Capítulo Dezenove

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Ayla tinha consciência que não podia jogar todo a culpa para cima do filho do prefeito, pois também não havia feito muitos esforços para que as coisas entre os dois melhorassem. Bom, ainda possuía amor-próprio e não iria ficar correndo atrás de Henrique para pedir desculpas ou algo do tipo.

Naquele momento, sentada ao lado de Santi, finalmente estava tendo a oportunidade de esclarecer, de uma vez por todas, as dúvidas que rodeavam sua cabeça sem parar.

— Eu tenho uma coisa pra te mostrar — informou soltando os talheres dentro do prato e fitando o garoto um pouco ansiosa. — Na verdade, te entregar.

— O que é? — ele arqueou sobrancelhas, limpando os cantos de sua boca.

Ayla virou-se de lado, respirou fundo e puxou para fora de seu bolso o fone que estava guardando há mais de três dias. A verdade é que ela não havia conseguido criar coragem para abordar aquele assunto com Santi. Porque mesmo que soubesse que ele não era capaz de assaltar um lugar, principalmente o local onde ela trabalhava, ficava um pouco receosa em saber o motivo do seu fone ter sido encontrado justo na ala administrativa.

— Isso é seu, certo? — estendeu o objeto em direção ao garoto, que a encarou confuso por alguns segundos. — Eu sei que é seu porque tem a suas iniciais: SM.

— É — Santi pegou os fones de sua mão. — São sim. Onde achou?

— No cinema.

— Ah — disse baixinho evitando manter contato visual com ela.

— Quando você foi lá? — Ayla não sabia exatamente o motivo de estar fazendo aquela pergunta para Santi, como se realmente estivesse desconfiada dele. Mas ela e Henrique haviam se desentendido exatamente por causa daquele fone e se quisesse fazer as pazes com ele novamente, precisava ter certeza da inocência de seu amigo.

— Algumas semanas atrás, não lembro o dia — deu de ombros como se não fosse nada de mais. — Acho que você tava de folga.

Ayla piscou os olhos rapidamente procurando ficar calma. Estava tudo bem. Santi não havia roubado o bracelete.

— E... Por que seu fone tava na ala administrativa do cinema?

— Como assim?

— A ala administrativa é reservada apenas aos funcionários e não é necessário passar por ela pra chegar até as salas de exibição.

Santi coçou a nuca voltando a comer sua macarronada um pouco sem jeito.

— Bom, como eu nunca tinha ido até lá, acabei me perdendo quando fui procurar um banheiro.

Ayla balançou a cabeça lentamente buscando absorver tudo o que garoto havia acabado de falar. De certa forma, suas justificativas faziam sentido. Mas ela ainda se sentia como se ele estivesse deixando de falar algo.

— Olha, eu não sou muito de me gabar, mas essa macarronada tá ótima — disse Santi completamente alheio as suas desconfianças. Ela forçou um sorriso para sua constatação e voltou a comer, procurando deixar para trás todos aqueles pensamentos.

Santi não era um ladrão.

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