Sai da França na tentativa de ser feliz e fazê-la feliz, já tinha tudo programado...
Londres, nosso novo destino, nosso novo caminho da felicidade, me dividir entre trabalhar e cuidar de minha irmã e era apenas nisso que iria focar até ele aparecer...
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Recomeço...essa é a nova palavra que está em minha mente desde o dia em que peguei minhas economias, minha mala e de minha irmã e segurando ela entrei no táxi e dei adeus a todo sofrimento que estávamos passando.
Para quem olha para mim e Agnes pensam que somos mãe e filha e apenas confirmo, consegui fazer o registro de Agnes como minha filha, nossa mãe se foi...se tornou uma estrelinha e ao homem que ela tanto amava? Esse está preso temporariamente e precisava sair de lá antes que ele retornasse e acabasse com nos duas como ele acabou com a mamãe.
Há cerca de quase noves meses atrás nossa mãe se foi, o parto foi complicado e ela pediu aos médicos que a registrasse como minha filha. O médico responsável sabia o que mamãe passou nas mãos daquele homem, mas nada podia fazer, não quando poderia colocar nossa vida em risco e a minha rainha preferiu dar sua vida para que em troca eu e minha pequenina pudéssemos recomeçar e é isso que vamos fazer.
Se me pararem e perguntarem minha idade e se a pequena Agnes é minha filha, tudo já sai no automático... Então para aqueles que não me conhecem irei lhes apresentar.
Me chamo Mackenzie Cooper, tenho 19 anos e me tornei mãe aos 18 ainda, terminei meus estudos aos dezesseis por ter iniciado os estudos muito nova e neste momento estou em um avião com minha pequena Agnes dormindo em meu colo.
Trabalhava desde os meus 14 anos, queria ser independente, queria tirar minha mãe e meu pai da miséria que vivíamos e por isso cada centavo que eu ganhava guardava tudo, queria ajudar a ambos todos os dias. Nossa família era feliz até o momento em que ela engravidou novamente e descobrimos que isso seria um risco tanto para ela quanto para a bebê.
De início ele se mostrava feliz, mas ao saber que era uma gestação de risco, ele mudou. Queria agredir a ela no intuito de fazê-la perder o bebê, mas eu sabia que lá de cima Deus nos guardava e que nada de mal iria acontecer.
Ao final do sétimo mês, ela sentia fortes cólicas e horas mais tarde se encontrava sangrando, mais uma vez meu pai havia lhe agredido... mas nesta ela soube se defender o deixando desmaiado e eu liguei pedindo por ajuda.
Mamãe foi levada as pressas para o hospital e lá o amigo dela me deixou acompanhar seu parto, ela já se encontrava consciente quando pediu, ou melhor, ela exigiu que se algo acontecesse a ela ele já sabia o que deveria fazer e também me entregar a guarda de minha irmã.
Na sala de parto só se escutava a respiração ofegante da mamãe, que mesmo sedada se encontrava cansada, meus soluços e os barulhos dos equipamentos utilizados na hora. Por quase meia hora era somente isso que se escutava até a sala ser preenchida com um choro agudo e pude ver uma vida surgindo, mas a outra se esvaindo.
Me aplicaram um calmante, depois disso não vi ou escutei nada e horas depois acordei sobre uma maca e o amigo de mamãe ao meu lado, e então ele me disse: "uma vida pela outra..." e nessa hora pude entender, mamãe havia se sacrificado por nós.
Mas não era só isso, ele chamou um advogado e este me entregou todos os documentos de minha irmã e um testamento, lá dizia que ela escondeu essa herança porque mesmo amando o papai ela sempre soube que o dinheiro nas mãos dele ou de qualquer outra pessoa não duraria nada.
Mamãe era rica, muito rica e só soube disso no dia de sua morte.
As palavras do advogado ecoaram na minha mente: " aproveite esse dinheiro e recomece sua vida longe daqui com sua menina."
Durante uma semana ela ficou se alimentando do leite de outras mulheres e eu comecei a tomar um remédio para criar leite, com os estímulos corretos em pouco mais de duas semanas já estava produzindo o leite e saindo daquele lugar com minha irmã.
De nossos pertences foram apenas algumas coisas, consegui comprar um apartamento bom e simples em Londres.
Antes de Londres, havíamos ido para Toronto, fiquei por meses lá. Mas não era ali que eu queria viver, por isso Londres... O lugar que sempre amei ouvir falar.
E olha só, aqui estamos nós, o avião pousando sobre a pista londrina, o clima arejado me fazendo sorrir e ajeitar minha princesa no colo depois de agasalha-la corretamente e assim que o avião pousou, me levantei e sai.
Pessoas andando pra lá e pra cá, respirando fundo encaro as malas e chamo um taxista que prontamente me ajuda e após entrar no carro e lhe dar o endereço ele seguia pela pista molhada e ia me contando as histórias de cada canto que ele conhecia.
Pela primeira vez hoje pude sorrir, além de minha pequena, esse simpático senhor também me fez sorrir e se prontificou de me ajudar até me acostumar com o movimento londrino.
Parada em frente ao meu novo destino, pago o simpático senhor e após ele abençoar a mim e a Agnes, ele se foi. O porteiro já havia levado as malas para o andar que irei ficar e assim segui para o elevador e lá dentro pude olhar para minha menina que acabara de acordar e averiguava tudo com curiosidade.
- É minha princesa, é a nossa hora de recomeçar...eu te amo. - sussurro.
Deixo-a no bebê conforto e suspiro indo guardar nossas roupas com calma.
