04. KORA

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Enquanto eu subia o lance de escadas avistei a pequena Kora sentada no topo da escada, brincando com duas bonecas princesas. Assim que me viu ela ergueu suas sobrancelhas e se levantou. Ela é tão graciosa e seus movimentos são tão delicados.

Seu vestido florido a deixava com uma aparência ainda mais angelical. Ela arrumou a saia de seu vestido desfazendo o amassado na lateral devido a ela ter sentado em cima dele. Suas mãos delicadas se moviam perfeitamente como nos vídeos de aulas de etiqueta, movimentos lentos e graciosos, sempre com as pontas dos dedos para cima. A obsessão dessa família por bons modos me fazia me sentir uma desajeitada sem educação.

— Nós vamos brincar agora? — Ela perguntou inclinando o queixo para cima. Como uma princesa.

— Sim, mas é claro. Do que você quer brincar?

Ela esboçou um sorriso largo e apertou meu braço com uma das mãos, me puxando para que eu a seguisse. Eu estremeci com seu toque, sua mão está tão fria. É estranho. Achei que a mão fria do Dante ontem a noite foi devido ao frio da noite, mas está fazendo sol lá fora e a temperatura da casa esta normal. E  mesmo assim a Kora está com a pele extremamente fria.

Ela me puxou pelo corredor leste do primeiro andar — o corredor dos nossos quartos — Eu estava tão cansada ontem que não pude reparar nos artefatos pendurados nas paredes do extenso corredor. Vasos notavelmente antigos, pedras que pareciam ser preciosas, esculturas pequenas de diversas culturas, sem mencionar nos tecidos das cortinas e da tapeçaria que qualquer um poderia notar que eram requintados.

Chegamos a uma porta que fica ao lado do meu quarto. Ela saltitante e sorridente para mim, e eu totalmente paralisada e maravilhada pelo seu quarto.

E QUE QUARTO!

Vários tons sutis de rosa claro e lilás claro cobriam as paredes, as cortinas finas e a roupa de cama. Na enorme cama de princesa havia vários ursos, todos em uma fileira encostados em seus travesseiros. No canto do quarto havia várias bonecas bem organizadas e uma enorme casa de bonecas. E no teto, bem no meio do quarto, havia um enorme lustre, igual a todo outro cômodo da casa que eu ja havia entrado. Esse era um verdadeiro quarto de princesa.

— Vamos brincar de boneca. — Ela sentou-se no chão e deu tapinhas no mesmo para que eu fizesse o mesmo. — Essa será a sua — ela me entregou uma boneca princesa.

— E qual será a sua? — Perguntei enquanto encarava a variedade de bonecas em minha frente.

— Eu serei está aqui — Ela pegou uma boneca parecida com a cinderela.

— E qual será o contexto da brincadeira? — Perguntei enquanto a observava organizar um cenário com direito a castelos e cavalos brancos.

— Eu gosto de bailes, podemos brincar de baile? — Ela me perguntou com uma voz suave. Ela pareceu preocupada com minha reação.

— Claro! — Respondo entusiasmada.

Ela me olhou abrindo um sorriso largo.

— Meus irmãos odeiam essa brincadeira, eles sempre preferem jogar cartas — Ela me falou e revirou os olhos — tão caretas.

Eu sorrio com seu comentário. Ela não pareceu mais a garotinha tímida que invadiu meu quarto. Ela falou comigo tão abertamente que pareceu que me conhece durante toda a sua vida.

A Kora continuou organizando o cenário. Pegou uma caixa que tinha vários vestidos para bonecas e pegou uma arara pequena para eles. Ajudei ela a arrumar o cenário e ela se surpreendeu com isso. Da mesma maneira de quando eu toquei em seu cabelo. Ela cantarolava durante todo o processo. Parecia feliz e eu ficava contente com aquilo. Estávamos nos dando bem.

A Última - Saga A Última ● Livro 1Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt