Capítulo 1

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"Não é tão ruim..."

Foi meu primeiro pensamento quando entrei naquele pequeno dormitório, com paredes pintadas num tom azul escuro e duas camas posicionadas paralelamente, encostando nas paredes, separadas por uma cômoda de madeira escura. Ao lado da porta, a escrivaninha ainda vazia e um guarda-roupas embutido na parede a minha esquerda, que não parecia muito espaçoso, mas havia de ser o suficiente.

Me aproximei da cama, a qual tinha acabado de decidir que seria minha, visto que o meu novo colega de quarto não havia chegado e isso, provavelmente, me dá o direito de escolher primeiro, certo?!

-É uma beleza hum?! – Lottie disse num tom debochado em meio a uma leve risada, recebendo um olhar de desaprovação de minha mãe em seguida.

-Melhor do que dividir o quarto com duas crianças – Retruquei, colocando minhas duas malas sobre o colchão e olhando para ela, apenas para receber seu revirar de olhos e uma carranca.

-Quer ajuda para arrumar as suas coisas Boo? – Minha mãe questionou se aproximando de mim, com aquele olhar melancólico,

Eu tinha quase certeza que ela estava prestes a se debulhar em lágrimas, e confesso que no fundo eu também estava receoso de fazer o mesmo.

Nunca estive longe de minha família antes, sempre fomos eu, minha mãe, Lottie, Fizzie, Phoebe e Daisy. Vivendo naquela pequena e confortável casa em Doncaster, era simples, e minha mãe trabalhou muitos turnos no hospital para que tivéssemos o que comer e vestir. Aos 16, quando comecei a trabalhar na Toys "R" Us foi uma grande satisfação, pois pude ajudá-la em casa e a sustentar minhas irmãs. Mas agora ela teria que voltar a se virar sozinha... pelo menos tinha Mark, que era um cara legal e me prometeu cuidar de minhas garotas, ele me deu sua palavra e sabia que isso sempre foi algo muito significativo para mim, mesmo não sabendo ao certo o porquê.

Nem eu sei muito bem, apenas sei que desde que me lembro, quando dava minha palavra a alguém, era a promessa mais forte que eu podia fazer e sentia o mesmo quando as pessoas diziam isso para mim. Por isso nunca dei minha palavra a não ser que tivesse certeza que poderia cumprir com aquilo; Lottie dizia que isso era coisa de gente velha, mas eu não costumava a dar ouvidos a maioria das coisas vindas dela.

-Não mãe, eu consigo colocar minhas roupas num guarda-roupas. – Disse repousando minha mão em seu ombro – Não é como se tivesse tantas assim... – Dei um leve sorriso, na tentativa de fazê-la sorrir, mas falhei.

Um sorriso triste e quase imperceptível apareceu em seus lábios, seguidos por algumas lágrimas que começaram a rolar. Ela levou as mãos ao rosto, tentando esconder o choro.

-Oh mãe, por favor – Disse a puxando para um abraço, segurando o nó que se formava em minha garganta – Não vai chorar hum?! Eu não estou morrendo.

Minhas palavras não pareceram fazer efeito, pois as lágrimas e soluços aumentaram ainda mais, e não pude deixar de olhar por cima de seus ombros, vendo Lottie parada com os braços cruzados, fazendo o maior esforço que podia para segurar as que se formavam em seus olhos.

- Tudo bem, vocês parem já com isso! - Disse num tom mais animado e saindo do abraço de minha mãe, a olhando no rosto – Hey, deviam estar felizes por mim ok?! Estou começando o que dizem ser a "melhor fase da vida"! – Meu tom era o mais animado que eu poderia fazer naquele momento, em que lutava contra a vontade de chorar que crescia dentro de mim.

Minha mãe soltou uma leve risada e enxugou suas bochechas molhadas.

- Estou muito feliz Boo, e orgulhosa – Ela disse deixando um sorriso surgir em seus lábios.

- Obrigado, mas não pode ficar me chamando assim por aqui mãe...- Disse entre os dentes, imaginando o quão constrangedor seria meus futuros colegas de faculdade saberem desse apelido, o qual minha mãe havia criado para mim.

- Verdade, vai acabar afastando os caras da fraternidade... – Lottie soltou num tom provocativo e eu me limitei a revirar os olhos, como resposta ao comentário malicioso de minha irmã mais nova.

- Sabe que se continuar sendo pirralha eu não vou te apresentar nenhum dos meus amigos da "fraternidade" né?! – Disse com os olhos semi-cerrados e fazendo o sinal de aspas com os dedos.

Eu e Lottie gostávamos de nos provocar, mas a verdade era que esse era nosso jeito de dizer o quanto nos amávamos.

-Não vai apresentar de jeito nenhum! – Minha mãe interrompeu num tom divertido, mas ainda sim, verdadeiro

- Estou brincando mãe – Disse rindo um pouco, tranquilizando minha mãe – Até parece que caras da faculdade querem algo com adolescentes de 15 anos – A provoquei mais uma vez.

- Hey! – Ela franziu as sobrancelhas e ergueu o dedo indicador em minha direção – Farei 16 em breve! – Rosnou.

- Pois então namore garotos de 16 – Minha mãe disse antes que pudesse pensar numa resposta – Assunto encerrado. – Concluiu cruzando os braços, enquanto os olhos de Lottie reviravam novamente.

Após alguns longos minutos, finalmente conseguimos nos despedir de vez, em meio a mais lagrimas de minha mãe e meus olhos marejados, ambas saíram pelo corredor movimentado do prédio, me deixando sozinho, no que seria minha nova residência por no mínimo 4 anos.

Suspirei fundo e mandei a vontade de deixar a água em meus olhos cair, ir embora, decidindo começar logo a arrumar minhas roupas e outras coisas. Abri minha mala e retirei de la algumas peças de roupa, coloquei na cama e fiz o mesmo com o restante das peças que haviam sobrado na mala, quando algo fez um pequeno barulho de metal caindo no chão.

Olhei imediatamente em direção aos meus pés, mas não vi nada além de meus tênis surrados de segunda mão. Conclui que o objeto havia rolado para baixo da cama, e me agachei para pegá-lo, passando a mão pelo chão, mas mantendo a cabeça erguida, não encontrei nada. Após um suspiro impaciente, inclinei meu corpo pra frente, quase encostando o peito no chão, na tentativa de ver o que havia debaixo do móvel, enquanto mantinha meu quadril elevado, agradecendo por estar sozinho naquela cena deplorável. Logo vi a pequena moeda caída e suspirei, afinal não era nada demais.

-Er... Oi? – uma voz masculina soou no ambiente, parecendo confusa.

Droga!

Devia ser meu colega de quarto, e claro, que a primeira imagem que ele tem minha é a da minha bunda apontando pro teto. Ótimo! Precisava sair daquela posição logo.

Arrastei meu corpo um pouco pra trás, e fiz a primeira tentativa de me erguer, porém fui impedido ao bater minha cabeça na madeira da cama com tudo.

Patético.

-Aaai - Exclamei de dor, levando minha mão no local dolorido, e finalmente conseguindo me levantar, com certa dificuldade.

- Hey, está bem cara? – A voz masculina disse, parecendo preocupada.

Foi quando meus olhos fitaram o rapaz em minha frente. Ele era magro, com os cabelos negros formando um topete muito bem penteado e brilhante, sua pele era bronzeada, seus traços formavam um rosto perfeitamente harmônico e seus olhos tinham uma cor única, parecendo uma mistura de mel, com avelã, contrastando com seus cílios perfeitos e maçãs do rosto perfeitamente desenhadas.

***

// Oii, este é apenas o primeiro capitulo, e eu ainda estou no processo de escrita. Essa é minha primeira fic Larry, por isso peço paciencia de vocês comigo. Por favor comentem e deixem o feedback do que estão achando a cada capitulo, vai ser muito importante para mim.

Até mais... //

Our Past - Larry StylinsonWhere stories live. Discover now