Jude e a primeira rival

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Quando acordei com a velha dor de cabeça característica da ressaca, apenas levantei e segui em direção a cozinha, sem lembrar de fato das coisas que haviam acontecido na noite anterior. Eu só lembrava de ter chegado às duas da manhã, ao lado de Vaught, que ainda estava jogado no chão do meu quarto – ele costumava dormir na minha casa sempre depois de alguma festa, por causa da mãe, que nem sonhava que ele tinha o costume de beber.

Peguei uma caneca lotada de café – que meu cunhado nem sonhava que eu tomava às vezes –, tomei um longo gole e descansei a cabeça e o braço na bancada, fechando os olhos por causa da luz que entrava pela janela; sentia o cheiro do café fresco e quase voltei a dormir ali mesmo, enquanto algumas memórias da noite anterior voltavam à tona na minha mente.

Inclusive do beijo.

Levantei no mesmo instante e quase senti meus olhos saltarem da órbita quando lembrei de toda a situação, me levantando imediatamente e andando de um lado para o outro. Meu Deus, Jude Wallace, que merda você tinha feito?! Voltei correndo para o quarto, me escondendo debaixo das cobertas, mas ficar quieto era quase que impossível naquele momento, ainda mais com as lembranças completamente frescas na minha memória.

— MAS QUE DROGA! — Gritei debaixo do edredom, coisa que acabou resultando em Vaught acordado, um tanto irritado.

— O que eu preciso fazer pra conseguir dormir até o meio-dia nessa casa? — ele disse, se levantando e coçando a cabeça. — O que aconteceu? Você tá sentindo alguma coisa?

Levantei, saindo debaixo do edredom e o encarei, pensando se seria certo em compartilhar com Vaught a burrice que eu tinha feito na noite anterior e cair na vergonha profunda ou manteria esse fato comigo até que ele morresse perdido na minha memória.

Mas eu era fofoqueiro por natureza.

— Eu beijei Mason Harris ontem.

Vaught endireitou a coluna e abriu a boca, apesar de não ter saído um som; ele levantou e eu o acompanhei com o olhar triste enquanto ele se sentava ao meu lado na cama e me observava, desconfiado.

— O quê? — Ele me olhava com os olhos cerrados, provavelmente sem entender nada; claro que não, eu desci o xingamento em Mason no dia que ele chegou em Branville e logo após, reclamei da sua presença todos os dias, e então...

— Eu beijei Mason Harris ontem — repeti minha frase, palavra por palavra, esperando alguma reação do meu melhor amigo, que ainda parecia aéreo por ter acabado de acordar.

Ele coçava o rosto e olhava para algum ponto aleatório no quarto e então começou a balançar a cabeça pra cima e para baixo, entre um bocejo e outro. Mas o que diabos ele estava pensando?

— Você me ouviu?

— Ouvi — ele respondeu com a voz arrastada. — Eu sabia que você gostava dele, não estou surpreso. Na verdade, só fiquei surpreso porque eu achava que demoraria até você perceber. Aconteceu muito mais rápido do que eu pensei, Jude.

Vaught olhou novamente para mim e sorriu, recebi dois tapinhas no ombro, como se fosse um tipo de consolo ou sei lá o quê, mas ele simplesmente se deitou novamente, dessa vez ao meu lado e fechou os olhos.

— Só não quero que você se machuque, Jude. Vou apoiar você em qualquer decisão que tome, desde que isso traga sua felicidade.

— Eu não gosto dele, tá legal? Eu só estava bêbado — deitei novamente ao lado de Vaught, que se virou e me encarou com um leve sorriso no rosto. — Além do mais, como posso gostar dele depois de tudo isso?

— Jude, eu sei exatamente o que você viveu no passado, ainda mais pelas mãos dele. Mas gostar de alguém não é ruim, você não é fraco por isso.

Quem Vai Conquistar Mason Harris? - Romance GayWhere stories live. Discover now