Sol da Meia-Noite

Capítulo 8

Reparo na garota que está zangada com o idiota por me deixar nesse estado e de fato estou congelando.

Não sei se é coincidência essa garota estar aqui, ela é a morena que tinha me "salvado" no ônibus e talvez saiba o porquê que estou aqui.

Ela está vestida com um vestido florido laranja e com tranças em seu cabelo. Parece ser uma adolescente normal, meiga. Se eu não estivesse visto antes com meus próprios olhos, a sua habilidade surreal com lâmina eu não acreditaria.

Estou tão absorvida em meus pensamentos que não ouço nada, o que ela fala. Pois ela não parou um minuto de tagarelar.

Então ela desiste de falar e me olha com pena.

— Você não fala muito néh. Vem, vou te emprestar umas roupas que desse jeito você não pode ficar. Com certeza as minhas roupas deve servir, só vão ficar um pouco frouchas. Vem.. ou se não vai sair daí hoje.

Literalmente me puxou e saímos do quarto. E vejo um corredor extenso com mais portas parecidas que a gente estavam antes.

— Aqui fica os quartos de hóspedes, quando não há quartos disponíveis no casarão. Quando tem festas esse lugar lugar fica lotado, é incrível.. tomara que você fique quando tiver.

— ahh esqueci de me apresentar.. eu falei tanto que esqueci de falar o mais importante, sou Aurora, e aquele idiota que te deixou nesse estado é o meu irmão Calebe.

Supresa.. eles parecem tão diferentes.

Ela riu de um jeito engraçado..
— Consigo ver as engrenagens do seu cérebro, eu sei. Somos como o dia e a noite.. totalmente diferentes. Como é seu nome?

—  Sou Hope.

E deixou escapar que o Calebe não agia assim antes e ela desviou depresa do assunto. Querendo ocultar alguma coisa.

— Vamos lá, ainda preciso te mostrar tudo.

É confortável conversar com ela, a maioria das vezes ela falava sem parar.

Paramos em frente a uma casa de madeira pequena, e dentro ela é linda. Ela me levou para seu quarto,

— Não repara na bagunça, porque não tive muito tempo de arrumar. —Ela fala sem graça.

Ela abre a porta, em uma parede tem fotos de pessoas, paisagens e pôr do sol.

Ela me joga uma calça na cara. Literalmente..

— Essa deve servir. E fica procurando outras peças numa cesta..

Mas meus olhos não desprendem de uma pessoa. Ele estava sorrindo, seus olhos estavam tão iluminados como fosse o sol despertando depois de uma noite conturbada, a foto foi tirada quando ele estava distraído. Com certeza essa foto é rara..

— O que está olhando.. humm..

Ela me estuda, e a primeira vez a vejo pensar antes de falar.

— O amor muda as pessoas.

Virei para ela, querendo que ela continuasse.

— O que houve

Mas ela desvia do assunto.

— Agora não, é melhor você se trocar, não queremos que você fique resfriada..

Ela saiu e me deixou sozinha. Com mil teorias.

Vestida e me sentindo quente e confortável, desço e encontro ela na cozinha fervendo a água distraída.

— Já ia subir pra te chamar para tomar um chá. Que bom que as roupas deram certo.

Ela deu um sorriso genuíno.

— O Carlos quer te conhecer, ele é o chefe se assim posso dizer. Ele que comanda, cuida da nossa vila. Mas não se preocupa ele é uma boa pessoa, e nada de mal vai acontecer.

— Tudo bem.

Ficamos em silêncio uns minutos.

— Tinha um garoto que me tirou de lá, você sabe se ele está bem?

— O Hylun.

Ela olhou pra mim, eu acenei confirmando.

— Ele está sim, ele conhece esse lugar a décor por isso não tem perigo de se perder. — Vi um brilho diferente em seu olhar, e com um sorriso bobo apareceu do nada.

— Ele precisou resolver um probleminha, por isso não está aqui. E não.. não pense nisso, ele não tem nada haver com isso.. ela se alterou achando eu ia surtar, mas eu apenas ia perguntar desde quando eles se conheciam.

E uma batida na porta, fez a Aurora se calar. Ela não estava ninguém naquele momento.

E entrou um homem enorme moreno, e cabelos grandes. Sua aparência seria assustadora se ele não tivesse uma beleza assombrosa.

— Merda! — a aurora sussurrou baixinho.

Ele sorriu.

— Então é essa, a menina que todos estão falando. — Ele olhou pra aurora com olhos frios.. — Porque eu fui informado só agora. Quando você realmente iria me contar filha.

— Pai, eu posso explicar...