VINTE

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Josh.

Pressionei o botão para fotografar o quadro de informações sobre o meu curso. Com um foco especial em fotografias do calendário referente ao último mês do semestre final desse ano.

Faltam nada menos do quê três semanas e quatro dias para o fim das aulas e o início das avaliações finais que irão determinar se eu irei e como irei para o terceiro ano de Educação Física.

O penúltimo ano.

Me dá calafrios apenas em pensar que está acabando. Eu não me sinto preparado para isso ainda.

E bom, sabendo que eu perdi todas as primeiras provas desse período e que eu não tenho nenhuma possibilidade de repor elas, preciso correr atrás do meu período praticamente perdido de alguma forma.

Essas primeiras avaliações seriam justamente na semana em que tudo ocorreu e o luto em prol do suicídio de Hina foi anunciado, logo, todas as provas de todas as faculdades foram reagendadas para a semana seguinte, quando o luto já teria tido fim e as atividades das faculdades retornariam.

Mas nós, os amigos próximos de Hina, frequentamos a universidade na semana seguinte?

Não.

E apesar de algumas das nossas faculdades — a minha foi uma dessas. — ter oferecido para que nós realizássemos a prova uma semana atrasados de todos os alunos, nós continuamos faltando até na semana seguinte do reagendamento das provas.

Em resumo: A maioria de nós se colocou na situação acadêmica decadente que nos encontramos agora.

Infelizmente não podemos que culpar ninguém além de nós mesmos. Nós tivemos oportunidades para não nos prejudicarmos apesar de tudo.

E foi justamente recortando o registro do cronograma em meu celular que eu perdi todos os sensos de tempo e espaço e toda essa chatice que eu aprendi com a Física do Ensino Médio ao continuar andando sem rumo mesmo que estivesse com a cara praticamente enterrada no celular.

Quando notei, meu inconsciente já havia me levado de maneira útil para o lado de fora da universidade enquanto eu mexia no recorte da foto.

Suspirei guardando o celular no bolso detrás da minha calça, parando tudo para me concentrar em lembrar onde eu havia estacionado o Filho quando cheguei hoje mais cedo.

Esse é o mal de um estacionamento tão grande e uma cabeça tão bagunçada quanto a minha.

Eu vim divagando sobre várias coisas, a minha cabeça parece estar trabalhando mil vezes mais nos últimos dias e eu estou completamente desatento a coisas inúteis como essa, mas não tão inúteis.

Afinal, seria muito útil poder ir diretamente até o Filho sem ficar feito um estorvo para a gravidade, parado na calçada da universidade enquanto analiso o estacionamento.

Lembrei-me que havia chego cedo então fui à direção do Bloco A, chutando completamente que eu deveria ter estacionando ali desde que nesse bloco ficava as vagas mais próximas tanto da entrada do estacionamento quanto a entrada da própria universidade.

São sempre as vagas mais disputadas e apenas chegando cedo para conseguir uma delas.

Como se um estalo surgisse em minha mente assim que cheguei no bloco, lembrei-me até do sorriso aliviado que dei quando achei uma única vaga, a última, ao chegar hoje mais cedo na universidade.

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