Conciliando

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Lauren POV.

Escorada contra o banco do motorista, de braços cruzados sobre o peito, corpo desconfortavelmente curvado e pescoço esticado, tudo o que eu podia ver sobre o volante à minha frente era a fachada do jardim dos Cabello.

Talvez fizessem mais de vinte minutos, ou quem sabe até meia hora, desde o momento em que eu estacionara o veículo há alguns metros da casa. Eu não estava atrasada, – muito pelo contrário, eu havia deixado o apartamento quase uma hora antes do necessário – mas talvez não fosse uma boa ideia ficar acuada dentro de um carro estando a apenas alguns passos do lugar.

Em verdade, era uma ideia idiota.

Idiota porque eu sabia exatamente o motivo que simplesmente não me permitia sair dali.

Meu coração patinava dentro do peito, minha nuca suava, e minhas pernas bambeavam. Eu estava nervosa.

Não. Eu estava em completo pânico.

Depois de tudo o que eu já havia passado com Alejandro, era de se esperar que, nesse momento, eu não estivesse dessa maneira. O que ocorria, no entanto, era justamente o oposto. Algo sobre esse jantar parecia diferente e eu estava aterrorizada por descobrir o que era.

Para piorar a situação, Camila parecera ligeiramente estranha e distante durante a última vez que havíamos nos falado por telefone ainda mais cedo, quando a mais nova confirmou que seus pais me esperariam para um jantar naquele domingo à noite.

Eu não queria ter de pensar demais sobre aquilo, muito menos encontrar alguma relação de sua atitude com o que quer que estivesse por vir para mim naquele jantar. Eu não queria ter de pensar em nada agora, ou simplesmente não conseguiria deixar aquele carro nunca.

Por isso, finalmente tomando coragem e vergonha na cara, enxugando as mãos suadas sobre a calça jeans e endireitando-me sobre o banco, eu tomei uma iniciativa. Com a ponta dos dedos trêmulos, destravei a porta ao meu lado e a abri com lentidão. Sem nunca tirar os olhos da fachada da casa, eu por fim sai do veículo e o travei novamente atrás de mim.

Em pé sobre a calçada, minhas pernas agora pareciam ainda menos firmes. Ao andar, então, o próprio chão dava a impressão de estar tremendo sob mim. Eu sabia que se não me acalmasse de uma vez, eu não conseguiria encarar aquele jantar com a naturalidade e a consciência que eu precisava. Então, respirei fundo por provavelmente umas vinte vezes, caminhando com calma, até finalmente alcançar a frente da casa.

- Relaxe, Lauren... – murmurei para mim mesma, soltando os braços ao lado do corpo e preparando-me para chegar. – Apenas relaxe...

- Kaki, ela está aqui!

A voz fina, cheia de ansiedade, atraiu minha atenção e instantaneamente me fez erguer os olhos em sua direção.

Parada à porta aberta, Sofia alternava o olhar entre mim e o lado de dentro, com um sorriso enorme no rosto. Ela acenava freneticamente para que alguém viesse até ali e não demorou muito até que eu visse Sinu parar ao seu lado.

Ainda pregada no mesmo lugar, eu pude notar o sorriso sincero que brotou em seus lábios ao me encontrar ali e fora exatamente isso o que me fizera voltar a caminhar.

Talvez não houvesse motivos para todo aquele pânico. Talvez os sorrisos de Sinu e a animação de Sofia me comprovassem isso. Quem sabe Camila não estivesse tão estranha quanto eu achei que estava? E, mais ainda, quem sabe Alejandro estivesse mais compreensível do que eu imaginara?

Este pensamento me fez chegar à porta dos Cabello com mais segurança e cumprimentar as duas à minha frente com um sorriso sincero.

- Ei, Sofia. – disse primeiro, mal encontrando tempo de falar com Sinu propriamente, antes que a pequena agarrasse em minha mão e literalmente me arrastasse para dentro da casa.

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