Capítulo Vinte

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Sina

Havia algo de errado com Noah. Eu tinha total certeza disso. Eu estava começando a desconfiar dele, da maneira de como agia. Mas eu estava totalmente cega por ele, achando que ele era o 'cara perfeito', que eu estava realmente apaixonada. Porém eu tenho certeza de que há algo errado com ele.

— Eu deveria falar sobre isso com alguém? — essa pergunta rodeava a minha cabeça. Deveria? Resolvo ir à casa de Noah para investigar, talvez seja a melhor coisa a se fazer, buscar por pistas. 

A minha casa. 

Por mais banal que pareça, não é. Noah nunca esteve aqui, essa casa é minha, e ele disse que Josh e ele eram amigos da faculdade. Na época da faculdade, Josh ainda morava na casa dos nossos pais, então não tem sentido algum Noah conhecer a minha casa como a palma de sua mão.

O Kit Médico.

Eu deveria me preocupar como algo tão estúpido como um kit de primeiros-socorros? Noah sabia onde estava, por mais que pareça loucura da minha cabeça, não é. Além do mais, o kit ficava escondido do meu banheiro, atrás do espelho, ele teria que levantar o espelho para pegá-lo. Eu tinha escondido lá porque haviam diversos medicamentos lá dentro então eu achei melhor guardar tudo em um lugar onde ninguém acharia.

O hospital.

Foi praticamente onde tudo começou. Ele começou com aqueles ciúmes estúpidos que não tinham sentido, e nós nos conhecíamos há um dia! Ele estava agindo como um psicopata obsessivo e possessivo.

Número anônimo.

Número anônimo? Me poupe! Aquilo era mentira! Ele estava me vigiando! Eu tenho certeza disso. Como ele poderia ser tão mentiroso a esse ponto? Não havia nada de anônimo naquilo, ele me persegui porque não tem confiança em mim.

Me machucar.

Ele sempre veio com aqueles papos estranhos de "não quero o seu mal", "se você morrer, eu morro também". Estranho né? Exatamente. O que ele quis dizer com isso? Se eu morrer ele também morre, porque eu alimento a obsessão que ele tem por mim. 

A senha.

A senha dele é o dia em que nos conhecemos. Mas eu tinha certeza da data, como eu não me lembraria de algo tão importante assim? Era tudo mentira dele, ele mentiu sobre tudo, desde que nos vimos pela primeira vez, absolutamente tudo que saiu de sua boca, não passava de mentiras dele.

Procuro por coisas da escola, de quando eu era mais nova. Ele só poderia me conhecer pela escola. Olho para as fotos do sétimo e do oitavo ano, e meus olhos param no garoto de cabelos castanhos e olhos verdes. Era ele. Era Noah. Ele estava olhando para mim e para o garoto ao meu lado.

O moreno olhava para eles com um olhar ardendo de raiva. O garoto estava com o braço em volta de minha cintura, e eu estava abraçando-o. O que parecia tê-lo deixado com raiva. Era ele! Eu o conhecia! Meus olhos estavam ardendo, e uma lágrima solitária desce pelo meu rosto.

— Noah... — sussurro, limpando aquelas lágrimas que insistiam em cair. Eu tinha que ir para a casa de Noah, eu tenho certeza de que ele não é que diz ser.

Noah

Ela desconfia de mim. Sina sabe que tem algo errado. Como eu pude cometer erros tão estúpidos? Ela não pode descobrir. Resolvo ir até a casa de Sina, mas afinal, o que eu falaria? Não sou o maluco que eu pareço ser, não sou possessivo, eu apenas te amo, mais do que deveria.

— Porra! — dou um soco forte no voltante, maldição! Ela não poderia descobrir. Acelero e paro na frente na casa. Penso no que poderia falar, era como decorar um texto para uma apresentação. Qualquer erro, poderia ser fatal para nossa relação. Eu tinha que dar um jeito de esconder meu nervosismo, que estava transparente no meu rosto. Respiro fundo e bato na porta da casa, vendo Joalin abriu.

— A Sina não está.

— Hum... Sabe onde ela foi?

— Na verdade, eu sei sim. Ela foi para o shopping, comprar algumas coisas, e disse que ia ter um dia de SPA. Aquela falsa nem me convidou! — a loira esbraveja zangada.

— Oh, sinto muito por isso. Eu vou atrás da minha namorada, espero que você não se importe. Se cuide.

— Você também, até mais. — ela fecha a porta e eu corro para dentro do carro, Sina não estava no shopping, ela foi para a minha casa. Eu estou mais fodido do que eu pensei. Não penso duas vezes em sair dali e ultrapassar o limite de velocidade. Parecia que a vida não estava ao meu lado hoje, já que vi o carro da polícia atrás de mim, com a sirene ligada.

— Puta que... — reclamo, vendo o policial fazendo sinal para que eu encoste. Encosto o carro no canto da rua, e vejo o polical vir até mim, e bater no vidro. Abaixo o vidro, morrendo de raiva, mas tento ignorar esse sentimento ao máximo.

— Vou ter de aplicar uma multa no senhor, sinto muito, mas você ultrapassou o limite de velocidade. — ele anota algo naquele papel estúpido e me entrega.

— Na próxima vez, terei que apreender o seu veículo.

— Não terá próxima vez. — fecho o vidro e acelero, com o ptokicual ainda na minha cola. Eu não poderia chegar rápido dessa forma!

Sina

Uma passagem secreta. Clichê não? Vasculhei a casa toda, em alguns minutos, não foi algo tão demorado como eu pensei. Entro naquele lugar minúsculo e me assusto com o que vejo.

— Aí meu Deus... — as lágrimas saem sem parar, como ele pôde? Eram fotos minhas! Ele me espionou a vida toda. Tinham fotos de todos os namorados que eu já tive, até namoradinhos da infância.Minha família, eu os coloquei em risco namorando com um psicopata. Como ele poderia ter descoberto tudo isso? Os meus horários de saída da faculdade, do trabalho, o nome de cada uma das minhas alunas. Eu não... Ele é doido! Ele me tratou como uma cobaia por quase 10 anos!

Saio dali rapidamente, eu não poderia ficar mais um minuto perto dele. Assim que eu saio, vejo o carro de Noah. MERDA! Ele vai me matar aqui mesmo. Tento me esconder, mas não havia espaço. Todos os espaços estavam com coisas ocupando-os. Era como se ele já estivesse esperando por minha visita.

— Sina, Sina, Sina... — ele se aproxima, passando a mão em meu rosto.

— Sai de perto de mim! Você é um psicopata! — empurro a sua mão para longe. Lágrimas ainda caiam pelo meu rosto, eu não sabia como me sentir.

— Psicopata? Não. Psicopatas não tem sentimentos, e eu amo você Sina Deinert.

— Você não me ama! Você é obcecado por mim! Acha que eu sou um objeto sobre qual você pode ter posse? Eu não sou seu brinquedinho. Desista de mim! Fique longe da minha família!

— Você não pode fugir de mim! Eu te amo, e afinal você é minha Deinert, sempre foi. — ele me agarra pela cintura e eu o empurro, o arranhando. Mas não foi o bastante, já que eu consegui tropeçar em minhas próprias pernas, enquanto Noah me puxou por trás. A garrafa de vinho bate em seu rosto, o cortando. Aproveito para sair correndo dali, o mais rápido possível.

— Você é minha porra!

— Quem decide isso sou eu, não você. E tem mais, eu sou dona de mim mesma, seu maluco! — grito batendo a porta com todas as forças, torcendo para que Noah não vá atrás de mim.

•••••••••

Fim.

Mentira, não é o fim, mas ele já está bem próximo. :)

𝑷𝑶𝑺𝑺𝑬𝑺𝑺𝑰𝑽𝑬 𝑳𝑶𝑽𝑬 • 𝘯𝘰𝘢𝘳𝘵Where stories live. Discover now