all i can think about is you

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[tudo que eu consigo pensar é você]

NICK

Dizer que eu estava na pior depois de tudo que aconteceu com a Lori seria um eufemismo.

Eu ficava repassando na minha cabeça todos os detalhes sórdidos e dolorosos da manhã anterior na fraternidade. A cada lembrança, uma alfinetada atingia em cheio o meu peito. Queria poder esquecer que aquilo aconteceu. Queria poder acordar e descobrir que tudo não passou de um maldito pesadelo.

Mas não. Tudo que eu conseguia pensar era nela, e em como eu havia conseguido machuca-la de mil maneiras diferentes com minhas atitudes. Eu tinha sido o maior babaca de todos os tempos com uma garota incrível, que não merecia ter sido humilhada na frente de todos por minha causa.

E eu tinha consciência disso. Tinha consciência de que minhas atitudes haviam sido as piores possíveis, e que as mentiras que eu havia contado pra ela haviam sido de uma covardia sem tamanho. Tinha também consciência de que todo o sofrimento que eu estava passando naquele momento era exclusivamente por minha culpa.

E isso tornava tudo pior. Saber que, se eu não tivesse sido um completo idiota, poderia estar junto dela naquele momento. Ela ainda poderia estar na minha cama me observando dormir, ou podíamos passar mais uma noite observando as estrelas do meu telhado, ou podíamos, simplesmente, andar de mãos dadas pelo campus, se eu não fosse simplesmente o maior imbecil, babaca, estúpido, presunçoso, egoísta e idiota de todos os tempos.

Mas o que mais me machucava não era a dor que eu sentia por te-la perdido. Embora aquilo me atingisse de uma forma que eu jamais havia imaginado antes, não era isso que me martirizava. Era saber que, não importava o quanto eu estivesse me sentindo mal e triste por tudo que tivesse acontecido, com certeza ela estava se sentindo pior.

E ter a consciência de que eu poderia ter machucado a Lori — simplesmente a garota mais incrível que eu já havia conhecido na vida — me causava um embrulho no estômago que eu nem era capaz de explicar.

Talvez, se eu tivesse sido honesto com ela quando comecei a me apaixonar, as coisas não tivessem tomado esse rumo horrível que tomaram. Talvez, se eu tivesse contado pra ela sobre essa maldita aposta, e sobre como aquilo não influenciava em nada na forma que eu me sentia por ela, ela tivesse me perdoado e ainda estivéssemos juntos.

Mas não. Duas grandes pedras no meu caminho chamadas "Thomas" e "Mandy" transformaram a minha vida num verdadeiro pesadelo. Eu sentia vontade de matar os dois. Mas nada do que eu fizesse poderia diminuir a dor da Lori, e isso era um verdadeiro castigo pra mim.

No início, eu não sabia como me sentia por ela. Mas agora, as coisas estavam cristalinas como água, e antes de tudo desmoronar, eu não sabia exatamente onde as coisas iriam dar entre nós dois, mas sabia que eu estava apaixonado e que queria ela ao meu lado.

Mas depois de tudo ter acontecido da forma que aconteceu — a humilhação na frente de todos na fraternidade, o post da Mandy no Instagram oficial do time e todo o alvoroço que isso acabou causando —, eu sabia que as chances de isso acontecer eram praticamente impossíveis.

Eu tinha estragado tudo. Se a Lori já era desconfiada, arredia e difícil antes que tudo isso acontecesse, imagina agora, depois de toda exposição.

E era exatamente por isso que eu estava parado ali, no meio do corredor do seu dormitório há quarenta minutos, pensando no que dizer e em quantas línguas diferentes eu pediria perdão assim que eu finalmente criasse coragem de bater na sua porta.

Mas quando finalmente tomei um fôlego e consegui dar três leves batidas na porta, não foi a Lori quem me recebeu.

— O que você está fazendo aqui? — a Becky disparou, impaciente, ao abrir a porta.

Atrás dela, o Oliver estava parado de braços cruzados no que era provavelmente a pose mais durona que ele conseguia fazer.

— Preciso falar com a Lori. — eu praticamente implorei — Sei que ela deve estar chateada, mas...

— Chateada? — o Oliver riu sem humor — Você tá de brincadeira, Nick? A Lori não está chateada! Ela está arrasada! E a culpa é toda sua!

— Eu sei, Oli. — admiti — Sinto muito por isso, mas preciso conversar com ela.

— Não,  você não precisa! — a Becky gritou, me dando um pequeno empurrão logo em seguida — A Lori é uma pessoa boa, Nick! Ela tem o coração enorme e é provavelmente a pessoa mais gentil que eu já conheci! Como você pôde fazer isso com ela?

Eu não respondi, tentando engolir o nó que se formou na minha garganta. Meus olhos ficaram marejados e fiz uma força sub humana pra que minhas lágrimas não caíssem ali, na frente dos dois.

Eram raras as vezes em que eu chorava, principalmente na frente de outra pessoa. E saber que aquilo estava prestes a acontecer só me fazia ter mais certeza ainda do quanto eu estava arrependido por ter feito a Lori sofrer.

— Você é um idiota. — a Becky disparou mais uma vez — Você tirou vantagem do que ela sentia. Que tipo de pessoa faz isso?

— Não foi o que aconteceu, Becky. — eu respondi, finalmente recobrando a minha voz — Eu gosto da Lori. De verdade. Eu não a conhecia quando aceitei a aposta com o Thomas, mas depois eu pude ver o quanto ela era especial. E eu preciso que ela saiba disso. Preciso que ela saiba que a aposta não muda em nada o que eu sinto por ela.

— Você só pode ser um idiota se pensa mesmo isso, Nick. — o Oliver retrucou — A aposta muda tudo.

— A Lori foi humilhada na frente de todo mundo por sua causa. — a Becky complementou, ainda furiosa. Apesar dela ser bem baixinha, eu sentia que ela poderia voar em meu pescoço a qualquer momento — Você está feliz com isso? Conseguiu o que queria?

— Eu pareço feliz pra você? — eu indaguei.

Os dois ficaram em silêncio, porque pelo estado que eu estava, a resposta para aquela pergunta era muito óbvia.

— Eu só... — continuei falando — Só preciso conversar com ela, está bem? Se ela disser que nunca mais quer olhar na minha cara, ou que não quer me ver nem morto, eu juro que vou respeitar e não vou mais perturba-la. Mas preciso muito tentar.

— A Lori não está aqui, Nick. — o Oliver finalmente falou.

— Pra onde ela foi? — eu retruquei.

— Pra bem longe de você. — a Becky disparou.

Passei as mãos no rosto, tentando esconder a minha frustração.

— Tudo bem. — eu respondi, entendendo o recado.

Nenhum dos dois ali me ajudaria a encontra-la, especialmente sabendo que isso era a última coisa que a Lori gostaria de fazer naquele momento.

— Se vocês falarem com ela, podem dizer que eu sinto muito? — eu pedi.

— Sim, temos certeza que sente. — a Becky ironizou — Deixe a Lori em paz, Nick. É o mínimo que você pode fazer depois de tudo que fez ela passar.

Eu assenti, embora derrotado.

— Certo. — eu respondi — De qualquer forma, obrigado.

Dei meia volta no corredor e dei alguns passos antes de ser chamado novamente.

— Ei, Nick? — o Oliver me chamou.

— Sim? — eu respondi, olhando pra trás.

— Só pra deixar registrado, se a Lori decidir matar você, saiba que eu e a Becky daremos cobertura e a ajudaremos a esconder o seu corpo. — ele informou.

A última coisa que ouvi, em seguida, foi o som estrondeante da porta batendo, apenas para confirmar o que pra mim já era óbvio: eu não merecia a ajuda nem a compaixão de ninguém.

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