viva la vida

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[viva a vida]

NICK

O período de férias certamente tinha dado uma energia extra, pois todo mundo havia praticamente se matado de estudar para as provas finais. Alguns haviam feito uma viagem de verão, outros haviam permanecido no campus durante os feriados festivos e outros ido para casa passar um tempo com a família. Eu me encaixava neste último grupo.

Eu havia nascido e sido criado em São Francisco, que ficava há pouco mais de seiscentos quilômetros de distância de Los Angeles. Eu havia sido destaque do time de futebol durante todo o ensino médio em São Francisco, o que me rendeu uma bolsa de estudos na UCLA.  Desta forma, ao ser aprovado em medicina pela Universidade, eu tive que me mudar para o local.

Isso não impedia, contudo, que eu visitasse minha família nos feriados, férias, datas comemorativas ou em qualquer outra oportunidade. A viagem de carro era de um pouco mais de seis horas e felizmente eu tinha uma ótima relação com minha mãe e meus irmãos - Noah e Nina.

Noah era cerca seis anos mais velho do que eu e sempre quis seguir a carreira política, guiado por nosso pai, que era congressista. Ele era, praticamente, o exemplo de filho perfeito que meu pai gostaria de ter: havia estudado Ciências Políticas em Harvard, estava noivo aos vinte e seis anos e era assessor de um famoso senador em São Francisco.

Apesar da grande diferença de idade, eu e o Noah sempre nos demos bem. O meu problema maior sempre foi o meu pai, e isso somente piorou quando eu informei que, ao contrário do que ele desejava, queria ser médico.

Minha relação com meu pai não era um total fracasso, mas também não podia ser definida como uma relação tranquila. Havia afeto entre nós, mas isso não nos impedia de nos engalfinhar de vez em quando. Acho que isso até que era meio normal entre pais e filhos.

Minha mãe, por outro lado, sempre aceitou muito bem todas as minhas escolhas e sempre me encorajou, apesar de isso irritar profundamente o meu pai, e isso sempre fez com que eu fosse mais próximo dela do que dele. Eles até que discutiam de vez em quando por conta disso, mas isso não chegava a ser um problema para o casamento deles, que era considerado perfeito por toda a vizinhança.

Aliás, eu não conhecia um casamento de algum político que não fosse perfeito.

Quanto à Nina, bem... ela era o maior presente que eu já havia ganhado na vida. Ela tinha apenas cinco anos de idade e minha mãe não estava planejando outro filho quando engravidou dela, aos quarenta e três anos. Ela era bem nova quando engravidou do Noah e achou que tinha encerrado os trabalhos comigo, mas a Nina apareceu pegando todos nós de surpresa e nos preocupando, afinal, uma gravidez aos quarenta e três tinha seus riscos.

No final das contas, tudo correu bem, a Nina nasceu e tudo fez sentido naquele momento: ela tinha vindo até nós para colorir os nossos dias. Apesar disso, e do amor incondicional que todos, principalmente eu, sentíamos por ela, depois que ela nasceu minha mãe ligou as trompas, para não correr mais nenhum risco.

O fato é que passar as férias do primeiro ano da faculdade em casa foi bom, apesar de, naturalmente, trazer algumas discussões com meu pai. De qualquer sorte, pude rever antigos amigos, conhecer novas garotas e passar um tempo com minha família.

Mas agora eu estava de volta, parado em frente ao chafariz da entrada principal da Universidade e vestindo meu inseparável casaco azul e amarelo do time de futebol. O campus da Universidade parecia mais agitado do que nunca. Eu me lembrava do meu primeiro dia na UCLA no ano passado, mas eu não me recordava de ter visto tantas pessoas animadas reunidas num só lugar.

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