Ayla depositou sua caneca com café em cima de sua mesinha e sentou-se ao lado de Henrique no sofá.
— A gente deveria recapitular tudo que sabemos sobre o assalto — Iniciou abrindo seu bloco de notas e puxando a tampa de sua caneca.
— Concordo — O garoto balançou a cabeça tentando ao máximo concentrar-se nela. Tinha que ser útil nessa investigação, já que precisava fazer por merecer sua parte na recompensa.
Ayla colocou uma mecha de seus cabelos soltos atrás de sua orelha e deixou que um vinco se formasse entre suas sobrancelhas. Henrique havia percebido que isso sempre acontecia quando ela estava bastante concentrada.
— Sabemos que a única coisa que foi roubada do cinema foi o bracelete, o que demonstra que o ladrão foi pra lá já sabendo onde ele estava e com o único intuito de pegá-lo — Pontuou rabiscando na folha branca.
Henrique acenou mais uma vez concordando e desviou o olhar para analisar a sala da casa da garota. Estava tudo absolutamente idêntico desde a última vez que havia ido ali.
— Tá me escutando? — Questionou sem levantar a cabeça.
— Claro — Respondeu de prontidão e tentou puxar algo em sua memória que o fizesse contribuir de alguma forma com a reunião de pistas. — Nenhuma porta foi arrombada, muito menos o cofre.
Ayla o fitou de imediato, um pouco assustada com aquela informação e sentindo-se boba por não ter lembrado logo dela. Se nada havia sido arrombado, então quer dizer que...
— Ele pode atravessar paredes.
Ayla lançou um olhar indignado em direção a Henrique.
— Não estamos em um episódio de X-Men — Afirmou voltando a escrever no bloco. — E ao menos que esse ladrão saiba abrir portas com grampos de cabelo, temos três alternativas. Um: ele deu um jeito de roubar as chaves. Dois: ele recebeu ajuda de algum funcionário. Ou três: Algum funcionário é o ladrão.
Henrique a encarou atônito. Ayla conseguiu deduzir algo que ele demoraria pelo menos uma semana para pensar.
— Como você consegue pensar nessas coisas tão rápido? — Indagou recebendo um "não sei" inocente da garota em resposta. Ela escorou-se no sofá, de modo que conseguiu relaxar todo seu corpo no encosto do móvel. Henrique fez o mesmo. — Você é muito inteligente.
Ayla virou o rosto de lado. Odiava receber elogios, pois não sabia o que responder para as pessoas. O que supostamente você deve falar?
Seria melhor se a insultassem.
YOU ARE READING
Negócio Fechado
Teen Fiction[Reta Final | Em Revisão] Não estava nos planos de Henrique repetir o último ano do ensino médio, mas, quando isso acontece, seu pai resolve lhe dar uma boa lição e o obriga a arrumar um emprego. Trabalhando no cinema da cidade, ele rapidamente conq...