Capítulo 3

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Toca o sinal para o intervalo.. Já não via a hora de sair desse lugar.

Os alunos saem apressados, como se quisessem respirar o ar livre.

Vou saindo da sala, quando sou prensada contra a parede. Me assusto por essa repentina e grosseira atitude do professor. Noto que ele parece perturbado, seus olhos estão nublados e raivosos.

- O QUE ESTÁ FAZENDO ? - pergunto confusa e irritada por ele estar agindo como um escroto. E praguejo baixinho por notar agora que estamos sozinhos na sala.

Ele nem se quer responde, apenas me mantém presa. E me encara como se pudesse ver minha alma.. se eu tivesse uma, as vezes sinto que ela desprendeu de mim.

- Como você consegue deve ser difícil, tentando se encaixar no mundo dos outros, como temesse a sua própria natureza. - eu não compreendo, onde ele quer chegar com essa história.

Seus dedos envolveram minha garganta, e começa a apertar. Engasgo quando começa a sufocar, o aperto é forte o suficiente para causar dor, mas não para cortar todo meu ar... Como a sua intenção ainda não era pra me apagar, mas sim torturar.. e ainda ouvir suas ladainhas.

- Mas no fundo você sabe que é diferente. Sente que não pertence a esse lugar, tem ânsia por algo desconhecido..

Não consigo negar, algo em mim sabe.. que não sou normal. Acho que sempre soube que eu era diferente.

- Destinada a viver escondida, por escolha do seu pai. Não assumiu a bastardinha, deixando a mercê da boa vontade humana. Mas eles nem fazem ideia de quem você é. Não sabe que a escuridão te cerca, uma sanguinária bastarda, uma pobre vampira perdida.

- E será apenas mais uma aberração da natureza. - e ele ri, adorando me torturar.

Sinto o gosto metálico na boca, e meu coração bate tão depressa, que posso sentir o ritmo na garganta. Tento sufocar o pânico ao repetir para mim mesma que tinha de haver uma saída. Uma forma de escapar. Eu só preciso descobrir qual era. Só preciso pensar.. Não posso deixar o pânico me dominar..

- Você deve sentir grata por eu estar aqui, vou logo acabar seu sofrimento. Não tem como mais fugir de seu destino..

"fugir de seu destino".. essas palavras ecoam em meus pensamentos, então era assim que morreria.. então a lembrança da biblioteca surge. E é como um soco no meu estômago..

- Quem é você?

- Pode me chamar de seu pior pesadelo, meu bem.

Meus olhos ardem, sinto chamas em plenos pulmões, em busca de ar. E estrelas negras flutuam no vácuo.

Quero que tudo volte ao normal, mas como posso pedir algo que nunca aconteceu.. eu nunca fui um exemplo de normalidade.

- Vou te dar o direito de dizer suas últimas palavras..

- VOCÊ É UM MOSTRO.. - digo com raiva, e engolindo as lágrimas que nem percebo escorrer furiosamente pelo meu rosto.

- Escolha errada - não tenho mais escolha, como poderia ter.. esse tempo todo a morte esteve ao meu lado, me empunhalando pelas costas... como posso vence-la se não tenho armas suficientes para lutar.

Até que o sinto se afastar, um passo de distância e ele coloca a mão no maxilar aonde foi surpreendido com um soco.. ele nem parecia chocado ou supreso com o soco, apenas riu e dando um sorriso de coringa.

Me escoro na parede, recuperando o fôlego.. pois não consigo respirar direito e os meus pulmões ardem cada vez que tento.

Vejo Nathan se aproximar, ele me lança um olhar preocupado - FICA LONGE DELA SEU.. - diz furioso e partindo para cima, mas foi supreendido com uma surra. O soco acertou em cheio seu rosto o derrubando por cima das mesas e cai no chão. Quase desacordado.

Sol da Meia-NoiteTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang