— Administração?
— Sim.
Henrique voltou seu olhar para o outro lado da rua, tentando esconder o pequeno sorriso que havia se formado em seu rosto.
Vinberurbo estava excepcionalmente movimentado durante o fim de tarde daquela segunda-feira. E mesmo que já estivesse acostumado com aquela atípica aglomeração de pessoas, ainda ficava surpreso com a enorme quantidade de gente que saíam de suas casas para prestigiar o evento. O aniversário de elevação era uma festividade tão tradicional e conhecida, que até mesmo moradores de outras cidades viajavam até o local para participar dela.
Ainda assim, Ayla não estava muito interessada naquilo, sua atenção estava exclusivamente depositada em Henrique. Por isso, ergueu as sobrancelhas, confusa com o aparente divertimento do garoto e o puxou pelo braço, o fazendo encará-la mais uma vez.
— Qual a graça?
— Nenhuma — disse sério, mordendo os lábios.
— Henrique...
— Ok — rendeu-se, rindo baixinho. — É que essa profissão combina demais com você. Eu facilmente consigo te imaginar daqui a alguns anos, sendo a presidente de uma empresa muito importante, enquanto usa um terninho de executiva e dá ordens pra todo mundo.
Ayla pendeu a cabeça um pouco para o lado, permitindo que um vislumbre daquela cena inusitada passasse por sua mente. Não negava; era um futuro que almejava alcançar há um bom tempo. Mas, ainda que tirasse notas altas e fosse uma boa aluna, não tinha tanta certeza se conseguiria mesmo fazer aquilo.
— Sonhar é bom — concluiu em um suspiro.
— Realizar é ainda melhor — rebateu, pegando em sua mão.
Na mesma hora, a morena sentiu o ar fugir de seus pulmões e seu coração errar algumas batidas ao notar seus dedos colados aos de Henrique.
Ele, em contrapartida, semicerrou os olhos, sem saber ao certo o porquê de ter feito aquilo. Apenas queria encorajá-la de alguma forma. Segurar em sua mão lhe pareceu uma boa ideia.
— Foi mal — a soltou, sem jeito.
— Não! — exclamou, apertando-a mais uma vez. Ele a fitou, oscilante. — É legal. Digo, você segurar minha mão... Pode fazer isso, se quiser.
Onde estavam? Na sétima série? Por que de repente havia perdido a capacidade de formular uma simples frase sem se perder todinha?
— Relaxa — falou Henrique, brincando com suas mãos entrelaçadas. Ela respirou fundo. — Eu também sou novo nessas coisas.
Ainda um pouco hesitante, Ayla acenou em concordância.
Apesar de tudo, ele não parecia muito nervoso. Não tanto quanto ela, pelo menos. E mesmo que estivesse, sempre sabia o que falar para amenizar o clima desconfortável que de vez em quando se formava entre os dois.
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Negócio Fechado
Novela Juvenil[Reta Final | Em Revisão] Não estava nos planos de Henrique repetir o último ano do ensino médio, mas, quando isso acontece, seu pai resolve lhe dar uma boa lição e o obriga a arrumar um emprego. Trabalhando no cinema da cidade, ele rapidamente conq...