Quando parece que não dá pra piorar

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Camila POV.

A brisa gélida da manhã de alguma forma invadiu o quarto, fazendo-me, ainda de olhos fechados e parcialmente despertos, puxar a colcha amarrotada ao pé da cama até o meio de minhas costas para cobrir-me o corpo.

Inspirei profundamente ao me ajeitar sob o tecido grosso e quentinho, sentindo a figura ao meu lado reagir aos movimentos, e sorri ao me lembrar do que ocorrera, mais uma vez, na noite passada.

Mais uma movimentação do corpo ao lado e, então, sua mão veio diretamente de encontro à minha cintura, apertando-a com firmeza e desencadeando uma série de formigamentos por toda a região. Alarguei mais ainda o sorriso, afundando a cabeça contra o travesseiro fofinho, e a senti alisar toda a lateral do meu corpo com a mesma pressão, primeiro descendo a mão até o meio de minha coxa esquerda e, em seguida, subindo-a até a lateral de meus seios nus.

- Por que se cobriu...? – sua voz sonolenta e arrastada soou mais perto do meu rosto do que eu imaginei, resultando em um arrepio agudo e gostoso por toda a minha espinha.

- Frio... – minha resposta saiu num sussurro, enquanto eu agarrava a barra da colcha e a subia ainda mais, até que estivesse com os ombros cobertos.

- Não gostei... – seu tom de voz bateu rouco e prepotente contra o meu rosto; a mão sobre a minha pele seguindo à colcha e puxando-a para si, até que eu me visse novamente de bruços e completamente descoberta. – Quero te ver...

Minhas pálpebras ergueram-se vagarosamente ao ouvi-la e deram de cara com seu semblante.

Lauren não me fitava no rosto. Seus olhos verdes e, se possível, ainda mais claros, analisavam minhas costas. O cotovelo esquerdo sobre a cama a dava apoio, deixando-a agora alguns centímetros acima de mim e dando-lhe visão total do meu corpo.

Eu poderia ter corado, envergonhada por estar completamente exposta, sendo observada por ela daquela maneira. Mas seu olhar refletia tanta vontade, tanto desejo, que eu cheguei a me sentir quente. De um segundo a outro, eu literalmente passei a ter calor, tamanha a luxúria que exalava de seu brilhante par de esmeraldas, vidradas em mim.

Sua mão voltou a minha pele, dedilhando lentamente um caminho invisível por ela, partindo da minha nuca até o fim das minhas costas e me obrigando a fechar os olhos novamente, perdida em sua carícia.

- Camila... – sua voz saiu com pesar entre um suspiro, quase como se falasse consigo mesma. – Se eu não tivesse que ir para aquele inferno de biblioteca agora...

A frase funcionara como um verdadeiro alarme em minha cabeça, deixando-me em alerta no mesmo segundo e me fazendo esbugalhar os olhos em desespero.

- Ah, não... Droga! – exclamei, abafando o som da minha voz contra o travesseiro.

- O quê? – ela questionou, interrompendo o carinho sobre minhas costas.

- Eu estou tão ferrada, Lauren, mas tão ferrada. – disse, quase choramingando, erguendo o rosto em sua direção e vendo-a franzir a testa. – Eu prometi pra Dinah que voltaria logo ontem.

- O que tem...?

- O que tem que eu nunca mais voltei e que agora vou levar um tremendo de um esporro dela!

- Inventa uma desculpa, ora.

- Lauren. – a fitei com descrença. – Dinah é mil vezes mais difícil de enganar do que meu pai. Não a subestime.

- Ahm. – ela engoliu em seco, sentando-se lentamente sobre a cama. – Bom. Você pode dizer que ficou presa com uma tarefa na biblioteca. Se quiser, eu mesma posso confirmar que te obriguei a ficar lá até mais tarde.

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