we never change

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[nós nunca mudamos]

LORI

— Ouvi dizer que o Nick chorou que nem um bebê ontem na festa da fraternidade. — o Oliver comentou enquanto pegava uma batata frita do seu prato.

Eu revirei os olhos.

— E você acreditou? — eu retruquei, tomando um gole do meu suco.

— É verdade. — a Becky informou ao colocar a bandeja dela sob a nossa mesa — Eu participei dessa tour.

— E por quê ele estava chorando? — o Oliver indagou.

— Provavelmente porque alguém feriu seu ego inflado. — eu caçoei, sem humor.

— Sim, você. — a Becky disparou enquanto abria a latinha de refrigerante à sua frente — Ele estava chorando por causa de você, Lori.

Senti meu coração saltar uma batida e me odiei instantaneamente por permitir que o Nick ainda causasse esse tipo de efeito sobre mim.

Por mais que eu tivesse essa postura confiante e essa nova pose de durona, eu não podia mentir pra mim mesma e sabia que meu coração ainda pertencia à ele — mesmo depois de tudo que ele me fez passar.

Talvez porque a conexão que tivemos juntos não se igualava a nada que eu tivesse experimentado antes. Talvez porque o sexo tivesse sido incrível. E talvez porque eu estivesse completamente apaixonada por ele.

Isso não era algo que eu pudesse controlar.  Se eu pudesse dizer ao meu coração o que sentir, as palavras exatas que ele ouviria de mim seriam "Pare de ser idiota e de pensar em Nick Hayes, pois ele não te merece."

Mas pra minha infelicidade, não era assim que funcionava.

— Só eu acho homens chorando afrodisíaco? — o Oliver questionou, interrompendo meus pensamentos — Quero dizer, tem coisa mais linda do que ver um gato como o Nick chorando pela garota que ele gosta?

— De onde você tirou isso, Oli? — eu respondi — Todos aqui sabemos que o Nick não gosta e nunca gostou de mim. Provavelmente é tudo teatro da parte dele. Acredite, ele é muito bom nisso.

— Não foi o que eu ouvi ele dizer. — a Becky informou — Ele estava bem mal por conta de tudo que aconteceu.

— De que lado vocês dois estão? — eu perguntei num leve tom de brincadeira.

— Do seu, claro. — a Becky respondeu — Só estamos comentando os fatos.

— Ou fazendo fofoca, se você preferir chamar assim.— o Oliver complementou — E por falar em fofoca, sobre o que você e o Thomas tanto conversavam ontem?

— Nada demais. — eu respondi — Ele estava sendo gentil e me apresentou pra alguns amigos dele.

— O Thomas é tão culpado quanto o Nick nessa história toda. — a Becky falou casualmente, levando o garfo até a boca.

— Quem mentiu pra mim desde o princípio foi o Nick, e quem me usou pra conseguir o que queria também foi ele. — eu expliquei o óbvio — Eu também odeio o Thomas com todas as minhas forças pelo que ele me fez. Mas eu jamais vou conseguir odiar tanto alguém com odeio o Nick.

— Então talvez você devesse cortar os dois da sua vida. — o Oliver sugeriu — Os dois são igualmente errados e não há sentido em você ser amiga de um e não do outro.

— Sim, há todo o sentido do mundo. — eu informei — Quando a decepção corta tão fundo, alguém tem que pagar. 

__________

NICK

Eu praticamente não havia dormido nada na noite passada — e não digo isso por causa do barulho ensurdecedor que vinha do andar de baixo, mas sim por causa da minha cabeça, que não me dava um minuto de paz.

Meus pensamentos me traíam e eu simplesmente não conseguia controla-los. Passar a noite em claro imaginando a Lori com o Thomas foi uma das piores experiências que já tive a oportunidade de vivenciar.

Eu estava perdido e sozinho. Sim, sozinho, porque por mais que eu tivesse o Brandon e os meus outros amigos, nenhum deles sabia como era estar na minha pele. E nem digo isso pra me fazer de vítima, porque eu tinha plena convicção dos meus erros e dos meus poucos acertos com a Lori. Mas era realmente difícil ter que levantar toda manhã e enfrentar as consequências dos meus atos.

A única coisa que ocupava minha mente eram as aulas e os plantões no posto médico. Aqueles eram os únicos momentos do dia em que eu conseguia não pensar nela. Nem nos treinamentos do time eu conseguia tal proeza, porque pra qualquer lugar que eu olhasse, eu lembrava dela: lembrava de como ela ficava linda com o azul da minha jaqueta do time, ou de como ela amava e entendia de futebol.

Pela noite era geralmente quando meu pesadelo começava. Sozinho, no meu quarto, todos os pensamentos que eu tanto evitei durante o dia me invadiam em cheio, tomando todo e qualquer espaço possível dentro de mim. Ela era onipresente. Pra todos os lugares que eu olhava, lá estava Lori Mackenzie pra me atormentar. Eu já estava ficando maluco.

Calcei meus tênis de corrida e saí decidido de casa. Eu nem me importava se já passava das onze da noite — aparentemente, todo o meu senso crítico tinha ido embora nos últimos dias. Eu só precisava de alguns minutos de paz, e sair pra correr a noite sempre foi uma das minhas atividades preferidas no campus. Mas ultimamente nem aquilo parecia melhorar o meu estado de espírito.

Dois quilômetros depois o ar já estava faltando no meu pulmão, e eu sabia que aquilo não tinha nada a ver com o meu condicionamento físico, porque eu estava acostumado a correr entre nove a onze quilômetros por partida.

Tinha a ver com ela, e eu nem podia mentir pra mim mesmo a respeito disso. Senti meus olhos marejarem novamente e me apoiei no corrimão de uma escada no meio do percurso. O ar parecia rarefeito e instantaneamente comecei a hiperventilar. Me sentei em um dos degraus e esperei que as lágrimas molhassem o meu rosto novamente.

Pelo menos, daquela vez não havia ninguém pra assistir. Apoiei meus cotovelos nos meus joelhos e, com as mãos no rosto,  aguardei pacientemente até que eu me acalmasse. Quando eu era criança, costumava ter crises de pânico que se assemelhavam ao que eu estava sentindo naquele momento, então sabia exatamente como proceder naquela situação.

Não havia nada que eu pudesse fazer para evitar aquilo. Eu só podia esperar que passasse e ter paciência comigo mesmo até que isso acontecesse. E assim eu fiz.

Passei longos minutos sentado na escada esperando que minhas lágrimas secassem e que minha respiração se normalizasse. Mas no fundo, eu sabia que não podia viver mais assim. Não podia mais viver chorando pelos cantos ou me lamentando pelos erros que havia cometido.

Estava na hora de esquecer a Lori ou de lutar por ela. E, honestamente, eu não estava nem um pouco preparado para escolher a primeira opção.

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