TrUtH oR dArE? mErCy!

TRÊS

— Fica calmo. — repeti baixo com a voz dela. — Fácil falar. Fácil falar.

Alguns cochichavam entre si, outros só olhavam algo em seus celulares e tinha eu que observava todos eles, batia o pé no chão sem paciência alguma e roia as unhas para não me levantar de onde eu estava e ir arrombar a porta do quarto de Sabina.

Afinal é claro que eu irei esperar as informações como alguém civilizado.

Eu sou civilizado.

— O policial responsável pelo caso disse que a informação chegou até eles há segundos e que eles já estão rastreando a postagem. — minutos depois Joalin voltou para o alívio de Sabina.

— Ah! Que ótimo! — Heyoon levou a mão ao peito, suspirando aliviada.

— Ah! — a imitei. — Que merda!

— Caralho Josh! — Lamar que ainda estava em minha frente chamou minha atenção. — Se acalma cara.

— Engraçado...

— Lá vem. — Any e Heyoon falaram em coro como se não aguentassem mais aquela conversa.

— A nossa melhor amiga morreu. — ignorei a reação das duas. — MORREU. — gritei. — Estão tripudiando com a imagem de uma garota morta nas redes sociais. Não estão tendo nenhum respeito com os familiares, amigos e pessoas que se identificaram com história. NENHUM. E o mínimo que os presentes nesta sala deveriam fazer era fingir preocupação, a mesma que vocês fingiram nos velórios e no enterro.

— A mesma que você não fingiu né? — Sabina.

— Eu não preciso disso. — neguei com a cabeça. — Não preciso fingir que amava Hina. Não como alguns aqui precisam.

— Não é bem assim Josh. — Joalin.

— É bem assim sim. — tornei a gritar. — O único realmente preocupado aqui é o louco e insensível do Josh. O único que se importa com o quê está acontecendo na internet com a morta é o Josh e, aliás, o Josh foi o único que discordou desde o início sobre essa exposição toda sobre a morte de Hina.

— Eu concordei com você. — Savannah levantou o braço, mas abaixou imediatamente com os olhares alheios que recebeu.

— Ninguém concordou ou discordou de você Josh e todos nós estamos preocupados com o quê está acontecendo, logo, me ofende você dizer que precisamos fingir o fato de termos amado a Hina e apesar de achar que ninguém dessa sala precisa disso, sobre mim eu posso falar. Eu tenho a mais absoluta certeza de que não estou fingindo ou ignorando nada, muito pelo contrário, eu nunca poderia fazer isso, ela era a minha melhor amiga. — Shivani enfatizou fazendo meu interior todo se contorcer em vontade de perder completamente as estribeiras com ela e com todo o resto.

— Minha melhor amiga. — eu repeti o que ela disse, mas rindo sem humor algum entre as palavras. — Ela não era sua propriedade Shivani, logo, pare de tratar, falar e agir como se ela fosse. — reclamei e a garota tentou vir na minha direção, mas Diarra a puxou pelo braço a fazendo ficar onde estava.

Fraca.

— Chega Josh. Tá bom parou. — Krystian saiu do seu lugar, parando ao lado de Lamar. — Todos nós entendemos o seu nervosismo, afinal estamos todos compartilhando dos mesmos sentimentos nesse momento, porém nós os expressamos de maneiras diferentes porque nós somos pessoas diferentes e por isso eu entendo que esse seja o seu jeito de lidar com o quê vem acontecendo, mas não justifica que nos dirija palavras ofensivas. Essa atitude não vai consertar as coisas.

— Só vai piorar tudo ainda mais. — Diarra completou. — Vamos ficar ainda mais desunidos, nossa comunicação vai ser péssima e não vamos ter em quem nos apoiar nesse momento. Temos que ser racionais e pensarmos como um grupo, nós já fizemos isso antes.

— Concordo. — Heyoon apontou para Krystian e Diarra.

— Eu também. — Joalin disse.

— Tudo bem então. — sorri desacreditado. — Inclusive nem precisam continuar a corrente de Uhh, eu concordo. — debochei. — Exaltem o rei Krystian e rainha Diarra. Eles merecem. — uni as mãos, as levando para o lado do rosto como se estivesse os admirando.

— Não continua com essa palhaçada. — Any puxou minha camiseta com tanta força que poderia ter a rasgado.

— Não, não, nunca. — abri as mãos e encarei o teto fingindo estar sendo atingido por uma paz espiritual enquanto todos me olhavam em silêncio esperando por uma próxima explosão. — Vocês são otários. — deixei meus braços caírem ao lado do corpo voltando ao meu normal. — E eu sei que algum de vocês roubou o telefone da Hina no velório pessoal, aquele que aconteceu no apartamento dela.

— O que você misteriosamente não apareceu? — Sabina sorriu de lado.

— Tomem um banho de água benta e fujam para o oriente. — aconselhei ignorando o comentário de Sabina por saber que ela apenas quer assistir de camarote um homicídio. — Vocês são nove. Não vai ser tão difícil assim descobrir quem foi... — caminhei lentamente na direção da saída. — E quando eu descobrir. — estralei os dedos. — Eu vou doar a carniça deste indivíduo para os urubus...

— Incorporou o Estripador. — Any zoou pegando sua bolsa e a colocando no ombro.

— Ou a Rainha Má. — sorri irritado para ela. — Meu jantar do dia seria coração empanado. — falei a olhando nos olhos, mas ela apenas riu caminhando até onde eu estava.

— Acho que o clima de despedida de sétimo dia, ou seja lá o quê isso era acabou. — ela se virou para os amigos e todos concordaram lentamente pegando suas próprias coisas. — Preciso de carona Josh. — ela falou em um tom mais baixo para que apenas eu escutasse.

— Eu não vou te dar carona. — praticamente soletrei para que ela entendesse.

— Sim, você vai. — ela pegou meu pulso me puxando para fora da casa sem se despedir corretamente de ninguém e muito menos me deixando fazê-lo.

— Você só está conseguindo me arrastar porque eu sou um gentleman. — falei quando ela me soltou com força na frente do meu carro. — O quê te faz crer que eu vou abrir a porta do Filho para você?

— Nós. — ela apontou para nós dois. — Iremos até a casa da mãe da Hina.

— Para? — perguntei franzindo o cenho, mas meu interior se encontrava balançado pela curiosidade aguçada por sua fala.

— Você diz que o celular dela foi roubado no velório certo? — eu concordei com a cabeça quase que automaticamente. — É o quê vamos descobrir.

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