Quando introduziu o seu anelar, a dor estava tão intensa que lágrimas escaparam seus olhos. Eram lágrimas de prazer, não de tristeza, e essa mudança o agradou. 

Seus joelhos perderam a força, fazendo com que caísse nos lençóis, o contato do seu membro com o pano lhe trazendo uma nova sensação. Usou da fricção, movimentando seus quadris vigorosamente, ficando muito perto de gozar.

Então, com sua mão livre, agarrou-se no próprio pescoço e colocou um pouco de pressão. As mãos não eram suas: eram dedos mais grossos, a pele mais clara, mais veias saltadas do que na sua. 

Naquele momento, as mãos pertenciam a Jungkook. Chegou ao seu clímax em segundos.

Uma parte insana de Taehyung estava arrependida por ter descoberto todo o esquema logo. Por não ter demorado mais a saber que Jungkook era um garoto de programa, não ter dado tempo de fazerem outras coisas e experimentarem mais.

Jungkook despertava as partes mais escuras dele. As suas partes mais verdadeiras. 

***

E

le estava obcecado ao ponto de saber qual hotel Taehyung estava hospedado.

Estava recostado no seu carro, estacionado em um beco que era formado por dois prédios. Havia seguido Taehyung desde que o mesmo saíra de sua aula. Quase dava meia volta e entrava no carro, mas então ele era arremessado contra a parede, sua cabeça batendo no concreto sujo. 

Uma mão firme o prendia pelo pescoço, fazendo uma pressão insuportável. Hyungsik debateu-se, usou suas unhas para arranhar o braço que o segurava, mas tudo era em vão. O aperto continuava inabalável.

Tentou puxar o ar. Já podia ver pontos brancos em sua visão.

– Como é estar do outro lado, Hyungsik? Como é ser o perseguido, e não o perseguidor?

Reconheceu a voz de Jungkook, baixa como nunca antes ouvira. 

Jungkook afrouxou um pouco os dedos, apenas o suficiente para não matá-lo imediatamente. Aproximou o rosto ao de Hyungsik. Colou sua bochecha com a dele, sentindo a pele gélida contrastar com a sua que fervia de raiva. 

– É muito simples. Você segue o Taehyung, e eu te sigo de volta. Eu tenho muito tempo livre, assim como você. O que acha?

– O...O que...– ele tentou responder, em vão, sabendo que se continuasse assim realmente desmaiaria com a falta de oxigênio. Jungkook o largou definitivamente, fazendo seu corpo deslizar pela parede até o chão. 

Hyungsik puxou o ar com sofridão, seus braços abertos em uma pose burlesca. Sentava no chão imundo do beco como se pertencesse ao lugar. 

Quando conseguiu recuperar o fôlego, lançou uma risada maníaca na direção de Jungkook, falando com a voz rouca. 

– O que faz… O que faz você pensar que eu tenho medo de você?

Jungkook retribuiu o sorriso. Agachou-se em uma pose casual, com um braço apoiado em seu joelho, ficando na mesma altura de Hyungsik.

– Mas e do seu papai, você tem medo dele, Hyungsik? Você tem medo que ele descubra que você rouba morfina do hospital dele para dar pros amiguinhos?

A única reação de Hyungsik foi um tremor nos lábios, suficiente para Jungkook saber que tinha atingido um nervo.

– Você não tem nenhuma prova disso. 

– Quem disse? E eu garanto que uma breve investigação vai ser suficiente para ele perceber que as miligramas não batem com o que deveria ter no estoque.

– Não é possível perceber. Eu tenho contatos no hospital que...

– E eles sabem mais do que seu pai? Ah, Hyungsik… Ele é o homem mais inteligente naquele hospital e você sabe. Ele é um bastardo, mas não um bastardo ignorante.

Hyungsik apertou os olhos, seus lábios superiores elevaram-se levemente em indignação.

– Ele não é um bastardo, sua prostituta de merda. Você não é ninguém para falar dele.

O garoto de programa revirou os olhos. 

– Você discute como se fosse uma criança. Você é tão infantil, ainda triste porque os pais dão mais atenção pro irmãozinho. – Jungkook continuou, zombeteiro. – Imagina como o seu pai vai reagir? Um homem como ele não vai aceitar ser roubado por alguém inferior. E com alguém inferior eu quero dizer você. O tanto que ele preza aquele hospital e a ordem… – Jungkook negou com a cabeça em falsa preocupação. – Imagina saber que seu filho está prejudicando a única coisa com que ele realmente se preocupa. 

Hyungsik abriu a boca para retrucar, mas não conseguiu encontrar o que dizer. Jungkook estava certo, o hospital era a única preocupação do pai. 

– Só fique longe do Taehyung, está bem? Assim seu pai não ficará sabendo da sua pequena brincadeira – Jungkook finalizou, olhando para o rosto de Hyungsik, procurando confirmação.

Hyungsik fez menção que iria levantar, ignorando as palavras, mas Jungkook o agarrou pelo ombro, o mantendo no chão. Pressionou sua palma com força, a dor deixando Hyungsik com mais raiva. 

– Entenda uma coisa…  – Jungkook continuou, apertando o ombro de Hyungsik como se quisesse deslocá-lo. Provavelmente queria. Aproximou novamente seu rosto ao dele; queria que Hyungsik fosse tomado pelo seu hálito, seu cheiro, seu suor, e realizasse que tudo emanado dele era insanamente perigoso – Eu mataria para garantir que não chegasse perto do Taehyung nunca mais. 

– Você não seria capaz... – Hyungsik replicou, mas sua voz saiu reticente. Não tinha plena convicção no que dizia. 

Jungkook riu, deixando Hyungsik, levantando-se e abanando a sujeira inexistente no joelho da calça. O sorriso sumiu subitamente de seu rosto. Ele apertou sua mandíbula. 

– Você não sabe? As pessoas mais perigosas são as que não têm nada a perder.

E Hyungsik viu toda a verdade no que Jungkook dizia pela forma vazia com que o olhava. 

Jungkook virou-se e foi embora, tão rapidamente quanto aparecera.

Lie to Me (jjk + kth) - ConcluídaWhere stories live. Discover now