PRÓLOGO + 01. ACIDENTE

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A lua cheia iluminava toda a noite. Os ventos fortes balançavam as árvores em volta. E tudo o que se escutava eram os gemidos das pessoas à minha frente.

Uma forte força espiritual tomou conta do meu corpo por completo. Era como se eu estivesse sendo possuída por um imenso poder. Olhei para frente e os vi... as oito pessoas com capuz vermelhos abaixando suas cabeças e reverenciando-se para mim no momento em que a lua de sangue chegou a seu ápice. Este será apenas o meu começo. Ninguém jamais me verá como a frágil garota que precisa de proteção e supervisão.

Está na hora — disse olhando para todos à minha frente.

Senti uma mão tocar em meu ombro.

Mália, pare.

Avistei a figura de um homem jovem me segurar, mas eu era incapaz de ver seu rosto. Havia uma névoa que impedia que sua face fosse revelada. Eu não conseguia distinguir quem ele era mesmo que eu tentasse.

O alarme começou a tocar me indicando que já eram oito da manhã.

— MÁLIA FILHA, DESÇA LOGO! TEMOS QUE TERMINAR DE ARRUMAR AS COISAS — Escutei a voz da minha mãe vindo do andar de baixo.

Levantei-me com dificuldade tentando não tropeçar nas várias caixas espalhadas pelo chão do meu quarto. Estávamos nos mudando mais uma vez. Eu não entendia essa necessidade constante que os meus pais tinham de ficarem mudando de cidade, de estado ou de país. Tudo isso era confuso. Era como se eles tivessem medo das pessoas.

Após me trocar desci as escadas enquanto fazia um rabo de cavalo no meu longo cabelo alaranjado. Caminhei até a cozinha onde avistei minha mãe preparar umas deliciosas omeletes.

— Bom dia, filha!

— Bom dia. — Minha voz não demonstrava tanto entusiasmo quanto a de minha mãe.

Meu pai logo apareceu me dando um beijo e sentando-se a mesa.

— Bom dia, filha. Dormiu bem?

— Não muito. Aqueles sonhos estranhos estão voltando... — Disse a ele após um longo suspiro.

— E como são os sonhos?

— É como se fossem reais e ao mesmo tempo tão inacreditáveis.

Meu pai me encarou confuso.

— Como assim inacreditáveis?

O encarei antes de continuar. Eu já havia sido repreendida muitas vezes pela minha mãe por causa desse assunto. Antes eu pensava que ela me achava louca, mas depois de tantas discussões percebi que ela evita o assunto por um motivo ainda desconhecido por mim.

— Hoje sonhei que eu estava meio que controlando pessoas com capuz vermelhos com uma espécie de poder estranho.

Meus pais se encaram e suspiraram fundo.

Eu sabia o que aconteceria depois desses suspiros. Discussão. Sempre acontecia. E em todas elas minha mãe era a culpada.

— Querida, não acha que é melhor contar-lhe a verdade? — Meu pai perguntou para minha mãe — Ela já vai fazer dezesseis anos.

— Não vamos tocar nesse assunto — Ela retrucou.

— O que? Espera aí, que assunto? — Perguntei confusa.

Era a primeira vez que meu pai falava aquilo. Eu sabia que tinha algo por trás da raiva dela por aquele assunto, mas não tinha confirmado ainda.

— Nada filha, seu pai está inventando histórias.

A Última - Saga A Última ● Livro 1Where stories live. Discover now