7.

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e vamos de último capítulo neh

Camila

Dinah está pegando comida para nós quando Fiona me liga.

– Seu pedaço de merda. – diz ela antes que eu possa falar o meu 'olá'. Sua voz falha no final e faz meu estômago embrulhar.

– O que está acontecendo, ela está melhor? Está saiu da cirurgia agora, certo?

– As malditas enfermeiras são inúteis e... – ela para e se recompõe. – Eles me disseram para dar uma volta. Ela saiu, mas a pressão sanguínea não vai simplesmente melhorar.

– Eles precisam fazer alguma coisa então. – eu digo, levantando minha voz como se isso fosse mudar as coisas. Eu continuo divagando: – Por que ela saiu da cirurgia se não está melhor?

– Eu te odeio, você sabe. – diz Fiona.

– Eu sei. – eu respondo culpada.

– Não. Você não sabe da metade. Quantos anos eu tive que vê-la lidar com suas merdas. – ela cospe. – Tudo que eu sempre desejei foi que ela tivesse uma vida normal, com sua mãe verdadeira e um pai que não fosse tão patético. E eu gostaria que ela não tivesse você, então ela falaria com outras garotas ao menos uma vez. E faria mais amigos sem sua merda esquisita, tornando a vida dela um inferno. Você é uma alma gêmea de merda, Camila Cabello. E eu gostaria que ela nunca tivesse conhecido você.

Fiona continua me xingando, mas eu apenas deixo.

– ... eu gostaria que ela nunca tivesse conhecido você.

É doloroso que podemos nunca mais nos encontrar. Apenas aquela vez quando eu caí no quarto dela no meio do ar...

E é aí que me ocorre.

E se Dinah estiver certa? E se Lauren e eu nos tocarmos? Vai consertar isso?

Eu segurarei sua mão, beijarei cada centímetro de seu rosto, farei o que for preciso para acabar com isso. E talvez quando a magia acabar, a dor dela acabe e tudo volte ao normal.

Um normal que nunca tivemos.

Minha mão se afasta da minha cabeça e meu telefone pula dela. Ele cai no chão e minha mão é puxada novamente, me puxando para frente.

Eu vejo a corda vermelha. Está esticada, desaparecendo debaixo da minha porta, e eu abandono meu telefone. Deixo Fiona e não deixo nenhum bilhete para Dinah. Estou indo por puro instinto quando deixo que me atravesse pela porta.

Ele serpenteia pelo corredor, absolutamente sem folga, contorcendo-se nos cantos e espremendo-se entre as costuras de todas as saídas do prédio que por onde passei. Fica dando voltas na calçada enquanto eu a sigo.

As pessoas ficam me encarando enquanto eu corro. Pareço uma pessoa maluca com sapatos rasgados correndo pelas ruas molhadas com o braço estendido à sua frente. Uma psicopata que atravessa casais e olha para algo a poucos metros à frente que é invisível para o mundo.

Mas eu não paro. Forço uma perna na frente da outra e continuo correndo, queimando e abastecida apenas por adrenalina e intuição. A corda puxa de novo e eu quase perco o equilíbrio ao sair de uma curva; então, novamente mais tarde, quando eu pulei uma cerca para seguir a corda por cima dela.

Mal percebo que estou a uma barreira de metal enferrujada de uma rodovia movimentada de cinco faixas até que ela para de puxar e de repente se estica, afundando fracamente no chão à minha frente.

Não consigo ver o fim; só que continua pelas ruas onde carro após carro dispara e passa mais rápido do que eu consigo distinguir. Estar tão perto deles faz os pelos dos meus braços se arrepiarem. Estremeço com a lembrança de ter sido atingida há menos de vinte e quatro horas atrás, mas a corda me quer aqui por um motivo.

All This Soulmate Shit (Short Fic)Where stories live. Discover now