Capítulo Vinte

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Ayla remexeu-se em sua carteira e adotou uma postura ereta ao notar a chegada do professor de matemática dentro da sala de aula

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Ayla remexeu-se em sua carteira e adotou uma postura ereta ao notar a chegada do professor de matemática dentro da sala de aula. Começar o dia com números e cálculos era, provavelmente, uma péssima ideia e um tipo de castigo terrível para a maioria dos alunos que ela conhecia.

Mas a garota admitia gostar de iniciar seus estudos com matérias pesadas e que exigiam mais de seu cérebro, só daquela forma conseguiria ficar acordada e continuar a fazer as outras tarefas de seu dia. Nem as grandes quantidades de xícaras de café estavam sendo capazes de mantê-la ligada.

Ultimamente não estava conseguindo dormir muito bem. Aos poucos, as noites em claro e as olheiras debaixo de seus olhos estavam fazendo sua fisionomia denunciar para todos o seu estado decadente. Ela até começou a usar maquiagem como uma forma de tentar parecer mais apresentável para as outras pessoas, mas mesmo que conseguisse enganá-las por um tempo, tudo que Ayla sentia era mais e mais sono.

Acordava quase todas as noites com um sobressalto, ofegante e assustada. Sempre com o mesmo pesadelo. Estava confusa, pois, desde que havia se mudado para Vinberurbo, não havia tido mais nenhum sonho ruim e finalmente havia recuperado suas preciosas oito horas de sono. Entretanto, nas últimas semanas, estava dormindo menos que três horas por noite, sem contar que ainda precisava trabalhar até às 20h e chegava em casa ainda mais cansada.

Ela ia morrer. Se não fosse por causa da escola, seria por causa do cinema. Ia morrer tão jovem.

— Vejo que todos estão muito animados para mais uma aula de matemática — como resposta, o professor recebeu uma enxurrada de resmungos insatisfeitos e Ayla pensou ter ouvido alguém dizer um palavrão. O homem de meia-idade soltou um suspiro, feliz com a aparente irritação de seus alunos e caminhou animado em direção ao quadro branco.

Isaac, que sentava ao lado de Ayla, franziu o cenho ao observá-la deslizar lentamente pela parede de sua fila, enquanto, aos poucos, ia fechando os olhos e adquirindo uma expressão serena em seu rosto. Ele não pensou duas vezes e pegou o lápis em cima de sua mesa, começando a cutucar levemente a barriga dela. Se o professor a visse dormindo, com certeza ela estaria em maus lençóis.

— Ayla — sussurrou timidamente. No entanto, suspirou frustrado ao perceber que seu esforço não estava dando resultados e, em um ímpeto de coragem, pressionou a borracha do topo de seu lápis com toda força contra o corpo da garota.

— EU TÔ ACORDADA — exclamou automaticamente, pulando de susto e fazendo com que Isaac arregalasse os olhos, sentindo-se culpado. Ao perceber que havia falado alto demais e que todos na sala a encaravam confusos, a garota levou a mão em direção a boca e sorriu nervosamente. — Só pra... vocês saberem.

— Com certeza essa é uma valiosa informação — disse o professor risonho. Ayla não conseguiu se conter e baixou a cabeça, sentindo-se envergonhada. — Tão valiosa que eu vou usá-la com sabedoria — voltou sua atenção para o quadro mais uma vez, começando a escrever nele com seu pincel azul — Que tal você ser a primeira voluntária do meu desafio super legal de matemática? — virou-se apontando para ela, animado.

Negócio FechadoWhere stories live. Discover now