O5.

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Olinda 🎭

Olhei pro sol sentindo meus olhos arderem.
Desanimada. Só uma palavra me define agora.

Suspiro, fechando as pálpebras já doloridas.

Em volta as conversas se tornam cada vez mais angustiante, se pudesse ter o super poder de desativar e reativar a audição usaria provavelmente em quase todas situações.

Engoli a gororoba com muito esforço. Aqui isso é mordomia. Quando você faz algo que desagrada os "superiores", as punições são severas. Mas, como já diz o Mano Brown: "Eu vejo a injustiça. Falo como vejo as coisas. A polícia é preconceituosa." não só preconceituosa, também gosta de usar atributos corruptos e covardes.

Generalizar é antiético, eu sei. O problema é minhas experiências com essa instituição, tendeu? Nada que pensou eu tirei da imaginação, foram fatos que aconteram, e deixaram marcas em mim.

Agora me diz, eles nos trata como lixos. Tratam o meu povo como lixo, matam a sangue frio. Como não sentir ódio?

Mastigo o bife, estava duro, então passo a língua porque grudou no meu dente.

- Oi, me chamo Sueli. - sentou na cadeira de aço, sorrindo amarelo. - andei reparando, você é a mais nova e quieta daqui.

Prestei atenção bem na aparência dela. Cabelos negros, fios brancos, aparentemente uns quarenta e pouquinhos anos. Tá véia já. O que é que essa porra quer comigo?

Descansei na cadeira mantendo minha pose.

- Tudo bem, menina, não precisa falar. Reparei que não gasta de muito papo - uau, repara em tudo né. - Só... - engole seco. Estava nervosa. - queria te avisar algo. Tenho que ser breve.

- Pode me abraçar? - eu ia negar, porém ela fez um sinal mostrando a mesa do lado olhando fixamente pra cá.

Levantei contragosto e abracei a mesma que passou um papelzinho. Botei no bolso do macacão, me afastando bruscamente.

- Valeu. - falei, sentido a boca seca. Ela assentiu e foi embora sem dizer mais nada.

Se eu saísse do nada, ia dar na cara que algo aconteceu. As pessoas já estavam me olhando torto, nunca abracei ninguém, nunca encostei em ninguém a não ser pra espancar, além dos guardas que eu transava, contato físico era e é sim inesperado.

Sentei novamente, peguei o papel disfarçadamente, olhando de canto pra vê se estavam me vigiando.

"Desculpe atrapalhar seu almoço. Ouvi umas coisas intrigantes sobre você essa semana, as suas parceiras não estão sabendo, apenas a fiel do Piranha. Sua morte está determinada, menina. Eles vão tentar te pegar desprevenida essa madrugada. Tome cuido.
Carinhosamente, Sueli!"

POETA CORAÇÃO Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα