POETA CORAÇÃO

O2.

Olinda 🎭

Simaria: Ódio dessa mapoa. Toda songa monga, sem sal, açúcar, tempero, mais fria que a frozen, eu hein. - reclama fazendo gritarem pra ela calar a boca pela milésima vez. - Ih... falei mentira? Essa Mariana Ruy Babosa sabe atuar nada.

Suzana: É Marina Ruy Barbosa, burra! - empurra o ombro dela que revida com um porradão no peito.

Daqui a pouco essas duas tão caindo na porrada, nunca vi gêmeas tão chatas, não é atoa que meio mundo quer a cabeça delas.
Vivem caindo no soco firme, as carcereiras tão acostumadas já, não se metem mais, porque da última vez as duas descontaram numa aí que foi separar, a garota saiu destruída, arrancaram o mamilo no dente.

Finjo nem conhecer, o negócio é ficar quietinha na minha fazendo a Kátia. Briga caralho nenhum, sei como sou pô, só entro em briga se for pra sair morte, caso contrário tu nem vai ver minha cara no meio.

As visitas foram tranquila aparentemente, conseguiram esse celular através da namorada delas aí, tô ligada em quem não. Ouvi falar que na buceta da mina coube dois telefones e
dois saquinhos de cocaína.

Hm, umas parada estranhona.

Sei nem como elas enfiam esses bagulho enorme lá.

Pagaram a carcereira, baixaram o goblo play e YouTube. Estão vendo uma novela aí, já sei até o que tá acontecendo de tanto que a Simaria fala. Parece narradora porra, insuportável.

Dez cabeças pra ver um Samsung pequenininho, auge da pobreza.

Estava sentada afastada como sempre, cara amarrada e atenta a tudo. Desde quando as visitas acabaram a Alana tá deitada, não mecheu sequer um dedo. Mas não tô preocupada com isso não, na moral. É aquilo né, é bom palmear tudo, as coisas mais imprevisíveis acontecem debaixo do teu nariz.

Desconfiança nunca é demais.

Samantha: Eu preciso sentar, rebolar, quicar, fazer malabarismo numa pica, não aguento mais bater siririca vendo os homens nas revistas. - abanou o rosto, revirando os olhos - Preciso de um negão bombeando forte até minha buceta dizer chega. - gargalharam.

Bruna: Deu mole, terminou com o bofe.

Samantha: Terminei não, vi ele comendo uma puta na cama, fizemos um ménage e depois tentei queimar o lazarento quando tava dormindo. - sentou do lado das gêmeas que dividinham um baseado.

Bruna: Qual é desse teu fetiche em matar os outros dormindo?

Samantha: Fetiche nenhum. Só mato eles dormindo porque não vão poder fazer nada. - piscou, se achando a último biscoito do pacote.  - Cobra da picada assim, em momento de vulnerabilidade, tu tem que aprender comigo. - estalei a língua, olhando de canto.

Simaria: Vem dá uma de broncuda não, esqueceu que você foi pega em flagrante? - deu risada destilando veneno.

Simaria é fudida, mas é uma fudida consciente e sincerona. Confesso é a minha gêmea favorita.
Fala demais quando é pra ficar pianinho, por isso e por outras que acaba sempre embolada em brigas alheias.

Samantha: E você? Uma rata, vivia roubando sua imunda, vai lavar esse chiqueiro dessa buceta, porca. - levantou batendo na mão dela e derrubando o baseado no chão.

Simaria: Quer me chamar de rata, piranha, suja, me chama. Mas não encosta no meu finin não, foi tu que pagou? Foi tu que fez? - empurrou ela pra trás. - Responde, filha da puta. - berrou.

Samantha: Jura? - colocou a mão na cintura e bateu palmas debochando, balançando a cabeça de um lado pro outro. - Deu a buceta pra pagar né, sapatão escrota.

Pra que ela foi falar? Só escutei o impacto do retão na fuça.

Ri, vendo o embolôlô que virou. Era só Samantha e Simaria, do nada começou a entrar várias na porrada, bateram de igual pra igual, mas as gêmeas fazem isso por hobby né, se sobressairam.

Se não acabarem com isso logo vão pra solitária.

Você avisou? Nem eu. Fiquei no cantinho rachando o bico. Quanto menos nessa cela, mais minha felicidade, quero que se foda.

As outras dententas começaram a gritar motivando a briga, apesar disso, rendeu muito não. Lourenna mandou o papo serinha e parou com a palhaçada.

Brigando por maconha, te falar viu... essa cadeia tá mais pra hospício, só tem louco.