Capítulo 11

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"All smiles, I know what it takes to fool this town
I'll do it 'til the sun goes down and all through the night time."

Unstoppable - Sia

Yasmin Medeiros

Sinto Theo me segurar enquanto eu continuo fingindo meu desmaio. Pensando bem acho que eu também daria uma ótima atriz, acho que já tenho muita experiência, por viver todos os dias um papel que não é meu.

Ele pragueja algumas palavras num tom tão baixo que eu nem consigo entender. Ele está bem puto e eu nem me atrevo a abrir os olhos, quero ver até onde isto vai chegar. Só rezo para que ele não se lembre de me levar a um hospital só por causa de um desmaio, eu quero mesmo é conhecer a casa dele e pensar já no próximo passo.

Depois de algum tempo, provavelmente pensando numa solução, ele abre a porta do carro e me pousa no banco traseiro. Será que estou em sarilhos? Acho que não, eu não sei o porquê mas acho que ele não faria nada de mal comigo. Eu não fingiria isto com qualquer pessoa.

E se ele for um psicopata? Eu o mataria primeiro. Ideias loucas continuam navegando pela minha cabeça mas eu tento manter a calma enquanto continuo fingindo.

Ele bate a porta com força, entra no seu lugar e logo sinto o carro arrancando. Ah o que me passou pela cabeça? Agora não posso simplesmente acordar então forço meu olhos a permanecer fechados. Dá para perceber que o apanhei de surpresa pois ficou completamente perdido sem saber o que fazer.

Depois de um percurso não muito demorado e numa velocidade bem acelerada ele finalmente para o carro e sai. Já estava ficando enjoada, o desmaio é falso mas eu realmente me sinto maldisposta por causa da quantidade de bebida alcoólica que ingeri. Tenho que me controlar da próxima vez.

Entretanto do lado de fora posso escutar os passos impacientes de Theo para todas as direções enquanto fala no celular.

- O condómino é grande então eu não faço a mínima ideia onde ela vive! - Theo está falando com alguém sobre a minha situação e posso sentir um pouco de preocupação ou talvez desespero na sua voz.

E eu só tenho vontade de rir, mas me controlo ao máximo. Adoro brincar com as pessoas.

Ele continua:

- Vou fazer isso, quem sabe ela acorde em pouco tempo e vá para casa. - ah afinal ele quer se ver livre da minha presença.

Ele realmente não gosta de ser incomodado por ninguém, ai que peninha, mas só por isso vou continuar.

Já consigo imaginar o luxo da sua mansão e como deve ser maravilhoso viver assim, mas ao mesmo tempo a minha cabeça fica confusa pois eu realmente não entendo como um homem sendo tão rico como ele está sempre com aquela cara fechada, se eu estivesse no seu lugar estaria sempre feliz por estar rodeada de luxo e ter tanto dinheiro para gastar no que eu quisesse. Esboço um sorriso só de imaginar.

Saio dos meus pensamentos com o barulho da porta se abrindo e então mais uma vez esta noite sinto as mãos de Theo me puxando delicadamente e me carregando. Sim era isto que eu queria pois posso sentir o silêncio da noite e mesmo de olhos fechados sei que não estamos em um hospital. Que sorte.

Theo caiu como um patinho e mesmo sem perceber está fazendo o que eu quero. Estes poucos dias que o conheço tenho o observado bastante enquanto está distraído trabalhando e ele parece um robô, literalmente, uma máquina programada, só vive para o trabalho, é dos primeiros a chegar à empresa e quase sempre o último a sair. E até neste evento passou horas falando de futuros projetos, Deus me livre deste homem falando comigo sobre trabalho. Eu ficaria logo com sono.

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