Consequências inevitáveis

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Lauren POV.

O tempo de reação do meu corpo foi ainda maior que o do meu próprio raciocínio. Em questão de segundos, eu me vestira e já atravessava apressada a porta do apartamento, com as chaves do carro em mãos. Normani falara o tempo todo até que eu saísse, provavelmente tentando me impedir de fazer o que eu queria, mas eu não havia a escutado. Não quando todo e qualquer pensamento em minha cabeça neste momento se voltava única e exclusivamente para Camila.

O primeiro instinto foi seguir até sua casa, até eu me recordar de que já estávamos numa segunda-feira. Camila estaria no internato e, por isso, foi exatamente para lá que eu arranquei com o carro, pisando fundo nos pedais para, quem sabe, encontrá-la antes que a notícia chegasse aos seus ouvidos.

Ainda nas proximidades do colégio, já era possível notar a quantidade incomum de veículos de reportagem estacionados pelas ruas ao redor. Foi quando eu me aproximei com o carro da entrada do internato que eu pude enxergar a aglomeração de câmeras e repórteres plantados ali, feito urubus frente ao portão, à espera de um pronunciamento. Um verdadeiro caos.

Seguindo à entrada do estacionamento, sem, graças a Deus, chamar a atenção, eu consegui de fato entrar no colégio. Ao parar o carro, eu mal me preocupei em trancá-lo e somente corri o mais rápido que podia até o primeiro andar. Eu estava tão atordoada que não sabia sequer para onde ia ou em que direção andava; eu somente sabia que não podia parar e que precisava, de um jeito ou de outro, encontrar Camila naquele lugar.

Não havia alunos pelos corredores e, portanto, as primeiras aulas do dia já haviam começado. Eu teria de checar em que sala, exatamente, a turma da mais nova estava e, para isso, eu precisaria ir até a secretaria. Assim, apertando o passo até lá, eu rapidamente retirei o celular de um dos bolsos, apenas para checar o horário e procurar pela aula referente no sistema, até me dar conta de que havia mais de dez ligações perdidas de Michael nele.

- Ah, não... – resmunguei, desbloqueando o visor e notando que o homem também havia me mandado uma mensagem.

Venha ao internato assim que ler isso. Siga direto até a minha sala e não fale com absolutamente ninguém no meio do caminho, entendeu? É uma ordem, Lauren.

Merda.

Era como se eu pudesse escutá-lo falando, e somente por seu tom de voz em minha cabeça, eu podia sentir que não devia desobedecer.

Seguindo então em direção à sua sala, eu procurei ignorar os olhares curiosos e atravessados que eu recebia de outros funcionários pelo caminho. É claro que com a quantidade de repórteres parados à entrada do internato, todos àquela altura já sabiam do que tinha acontecido. Talvez fosse tarde demais até mesmo para chegar em Camila, que, neste instante, já devia estar à par de tudo e arrasada com isso...

Pior do que imaginar como estava a mais nova, porém, foi chegar ao hall de acesso ao escritório do meu pai e dar de cara com quem eu menos esperava.

Alejandro acabava de fechar a porta da sala de Michael, quando seu olhar cruzou com o meu e, tanto eu, quanto ele, paralisamos no lugar.

Foi necessária apenas uma fração de segundos até que suas narinas inflassem e ele avançasse em minha direção a passos largos, como se fosse me atropelar.

- Nunca mais chegue perto dela, está me entendendo?! – soltou com ódio entre os dentes apenas a alguns centímetros de distância, apontando um dos dedos contra o meu rosto e me fitando com o mais assustador dos olhares.

- Eu sinto muito, senhor Cabello, mas as coisas não aconteceram como diz aquela notícia, eu nã-

- VOCÊ ESTÁ ME ENTENDENDO OU É SURDA?! – ele gritou a plenos pulmões contra o meu rosto, sumindo com minha capacidade de falar. – Fique. Longe. Da. Minha. Filha. – completou pausadamente e da forma mais ameaçadora possível, para em seguida simplesmente passar por mim e deixar o hall como um furacão.

O InternatoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora