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Íris

Passei pela revista, tudo certo e entrei.

Me sentei na mesa de sempre, bem afastada de todo mundo.
Alguns minutos aguardando e o Perigo chegou e se sentou na minha frente

Perigo: Eae, mina. - pegou a bolsa com as marmitas- Tá bem? -assenti

Íris: Tua mãe veio falar comigo esses dias. -falei olhando pra ele -Tu quer me dizer algo? -cruzei os braços e me encostei na cadeira

Perigo: Tenho nada pra fala pra tu não. - abriu os potes - E tu, tem algo pra falar pra mim? -encarei e fiquei em silêncio - Quem cala consente, manda o papo reto logo.

Íris: Só para deixar claro, eu não sou tua informante ou nada do tipo. -falei séria e ele assentiu - O Gordo perguntou de tu.

Perigo: E perguntou o que? - cruzou os braços me encarando

Íris: Se por um acaso tu falou dele.- ele arqueou uma sobrancelha - E eu disse que não.

Perigo: Como eu vou confiar em tu? -f alou sério

Íris: Eu não to pedindo pra você confiar em mim, só disse o que aconteceu. Não era nem pra estar fazendo isso, ate porque estou aqui apenas para te visitar. - desviei o olhar- Agora se tu quiser acreditar ou não, é um particular teu. 

Perigo: Tu e toda arrogante, né mina? -fechou a cara

Íris: Arrogante não, Perigo. Nenhum momento disse pra tu confiar em mim ou algo do tipo, até porque quem quer saber o que está  rolando lá fora é tu, não sou eu não. - ele bufou- Bom, se tu não acredita, posso fazer nada!

Perigo: Tu acha que tá falando com otário, mina? - se aproximou do meu rosto com a cara fechada - Tá falando com bandido porra, né otário nenhum não!

Me afastei um pouco e engoli em seco.
Coração parecia escola de samba.

Perigo: Tu vai fazer os bagulho pra mim sim, tentei ser namoral nessa porra contigo, mais não pode da mole pra piranha não! -bateu na mesa

Íris: Perigo, eu não trabalho pra você, o que eu tenho que fazer é apenas te visitar nos dias e nada mais. - falei mantendo a postura - Seu tu quiser alguma coisa, vai ter que pagar.

Perigo: Tu já tá sendo paga, mina. Dez mil, essa porra de dinheiro saí do meu bolso.- bateu a mão no peito - Tu tá trabalhando pra mim sim, não é pra outro não.

Íris: Esse dinheiro que está sendo pago é porque estou vindo aqui, nada mais! - falei séria com o cú na mão - Eu já te disse que não vou fazer nada além disso. 

Perigo: Tu que me chegue aqui na próxima visita sem nenhuma informação, te mato aqui mermo. - começou a comer - E se não aparecer vai ser pior.- apontou o dedo na minha cara - Escutou o que eu to falando né, piranha? - respirei fundo e concordei 

Íris: Como tu quer que eu me aproxime do Gordo? Não tem como não. -falei desesperada

Perigo: Da teus pulo, mina. Se liga, caralho! - falou rude

O menina pra ser fodida na vida sou eu.

Fiquei o resto da visita em silêncio e pensando em um plano.
Sirene tocou, isso quer dizer que graças à Deus a visita com esse praga acabou.

Recolhi os potes, coloquei na sacola e saí sem me despedir.
Nem olhei para trás, a minha vontade agora é de sumir.

Até então visitar ele estava de boa, agora o maldito quer me obrigar a fazer os bagulho pra ele.
Primeiro que nem dinheiro na minha conta tá caindo né, se eu tenho algum centavo é porque eu ralo a semana inteirinha pra ter o meu.

Acho tudo isso um desafio, mas também não posso contar meu acordo com o Gordo, se não quem se fode é a minha irmã.

Saí do presídio depois de todo o processo de liberação e fui andando até o carro.
Uma caminhadinha.

Entrei no banco do passageiro, fechei a porta, joguei a sacola no banco de trás e coloquei o cinto.

J2: Que foi que está com essa cara de cú aí? - olhei pra ele de cara fechada

Íris: Esse preso do caralho, conseguiu tirar a minha paciência. -bufei

J2:O que ele fez pra tu? - deu partida no carro

Íris: Posso confiar em tu? -olhei pra ele

J2: Claro, pô. Sou fofoqueiro, mais nem tanto. Tlg na medida certa. -ri

Íris: Ele quer que eu me aproxime do Gordo pra pegar alguma informação. - olhei pela janela a paisagem -Como eu vou fazer isso eu não sei, porque uma coisa que eu jamais faria é me envolver com aquele lixo.

J2: Puts...-passou a mão no cabelo - Vo vê um jeito pra ajudar tu, pode crê?

Íris; Isso só não pode sair daqui em, o bagulho tem que ser entre nós dois. - falei séria

J2: Claro que é entre nois dois né, Íris. Fica tranquila meu, vou tentar da um jeito pra aliviar essa pra tu. - assenti de leve

Íris; Obrigada. - sorri

J2: Nois já é família, caraí. - ri do jeito que ele falou

Íris; Só por isso tu está convidado pra ir almoçar lá em casa quando quiser. - ele me olhou sorrindo - Papo reto, só me avisa antes pra preparar o rango pra tu.

J2: Demorô, demorô.- falou animado

Gosto dele, da presença dele, é um cara incrível.
Mo marra de mal, ai quando tu conhece, percebe que é um bobão, claro né, tudo tem um limite.


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