14.

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1 mês depois.

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Rb 👻

Cai, e cai sozinho. Os d' raça que batia no peito pra me chamar de amigo, vivaram a cara, me deixaram mofar aqui dentro.

Um mês se passou, mas ainda tá na mente a traição fudida que fizeram contra mim. Nós finge, nós só finge mermo que é otário pô. Sou o trem, não os trilhos, passa nada e nem pode.

Aqui na cadeia as coisas são frenética, sobrevive quem tem disposição, o resto é resto. E vou te falar? Tô no sufoco, os polícia filha da puta me colocaram num pavilhão junto dos moleque da facção rival. Porradaria dia inteiro fi, sem massagem.

Eu tô morando na enfermaria de graça, a dona que cuida de nós tá enjoada de tanto me vê, sem neurose, mas posso fazer o quê? Nada né.
Piranha entrou em contato duas vezes, conversinha meia-boca, dizendo mó parada de motivação que ia esperar a poeira abaixar pra me liberar da tranca. Fingido.

Fui deixado ao deus dará, a única pessoa que me estendeu a mão foi a Hinaki. Papo reto, nunca sequer pensei nessa parada, tendeu? Aconteceu do nada, nenhum dos dois tava planejando, até porque nosso santo não batia.

Num dia tava me xingando, no outro sentando pra mim, pique doidera o que rola entre a gente.

Tem sentimentos não, ela é um lanchinho barato que serve e desce legal, só. Apesar disso, me faz um bem danado, durmo acordado pensando na próxima visita íntima.
Deve ser carência.

Anteontem sai no soco no refeitório com um noiado aí, tava comendo na moralzinha e me deram um pescotapa, nem liguei pra quem foi, reboquei maneiro.
Problema foi depois, o cuzão saiu descontente, sem dente, todo ferrado e resolveu fofocar pras putinha que come ele, juntaram pra cima o bonde todo, quase morri mané, fiquei só o pó da rabiola.

Tô só guardando as covardia comigo, uma hora ou outra a cobrança chega pra todos, e não vou aliviar, vou pisar onde mais dói, onde mais afeta.

- Olá. - continuei bater perna no chão, agoniado. - Tudo bem? - sentou com cuidado na cadeira, como se eu fosse atacar. Nada a ver, carai, minhas mãos tão presa pra trás.
Tenho giromba grande, mas sou o hulk não. - Pode ficar à vontade. - tirou a bolsa do colo. - Me chamo Lívia.

De tanto me sacanearem, os gente fina ficaram com pena, fita estranha, disseram que uma profissional, essas coisa de pancado da cabeça, queria trocar uma ideia comigo e pá.

- Sou uma psicóloga e psiquiatra, especializada em medicina comportamental. - troquei a posição, incomodado. - Vamos somente conversar nos baseando nas suas expressões, as que foram iniciadas numa pesquisa realizada por nós, médicos iniciantes. Então... - cruzou as pernas. - Não se sinta oprimido, nem pressionado, estamos querendo apenas ajudá-lo a ter uma melhoria considerável e adaptação imedita para se controlar.

- Ih, parceira, tô lúcido até demais. Preciso da tua ajuda não, sei me virar. - falei, fazendo careta.

- Claro, tenho certeza que sabe. - abre a bolsa rosa, sorrindo de lado. - Os seus machucados e sua perna enfaixada são provas disso. - ironizou.

POETA CORAÇÃO Where stories live. Discover now