83

20.9K 1.5K 110
                                    

Íris 

Passei a noite em claro. 
Estava agoniada aqui dentro, fiquei a noite todinha indo de uma lado para o outro. 

Agora eu me pergunto, como o Perigo conseguiu ficar quatro anos preso sem enlouquecer?
Porque eu nem fui pra cadeia, estou no Deck ainda e já estou quase batendo a cabeça na parede. 

Parece que a hora não passa aqui dentro. 
Inclusive, hoje é o último dia do ano. 

Vou te um excelente ano novo! 
Já terminei bem e vou começar melhor ainda. 

-: Sua advogada chegou. - abriu a cela

Levantei rápido e caminhei até ele. 

-: Preciso colocar algemas? - neguei - Então vamos. - colocou a mão no meu ombro 

Fechou a cela e me guiou até uma salinha. 
Entrei e a advogada já estava sentada. 

Ela me olhou, sorriu e se levantou. 

-: Bom dia, Íris! - se aproximou e estendeu a mão, cumprimentei a mesma 

Íris: Oi, doutora. - falei desanimada - Me diz que tu vai ser a minha salvação. 

-: Senta, vamos conversar e entender o que houve. - assenti e me sentei - Me chamo Renata. - sentou na outra cadeira - Quero que tu me conte tudo e não minta sobre nada. 

Íris: E alguém estiver nos escutando. - olhei para os lados - Não posso ficar aqui, doutora! 

Renata: Não tem ninguém escutando a gente, não podem fazer isso. - assenti mais tranquila - Agora me conta tudo. 

Íris: Olha, sinceramente eu nem sei quais são os crimes que ele cometeu...não tenho a mínima ideia. - ela concordou - Tive um acontecido e fiz um acordo com o amigo dele, comecei a visita-lo, foi assim que nos conhecemos. Mas não tenho envolvimento nenhum com a fuga dele ou nada de errado que ele tenha feito. 

Renata: Certo, o que você disse para o delegado? - olhou alguns papéis - Vi que vocês tiveram uma conversa. - assenti 

Íris: Eu disse que nos conhecemos através de uma amiga em comum e ela me apresentou ele como Samuel. - ela concordou - Disse que não sabia do envolvimento dele com o crime. 

Renata: As vezes precisamos ocultar a verdade. - fechou a pasta - A minha intenção é abrir um habeas corpus, mas vou ser sincera, juiz só vai querer saber ano que vem. - passei a mão no rosto nervosa - Eu tenho uma relação de amizade com o Delegado Danilo, vou tentar conversar com ele sobre a sua situação. - concordei - Provavelmente eles vão chamar você para o interrogatório novamente, eu estarei presente agora, mas peço que lembre de tudo o que foi dito, você não pode cair em contradição. 

Íris: Pode deixar, doutora. - respirei fundo - Estou treinando a minha mente. 

Renata: O Samuel pediu para avisar que está e vai fazer de tudo para te tirar daqui logo. - sorri com lágrimas nos olhos 

Íris: Fala pra ele que eu mandei ele sumir, doutora. - ela assentiu e se levantou - Diz que eu estou bem e que esse mal entendido será resolvido logo...mesmo que seja mentira. 

Renata: Vou avisar sim. - pegou as coisas dela - Vou ir conversar com o delegado. 

Íris: Tá bom, doutora...muito obrigada. - me levantei e caminhei até a porta 

O policial abriu e me levou até a cela. 

Por mais que quero sair daqui o mais rápido possível, tenho que ser realista. 
Acredito que infelizmente vou ter que passar alguns dias aqui. 

...
Perigo 

J2: Acho melhor tu sumir por um tempo. - sentou na cadeira de frente para a minha mesa - Deixa que eu resolvo. 

Já estava na CDD. 
Não consegui dormir e nem comer direito. 

Estou preocupado com ela e arrependido por ter inventado essa viagem. 

Perigo: Já disse que não vou pra lugar nenhum até conseguir tirar ela daquele lugar! - falei estressado - Só vou dar um sumiço quando estiver com ela. 

J2: Isso é burrice, Perigo. - respirei fundo - Estou falando como conselho de amigo, se invadirem aqui, eles vão fazer de tudo pra levar a sua cabeça junto. 

Perigo: Essa foi a vida que eu escolhi. - ele negou - J2, namoral mermo? Me deixa em paz! 

J2: Caralho, Perigo. - bateu na mesa - Tu tá sendo burro, parceiro. - gritou - E tu sabe bem. bandido burro, morre! - se levantou - Quando tiver um pouquinho de inteligência, tu me procura. - caminhou até a porta - Da licença.

Joguei tudo o que estava em cima da mesa, no chão. 
Acabou voando uma foto, me levantei e peguei. 

Era uma foto dela. 
Gordo me mandou, antes dela ir me visitar. 

Sorri fraco lembrando dos nossos momentos. 
Me sentei na cadeira novamente ainda olhando a foto. 

Ela é muito linda. 
Nunca vi na minha vida alguém com a beleza dessa mulher. 

Não quero que ela fique longe, ainda mais no lugar que ela está agora. 

Meu celular vibrou, peguei do bolso e vi que é uma ligação da advogada. 

Perigo: Boa tarde, Renata. - falei logo que atendi - Conseguiu resolver? 

Renata: Boa tarde, Pierre. Ainda não consegui resolver. - passei a mão no rosto - Só estou ligando para dar noticias sobre ela. 

Perigo: O que ela falou, doutora? - perguntei preocupado 

Renata: Disse que está bem e é para você sumir, da um tempo de tudo. 

Perigo: Não posso deixar ela. - suspirei - É complicado...

Renata: Pierre...te conheço a muitos anos e sei que você está amando, que quer ver ela bem e ao seu lado, mas você só vai conseguir ter ela ao seu lado, se conseguir se proteger também. - me encostei na cadeira aflito - Cuida de você e deixa que eu cuido dela. 

Perigo: Mas eu não vou ter paz, doutora. 

Renata: Desde quando tu escolheu seguir nessa vida, tu sabia que nunca ia ter paz...eu estou cuidando de tudo e ela pediu para você sumir, depois que essa tempestade passar, vocês se encontram! 

Perigo: Tudo bem, doutora...- respirei fundo - Vou sumir por um tempo, quem vai ficar no comando é o J2, qualquer bagulho tu fala com ele. - ela concordou - E cuida dela para mim, por favor. 

Renata: Eu já estou cuidando, não se preocupe! 

Perigo: Obrigada! - desliguei 

Não sei para onde eu vou, mas só vou sumir porque ela pediu. 
Preciso cuidar da minha segurança, para quando ela estiver aqui, isso não acontecer novamente. 




Visita íntimaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora