Jude e seu pior pesadelo

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As coisas pra mim nunca foram fáceis. Branville me torturou o quanto pôde, da forma mais cruel possível, mas o pior de tudo era que o sofrimento parecia nunca ter fim; cada dia que passava eu torcia ainda mais para que um carro passasse por cima de mim e acabasse com toda aquela palhaçada que era a minha vida.

Meu nome é Jude Wallace e eu estava de saco cheio da minha vida sofrida, de todos a minha volta me tratando como um gigantesco saco de pancadas; e ainda lutava contra a mídia, que me tratava como um mero coitado após meu pai surtar e matar a minha mãe, no meu sétimo ano do fundamental.

A única coisa que me matinha corajoso pra levantar todos os dias de manhã era Mason Harris. Mason era do meu ano na escola, dividia algumas turmas comigo e parecia um idol coreano escondido com aquele cabelinho e aquelas camisas de botão dentro da calça jeans azul. Um olhar meio torto, um sorriso que não era exatamente bonito, mas não deixava de ser galanteador. Eu passava horas olhando-o se eu pudesse, apenas imaginando o quão maravilhoso seria se ele me notasse.

Mas ele era tão invisível quanto eu. Ninguém o notava, apenas eu. Jude Wallace foi o primeiro a notá-lo, dentre todas as pessoas no mundo, e foi assim que eu me apaixonei por ele, daquele jeitinho torto e invisível. Entretanto, um dia ele criou coragem e se declarou para Max Simmons, uma garota do ano seguinte, que era super popular e bonita. Do tipo rainha de todos os bailes.

Max o rejeitou.

E quem pagou o preço foi eu, porque ele desapareceu completamente por uma semana. Uma semana inteira sem vê-lo era quase um inferno, porque toda vez que Boston me batia, olhar pra ele ainda me mantinha insistente. Foi uma semana que eu quase desisti de ir à escola, mas na segunda-feira seguinte, ele voltou completamente diferente. Não andava mais com os ombros curvados, como se tivesse medo do mundo, não sorria mais de forma abobada, como costumava fazer quando lia alguma coisa divertida, e também não era mais o coitadinho rejeitado.

Ele chegou uma semana depois, com o cabelo em um novo peteado mantido no spray, uns óculos escuro no rosto, uma vestimenta caracterizado unicamente pelo preto e aquela jaqueta de couro. Ele havia se erguido, mudado sua postura e em pouco tempo, mudou de um perfeito nerd para um completo badboy de filme americano. Eu estava completamente de joelhos para ele naquele momento, entretanto eu já não era mais o único que o observava com atenção. As pessoas começaram a notar ele, a tentar se enturmar e puxar assunto. Ele começou a sair e a conhecer pessoas, começou a fumar e em pouco tempo, já estava enturmado coma galera popular da escola, o que incluía Max Oxigenada Simmons, que é óbvio, tentou voltar atrás na decisão de rejeitar Mason.

As pessoas começaram a ouvi-lo e a acatar seus desejos. Certo dia, eu finalmente pude perceber o peso que a palavra dele era realmente extraordinário. Eu, mais uma vez, estava encolhido no canto da escada, Boston gritava comigo e desferia tapas no meu rosto, até derrubar meus óculos no chão; um segundo, se apenas Mason tivesse demorado um segundo apenas, Boston teria destruído meus óculos recém trocados. Mason estava descendo as escadas e puxou Boston pelo capuz do moletom, mandando que ele me deixasse me paz.

— Melhor pegar seus óculos antes que um desses brutamontes quebrem, Jude — e então ele subiu, com Boston reclamando no pé do seu ouvido, até sumir no corredor acima.

Eu fui incapaz de dizer a ele um sequer "obrigado", mesmo após ter subido as escadas e vê-lo se afastar com Boston, já cercado de várias pessoas, em sua maioria garotas. Eu estava feliz por ele finalmente ter sido notado, e estava mais feliz ainda por ele ter uma chance de chegar em um lugar que eu jamais chegaria, ainda mais sozinho. Entretanto, ele era amigo da maioria das pessoas que se divertiam a minha custa. Havia Boston Harris, que estava sempre me batendo — em realidade, era dele a maioria dos arroxeados que tinha na pele —, também existia Erick Harris, primo de Boston — que só era popular por causa de Boston, tudo o que ele fazia era rir de mim e das piadas sem graças dos outros —, existia Megan Müller, a bondosa, que ria com desdém das piadas de Boston, e havia ela.

Quem Vai Conquistar Mason Harris? - Romance GayWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu