Inseguranças

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Lauren POV.

A atmosfera da sala de espera era apática e silenciosa.

O pequeno cômodo do hospital, ladeado pelas paredes incrivelmente brancas, estava completamente vazio – a não ser por mim.

Àquela hora da madrugada, não havia ninguém ali.

Tão perturbador quanto parecia, eu estava sozinha.

Não que isso realmente importasse agora.

Na verdade, nada mais importava.

Com exceção da garota sendo examinada pelos médicos em algum lugar atrás das duas grandes portas à minha direita.

Nada mais importava, além de Camila.

Sentada sobre a cadeira de estofado duro já há algum tempo, minha postura era absolutamente desleixada.

O peso absurdo dos meus ombros forçava as minhas costas a permanecerem curvadas contra o encosto do acento. Minha cabeça pendia inclinada para baixo, feito toneladas que não se sustentariam sobre o frágil pescoço. Meus olhos semiabertos estavam pregados sobre o chão à minha frente, sem de fato enxergar algo nele. Meus braços caíam sem força alguma sobre meu colo e minhas pernas, separadas uma da outra, mal me sustentavam ali, ainda vacilantes e trêmulas.

No minuto em que encontrei a mais nova, a ponta dos meus dedos das mãos começou a "formigar" e não parara até então. O formigamento constante, que com o passar dos minutos somente piorara e agora parecia me queimar sob a pele, com certeza teria me incomodado infernalmente caso a situação fosse outra.

Caso eu não estivesse completamente imprestável no momento até mesmo para pensar num modo de cessá-lo.

Caso eu não estivesse mais semelhante a um saco de lixo do que a um ser humano de verdade.

Caso eu não estivesse sem força alguma para mais nada.

Caso Camila não estivesse num hospital neste exato momento e eu fosse a responsável por isso...

- Alejandro, não.

Ao ouvir a voz de Sinu soar a alguns metros dali, eu me esforcei para lentamente erguer os olhos em sua direção.

Ao fazê-lo, vi Alejandro com o olhar furioso e fixo em mim, aproximando-se com rapidez pelo estreio corredor que desembocava na sala de espera. Sinu vinha logo atrás, praticamente correndo pelo caminho, por não conseguir acompanhar o ritmo do marido. Ela tornou a chamá-lo com o tom apreensivo, mas o homem não se interrompeu, apertando ainda mais o passo em minha direção.

- Alejandro, pelo amor de Deus! – ela gritou assim que ele alcançou-me e, num piscar de olhos, ergueu-me da cadeira, com suas mãos presas na gola da minha jaqueta.

Não era como se eu fizesse questão de resistir àquilo.

Em verdade, era como se eu merecesse.

O que quer que fosse que Alejandro pretendia jogar na minha cara nos instantes seguintes, por mais terrível que pudesse ser, de certo era merecido.

Logo, eu não o impediria.

E mesmo que quisesse, não teria forças para isso.

Ao contrário do que eu imaginei, porém, o homem nada disse.

Com meu rosto a centímetros do seu, sendo mais sustentada por suas mãos em minha jaqueta do que por meus próprios pés que mal tocavam o chão no momento, eu pude ver sua boca abrir e fechar, de forma indecisa.

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