33. RITUAL

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Eu olhava para o céu pela janela e avistava a lua cheia. Deveria ser por volta das onze da noite de segunda. Eu havia passado o dia inteiro nessa igreja velha. Apenas na companhia desses dois lobisomens e do professor. Eu ainda não conseguia confiar nele, mesmo depois das gentilezas — comida, cobertores, alguns minutos para um banho — eu havia negado tudo. Não queria aceitar nada.

 O sinal que o professor disse não chegava e eu não sentia nada. Nem algum mísero sinal. Fiquei feliz em saber que os Byron estavam respeitando a minha decisão. Não queria que eles se machucassem por mim. Eu não imaginava o quão difícil estava sendo pra o Dominic estar se segurando para não invadir esta igreja.

Eu estava pronta para confrontar o professor Montgomery, mas de repente escutei um coro, algo mais parecido com um cântico. Olhei pro professor e ele me deu um sorriso. Esse era o sinal. Estava na hora!

Caminhei com cautela para fora da igreja e avistei oito pessoas com capuz vermelho recitando o cântico em latim.

"Com o sacrifício vem o poder" 

Era isso que falavam sem parar. Seus braços estavam erguidos para mim, mas eu não conseguia ver seus rostos.

Os lobisomens começaram a uivar e as pessoas de capuzcomeçaram a falar mais alto. A energia que emanavam era tão poderosa que eu podia sentir todo o meu poder ascender. Era tão poderoso que eu lutava para me manter de pé.

 Sai da igreja e observei que cinco lobisomens surgiram e formaram uma linha em minha frente, todos parados como se estivessem esperando ordens. Os outros dois que estavam dentro da igreja se juntaram a eles.

— Impressionante não é? — o professor Montgomery ficou ao meu lado. — Aquelas pessoas são bruxos e bruxas renegados de seus clãs. Eles estão se sacrificando para que você tenha uma chance.

— Isso não faz sentido! — exclamei alto para que ele pudesse me ouvir. As bruxas não paravam de recitar o cântico e o vento estava ficando cada vez mais forte. 

Eu ainda não entendia como aquelas pessoas estavam dispostas a se sacrificarem por mim. Não fazia sentido que todas aquelas pessoas estivessem dispostas a ajudar no ritual mais proibido do mundo místico.

O professor Montgomery sorriu e colocou sua mão em meu ombro.

— Mália! Repita o mesmo cântico oito vezes e começará o ritual.

Eu respirei fundo enquanto procurava forças e coragem até de onde eu não tinha. Eu sabia que era errado o que estava fazendo, mas eu não podia negar que estava interessada em todo aquele poder.

Com o sacrifício vem o poder.

No momento que eu disse tais palavras uma das pessoas de capuz de repente se contorceu e caiu no chão. Ela gritava de dor e apertava as mãos contra o peito.

Andei alguns passos para trás assustada.

— Mália, esse poder é seu! Faça o que tem que fazer. Faça sacrifícios como sua ancestral.

Senti uma força extra se juntar à minha. Um poder novo, mais quente e mais sombrio que o meu. Eu estava apavorada. Eu queria esse poder, mas não conseguia acreditar que teria que sacrificar vidas para isso.

"Mália, faça!"

"Mália, não"

"Esse poder é seu"

"Lute contra isso"

As vozes em minha cabeça pareciam brigar entre si. Havia uma divergência nas opiniões. Eu não conseguia definir quais estavam certas e quais estavam erradas.

A Última - Saga A Última ● Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora