Capítulo 5 - O Segredo do Barão

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    Mikhail fechou o notebook e voltou para a janela, dessa vez estava de pé. Não conseguia ignorar o frio na barriga que sentiu quando ouviu a voz do Tenente-Coronel Maximiliano.

— Boa noite excelência

— Boa noite raposa — respondeu Mikhail com uma voz aparentemente desanimada chamando pelo codinome do militar — alguma novidade?

— Sim Lobo... Descobrimos que os membros do grupo que vem agindo na malásia tem a proteção de um político corrupto local como o senhor suspeitava.

Apesar da segurança das conversas manter o protocolo de segurança era imprescindível.

— Certo. Envie uma mensagem ao Sultão local e faça que ela chegue até o chefe da polícia também. Espero que esses ratos não tragam mais problemas para nossas operações em Singapura e Hong Kong.

Mikhail ficou em silêncio por alguns minutos até tomar coragem para perguntar.

— E aquele outro pedido? Foi realizado?

— Sim Lobo. O pacote chega até você em breve.

— Quem entrega?

— A raposa branca entrega.

Mikhail voltou a ficar atônito, raposa branca era o codinome da duquesa em viagens oficiais.

— Porque a raposa branca foi envolvida? — perguntou Mikhail sem alterar o tom da voz.

— Porque para cumprir os prazos precisei de credenciais que só a raposa branca tinha.

Maximiliano sempre pragmático, pensou Mikhail.

— Quanto tempo para a entrega?

— Hoje a noite será entregue... Boa sorte lobo.

— Obrigado raposa. Mantenha a atenção em nossa matilha — pediu Mikhail ao Coronel.

— Afirmativo, mas preciso dormir lobo. O dia foi mais agitado do que esperava.

Mikhail desligou o telefone e se jogou no sofá tentando relaxar, agora até a duquesa sabia sobre seu "filho bastardo", para sua sorte como se tratava de um protocolo de segurança ela seria obrigada manter segredo.

Eram quase três da manhã quando o telefone do seu quarto tocou.

— Alô — Mikhail atendeu sonolento.

— Alô Excelência, sou eu Dayana.

Ao ouvir a voz da duquesa Mikhail sentou na cama.

— Em que posso ajudá-la Vossa Graça? — perguntou Mikhail.

— Poderia vir aqui agora? — disse a duquesa com a voz envergonhada.

Mikhail congelou na cama. Será que tinha escutado direito?

— Seu... Seu pacote chegou barão... — disse a duquesa.

Apesar de estar namorando, Mikhail não conseguia ignorar o charme da timidez da jovem de vinte sete anos que falava com maestria frente às câmeras, mas era reservada como uma pomba em conversas pessoais. Pelo menos era assim que ela se apresentava para ele.

— Sim Vossa Graça. Estarei ai em breve.

— Vou estar esperando.

Minutos depois o barão estava frente a porta da suíte presidencial ocupada pela Duquesa de Sabah, também conhecido como o "Ducado Judaico" por causa da origem de seus ocupantes.

Minutos depois o barão estava frente a porta da suíte presidencial ocupada pela Duquesa de Sabah, também conhecido como o "Ducado Judaico" por causa da origem de seus ocupantes

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Mikhail foi recebido pela governanta pessoal da Duquesa que o conduziu até a câmara privativa. Ali, sentada em sua cama usando um vestido casual violeta com detalhes prateados estava Dayana Brauer, a nobre responsável pelas cidades que ocupavam a região de Sabah. Com o cabelo loiro solto e olhos verdes vivos, Dayana analisava algumas revistas e documentos. Sua fisionomia cansada logo foi iluminada ao perceber a presença do barão.

— Parece que finalmente podemos conversar — disse ela em um tom informal.

Coube a Mikhail formalizar a conversa.

— Vossa Graça, obrigado por ajudar a resolver esse problema, mas agradeceria se o teor da entrega fosse mantido em sigilo.

A frase pareceu incomodar Dayana que respondeu um pouco ríspida.

— Barão sou uma representante do Reino de Artaxia, já recebi documentos mais sigilosos que o seu.

Mikhail fez uma pequena reverência.

— Peço desculpas Vossa Graça, não foi minha intenção — respondeu Mikhail em um tom solene.

A duquesa deixou escapar um sorriso.

— Imagino como deve ser difícil a situação do senhor

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— Imagino como deve ser difícil a situação do senhor. Não se preocupe, mais que um nobre o senhor é um amigo.

Por alguns minutos os dois se encaram até que a governanta entrou na câmara interrompendo a tensão. Estar na presença de Dayana sempre deixava Mikhail desconfortável. Entretanto ambos eram de hierarquia social relativamente distintas e idades distintas, além disso o barão tinha um relacionamento sólido com sua namorada, não fazia sentido estragar tudo por causa de uma aventura.

A tragédia que havia afetado sua juventude havia deixado marcas profundas no homem de quase quarenta anos. Profundas demais para alimentar uma paixão sem sentido.

— Sim... Aqui está.

Dayana retirou entre os papéis um envelope lacrado vermelho que lembrava mais um convite de festa que uma mensagem oficial e entregou ao barão. A governanta silenciosamente colocou uma bandeja de prata com louça de porcelana na cama da nobre e se retirou sem fazer comentários.

— Eis a sua resposta barão.

O barão abriu o envelope o procurou no topo do documento o resultado.

"POSITIVO"

Suas pernas tremeram e seus olhos buscaram por um lugar para apoiar-se.

— Tudo bem barão? Por sua reação creio saber qual a resposta... — comentou a duquesa enquanto adoçava o chá — Me acompanharia no chá Barão?

Mikhail fez uma breve reverência em agradecimento, mas acenou recusando.

— Creio que preciso... Preciso ficar sozinho Vossa Graça.

A duquesa acenou autorizando com um sorriso leve em seus lábios.

— Boa noite Barão de Monte Noir — disse ela.

— Boa noite Duquesa de Sabah — respondeu ele.

A duquesa suspirou acompanhado Mikhail com os olhos. Em seu interior se perguntava que outros mistérios carregava aquele homem cujos os olhos negros e profundos invadiam o espaço que ocupava.

Mikhail atravessou a porta e se despediu da governanta e da duquesa. Ao cruzar os corredores e procurava desesperadamente o cartão do seu quarto.

Para seu alívio o caminho até a entrada do seu quarto foi mais rápida do que ele imaginou que seria. Mikhail abriu a porta e... desabou no chão.

O peso de quinze anos, desde o falecimento de sua esposa grávida era forte demais. Ainda lembrava dos planos do casal e da felicidade de saber sobre a gravidez da amada. E da sua viagem após a morte dela.

E ali na escuridão da luxuosa suíte digna de reis, o barão chorou como o mais humilde dos homens. 

O Filho do Barão [COMPLETO]Where stories live. Discover now