EPÍLOGO - Parte 4: Na alegria e na tristeza

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Camila POV

O gosto permanentemente ruim em minha boca, e a infinidade de vezes em que eu já escutara a mensagem eletrônica da Caixa Postal do celular de Lauren, é o que me impede de esquecer a sequência de péssimas decisões tomadas por mim na noite anterior – ainda que meu esforço para conseguir apagar absolutamente tudo de minha memória fosse imenso.

Por outro lado, a única parte da qual valeria a pena recordar-me era justamente aquela cujo nem um lapso de lembrança eu possuía: por que eu havia parado na cama de um desconhecido? E o que eu havia feito enquanto estive ali?

Eu sabia que seria incapaz de trair Lauren, não só porque estava comprometida com ela, mas simplesmente porque sequer pensar em qualquer toque íntimo de alguém que não fosse Lauren me causava repulsa, e eu nunca poderia me imaginar sentindo prazer a partir disso. No entanto, tampouco eu de fato estive com alguém além de Lauren em toda a minha vida. E, mais do que isso, eu nunca estivera tão bêbada a ponto de simplesmente me esquecer do que eu fizera e, aparentemente, a ponto de não me importar com quem estive fazendo-o. Logo, eu definitivamente não conseguia 'colocar minha mão no fogo' por nada daquilo – o que fazia com que eu me sentisse simplesmente desesperada. E nojenta.

Quando finalmente me recomponho o bastante para encarar alguém conhecido – após tomar um longo e ensaboado banho e trocar as roupas da noite anterior por outras limpas – é que deixo o quarto do hotel, tomando o cuidado de remexer os lençóis da cama antes de sair do cômodo ao encontro de Normani e as meninas.

Para minha surpresa, avisto parte delas já no andar térreo do hotel, o que me faz cerrar os olhos com força e xingar mentalmente o universo que hoje, definitivamente, não está colaborando comigo.

- Talvez você esteja um pouco atrasada, Camila. – Gina é quem se pronuncia primeiro, assim que me aproximo de todas, notando com alívio que Normani não está presente. – Acabamos de voltar.

- E eu achei que eu tivesse bebido muito ontem. – Dinah solta num muxoxo com um sorriso nos lábios, e minha vontade é de questioná-la no mesmo instante quanto ao meu paradeiro na noite anterior. Mas, algo em sua atitude me faz desistir. Dinah não parece fazer a mínima ideia de que eu passara a noite fora, na cama de outra pessoa, ou certamente não estaria reagindo com tamanha naturalidade.

- Onde está Normani? – pergunto então, desviando a atenção de todas ao largo balcão do hotel.

- Nos arrumando uma mesa no restaurante pra almoçarmos. – Ally diz com um sorriso, inclinando o rosto sobre um dos ombros de Dinah. – É por conta dela. Você vem?

É neste momento que me dou conta de que meu estômago, apesar de vazio por muito tempo, não pode sequer ouvir falar em comida. Talvez pela ressaca ridícula, ou pelo nervoso imenso, mas eu simplesmente não sentia fome alguma.

- Eu ainda nem tomei café da manhã. – é o que acaba saindo da minha boca num murmúrio, sob o mesmo gosto ruim que, agora, parece intensificar.

- Camila. – sinto, então, alguém tocar meu braço com delicadeza e só daí me dou conta de que Joanna está presente, tamanho o meu atordoamento. – Você está bem? – ela questiona, e eu me esforço como nunca para tentar responde-la com um sorriso que não transpareça meu desespero.

- Estou, sim.

- Ok. – ela devolve claramente sem acreditar no que digo, antes de continuar num tom mais baixo. A essa altura, o restante das meninas já não presta mais atenção alguma em mim ou em Joanna, conversando todas agora entre si. – Eu achei que tivesse deixado o café pronto sobre a mesa da cozinha. Eu não sabia se você gostava de...

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