VINTE E UM | Amor (E Ódio)

450 56 44
                                    

Sim, acho que voltei. E juro, eu estava com saudades haha
****

— Minha nossa! — Anne cobriu a boca com as mãos, chocada ao abrir a porta de sua casa e nos ver com Katy pendurada nos braços de Shawn, os olhos vermelhos e um rosto abatido.

— Ela não quis ir para casa, e eu não ia conseguir levar ela para a minha sem a mamãe nos fazer passar por um interrogatório antes. — explico.

— Tudo bem, — ela concorda baixinho, nos dando passagem para entrar. — papai e mamãe ainda estão dormindo, não façam barulho.

— Ham… acho que ela vai precisar entrar no chuveiro, será que… — Shawn diz, meio sem jeito.

Anne nunca escondeu seu desafeto por ele, e acho que ele também já percebeu isso. Mas espero que esse momento não se torne algo sobre os dois ou como um não tolera a presença do outro.

— Eu faço isso. — Anne diz logo em seguida, deixando que Katy se apoie em seus ombros enquanto a leva para o seu quarto. — Podem me esperar na sala, eu não demoro.

Sem muito o que dizer e ainda preocupado com minhas próprias questões, caminho em direção ao sofá de couro e deixo que meu corpo afunde sobre ele. Meus ombros e costas doem, mas fisicamente me sinto melhor do que mereço.

Shawn senta-se na poltrona a minha frente, com muito cuidado. É um pouco engraçado de assistir.

Seus quase dois metros de altura e o conjunto de músculos definidos que são seu corpo, vão se acomodando com delicadeza, quase como se estivesse em uma casa de bonecas.

— Ele veio me entregar um documento.

O breve minuto de silêncio se quebra com sua voz, o cansaço audível.

— Eu não entendi.

— Meu pai, Ansel. O documento na pasta que ele me entregou era uma certidão de emancipação. Os bens, a empresa dele, minha herança… Era a única coisa que ainda nos ligava, um ao outro.

suas palavras me forçam a encará-lo. Gostaria de parecer mais surpreso, no entanto, ver como ele parece exausto e machucado me fazem pensar que toda a situação com seu pai, é responsável por boa parte de suas cicatrizes.

— E-eu sinto muito. — Gaguejo.

— Eu achei que ia me sentir melhor, porque foi esse o combinado. Não ter ele por perto, nunca mais, eu achei que iria resolver.

— Por que será que nossa primeira ideia é sempre se afastar deles? dos nossos pais. Eu venho fugindo da conversa com meus pais, da mesma maneira que a Katy se nega a ter qualquer contato com a mãe dela… E olha onde estamos agora.

— Cara, nós somos completamente fodidos. — ele deixa escapar uma risadinha quando diz isso.

— Então agora você é responsável por si mesmo, pela sua casa… Você é oficialmente independente. Meus parabéns.

— Sinceramente? Não sei se isso é exatamente bom. E minha independência não seria aceita no grupo de pessoas que cuidam da própria vida. Eu sou rico, não preciso trabalhar ou me esforçar.

— Bom, você cuidou de si mesmo desde que saiu do colégio interno. Não está preso nem vendendo drogas. Acho que isso já é alguma coisa.

— Aqui não. — ele diz, olhando para trás de si mesmo, garantindo que estamos sozinhos.

— O que foi?

— Só você sabe sobre o colégio… E-eu nunca contei pra ninguém. — diz olhando para os próprios pés, meio sem jeito. — eu não quero que ninguém tenha pena de mim, não quero essa merda. Me promete que nunca vai falar sobre isso Ansel, com ninguém.

Com Amor (E Ódio), Seu ExOnde histórias criam vida. Descubra agora