era um insulto eu ter apenas relacionamentos casuais, sexo duro e sujo. Segundo elas, moço de família não fazia esses tipos de coisas, pobres e inocentes tias.


LUNA POV
— Vai mesmo trabalhar no escritório? – Lorrayne questiona pela terceira vez.
— Qual é o problema? Será só por alguns meses!
— Seu currículo ficará tão aleatório, espero que não a prejudique quando for trabalhar como médica! – Mamãe diz seria.
— Não vai, quando chegar o momento, será apenas relatado sobre os estágios e residência, não haverá vestígios de empregos anteriores.
— Quando pretende regressar a Barcelona? – Questiona na lata.
— No fim do próximo ano! – Beberico meu café morno.
— Está perdendo muito tempo, filha!
Permaneço calada, mas ela logo conclui.
— Por que não contou que tem um namorado? Foi por causa dele que voltou?
Sinto minha mente bugar, me pergunto de onde ela tirou essa ideia.
— Não adianta negar, Lucia me disse que você e o rapaz estavam aos beijos aqui na porta ontem, e tem um casaco masculino no seu quarto. – Diz sem fazer rodeio.
Meus olhos estão esbugalhados, espantada com o nível em que a língua da minha vizinha trabalha. Céus, foi apenas um beijo na bochecha e um abraço, nada mais. Imagine só se realmente tivéssemos nos beijado? A senhora fofoqueira ia nos acusar de atentado ao pudor.
— Acho que ela deve ter visto outro casal se beijando! Porque não teve nada disso! Eduardo é um amigo.
— Apenas amigos ou amigos que trocam saliva? – Lorrayne bota lenha na fogueira.
— Vou deixar sua mente brilhante trabalhar. – Ironizo.
— Não quero saber de safadeza na minha porta, entendeu Luna? Se realmente for namorar o rapaz, traga-o para tomar um café, sabe como os vizinhos são chatos, não vamos causar problema.

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