Com Amor (E Ódio), Seu Ex

NOVE | Bom Para Ambos

Dedicado à cada um de vocês, que tem me acompanhado até aqui. Tudo isso é por vocês!
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Quando a claridade finalmente tocou meu rosto, acordei, com o corpo dolorido e uma dor de cabeça considerável, quase como se um rolo compressor tivesse passado por cima de mim.

Tomei um susto quando vi meu pai parado no batente da porta, me observando com um olhar estreito e desconfiado. Me levantei assustado, num sobressalto.

— Pai? — ainda confuso, com a voz grave. — ham, perdi o horário da aula?

— Não... Eu só queria ter certeza que você não iria sair para a escola e fugir do café, sem a gente ter uma conversa antes.

Meu coração dispara. Até porque, quem deve, teme.

— Ham... bem, pode esperar eu me trocar e lavar o rosto, talvez?

Lembro que estou só de cueca, embaixo do edredom.

— Vou ser rápido, prometo. Não sou como a sua mãe que faz uma abordagem mais longa. Aliás, desde que ela começou a estudar aquele livro de psicologia, tem se esforçado mais para entender você e Megan. O problema é que ela está focada demais nas teorias para perceber realmente o que está acontecendo.

Ele fala, e eu apenas engulo em seco, tenso com cada uma das suas palavras.

— Eu não sabia que você tinha outros amigos além da Anne e do Tobi. Você nunca trouxe mais ninguém aqui além deles...

— Bem, — penso numa resposta rápida. — jovens são assim pai. A gente conhece uma pessoa, troca e-mails, segue nas redes sociais. Amizades mudam, se expandem. Simples.

— Entendo. — comenta, parecendo não muito convencido do que quer que eu diga. — Aquele garoto... Como é mesmo o nome dele? Bem, de qualquer forma, ele não parece alguém muito legal para se andar junto.

— Quem? O Shawn? Ah, ele é legal. — minto.

— É, talvez seja. — papai concorda, falsamente, depois da de ombros. — Ele veio aqui ontem para fazer um trabalho de escola com você, até onde sabemos. Quero ver esse trabalho depois.

— Por mim, tá tudo bem.

Mantenho-me calmo por fora, embora eu esteja em pânico total. Mas parte do segredo de contar uma boa mentira, é convencer primeiro a si mesmo de que aquilo é verdade.

Se você puder confiar naquilo que sai de sua boca, todos o farão também.

— Ele passou a maior parte do tempo com você ontem, embora não tenha ficado muito tempo aqui para fazerem o tal trabalho. — ele diz, analisando a situação e procurando qualquer sinal suspeito na minha reação. — Vou falar para sua mãe fazer um jantar, para você poder chamar seus amigos, incluindo aqueles que não conhecemos. Quero ter a oportunidade de conversar melhor com esse Shawn.

Diz dando uma risadinha.

Merda! Isso está saindo do meu controle.

— Um jantar? Para os meus amigos... — testo a palavra em minha boca, vendo o quão desesperador isso soa, quando Shawn é incluído no meio.

— É isso aí. Veja com eles quando terão um tempo para vir aqui, e me avise.

— Combinado.

Nunca! Esse jantar não vai acontecer.

— Antes que eu me esqueça, outra coisa importante: sei que já conversamos sobre o fato de ter pego meu carro durante a noite, sem me avisar, para levar Tobi e seu pai ao médico. Mas não quero mais que algo assim aconteça, estou falando sério. Você nem tem carteira de motorista, e algo grave poderia ter acontecido.