16.

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Piranha 👺

Murmurei um palavrão, relembrando do porquê tive que largar o Rb de mão.

Aquele dia foi sinistro, pô. Fomos confiar em desconhecidos e rachamos a cara no asfalto. Era pra eu comandar o bagulho sem deixar erros, mas vê se consegui? Consegui nada.

Ganhei um puxão de orelha, e ainda paguei de vacilão com meu melhor amigo.
Deve tá se remoendo de ódio, não julgo, a razão é dele dessa vez, tá ligado?

Foi malzão minha atitude de emocionado, meti os pés pelas mãos e decepcionei uma pessoa que sempre esteve pro que der e vier.

Mas é aquilo, antes ele do que eu.

Ralei peito quando o bagulho ficou doido, enxergava tudo preto, sem consciência nenhuma. Apenas com os pensamentos nas minhas cria, se eu fosse em cana, como elas ia se virar nesse mundão maldoso?

Pois é, a vida não é um morango, às vezes temos que cometer certos sacrifícios pra não desmoronar.

Bloquiei o iPhone, me despedindo de geral da biqueira e piando pra casa na minha bebê. Que inclusive, tenho que encher o tanque, porém tá caro demais e da última vez um arrombado encheu até a boca de combustível, danificando a bomba elétrica. Tenho que achar um de fé, mas é difícil rapaz, né qualquer um que põe a mão na preciosa não.

- Aí, esse Negão da BL é um estrago, ô gostoso da porra. - estacionei a moto na calçada, pegando o finalzinho da conversa.

- Estrago vai ser o que vou fazer na tua cara, rapá, se toca - tirei o capacete, indo na direção dela e da amiguinha. - Já lavou a louça, Yvana?

- Paiê, me deixa requebrar, vem querer puxar minha blusa não. - me agarrou, toda melosa, envolvendo os braços no meu tronco descoberto.
- E a camisa, meu filho? - perguntou, cínica.

- Cala a boca, o pai sou eu, não ao contrário. - me separei. - cadê tua irmã? - coloquei o boné pra trás, tirando pelinha do beiço com o dente.

- Tá lá assistindo aquela novela infantil do sbt chata. - ergui a sobrancelha, recebendo um tapa leve de surpresa. - que não acaba nunca, a tal de Poliana, cê sabe qual é.

- Tá, vou parti. - abracei ela de novo. - meia noite em casa ein, nem tenta dá perdido que eu tô de olho. - alisei seu cabelo preto cacheado.

- Como senhor quiser, pai. - revirou os olhos, correndo pra sentar a bunda gorda no chão.

- Valeu aí, colega. - fiz sinalzinho de legal.

- Tchau, tio - acenou.

POETA CORAÇÃO Where stories live. Discover now