Família

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Tive que segurar minha onda como nunca quando percebi que Otto estava por perto, ele estava com os jamaicanos e eu queria perguntar o que estava havendo, mas estava tão extasiada que não sabia bem o que dizer.

— Precisamos conversar. Eu preciso te pedir desculpas e tenho novidades — eu me desvencilho dele e cruzo os braços como forma de dizer que ainda estou brava.

— Por que está com esses caras? — O que eu vi primeiro parece diferente em meio àquela pose de homem enorme e bombado havia alguém se segurando para não chorar.

— Essa é a principal coisa que eu tenho para te contar — eu já estava assustada.

— Precisa ser forte, Perola — Donna diz. Eu mal tinha percebido a presença dela.

— Não posso aguentar mais isso! — O grandão diz e eu me assusto parece que todo mundo quer cala-lo, mas ele é mais rápido — Eu sou o seu pai!

Na hora parece que bateram com um martelo na minha cabeça. Eu pensei que o momento em que eu conhecesse meu pai peças iam se encaixar, mas aquele homem era como se fosse um desconhecido e ele não era um nordestino sem grana, era um cara que poderia escolher ficar comigo.

Eu ando em direção ao meu quarto e Otto tenta me impedir e assim eu me vingo dando um chute bem dado em seu saco e saindo dessa vez mais tranquilamente.

— Obrigado, querida economizamos na vasectomia — ele diz com uma voz dolorosa e eu estava tão nervosa que simplesmente mostro o dedo, e me escondo no conforto desconfortável do meu novo quarto.

Poucos segundos depois alguém bate na porta, mas não quero que ninguém me veja chorar.

— Não quero atrapalhar seu momento de tristeza, mas ver um homem de 2 metros chorar pela filha soa muito pesado pra mim — eu consigo dar uma risada e abro a porta — Ver uma versão mais jovem e bem mais pequena parece mais clichê e aceitável.

— Como ele pode ter tanta certeza? — Se ele soubesse o tempo inteiro ele mandou me matar? É isso mesmo?

— Teste de DNA e a semelhança inegável talvez? — Eu sempre me achei mais parecida com a minha mãe, mas vendo agora eu realmente pareço com aquele estranho.

— Eu sempre tive um pai no universo do namorado que eu sempre me auto flagelei mentalmente por amar. Tem ideia de como isso insano? — Ela ri dessa informação irônica e no fundo eu também queria rir, mas ainda estava muito fresco na minha cabeça.

— Sua irmã quase sempre esteve com você, e faz tão pouco tempo que vocês realmente se tornaram irmãs, deve ser difícil olha para aquela família e perceber que eles te querem — a primeira vez que eu lidei com uma pessoa que realmente me quis foi o Bernard, mas Bernard queria que eu fingisse ser algo que ele queria amar, porque era inegável que eu completava quase todas as suas exigências.

— Acho que devo falar com ele, mas estou com medo dele dizer algo como: eu errei e preciso do seu perdão. — Ela ri da minha afirmação.

— Pessoas erram, Perola. Você é exigente sobre isso porque sempre precisou pisar em ovos sua vida inteira. Eu também acho terrível o meu marido fazer tanta cagada na sua idade já tinha falido duas empresas que começaram com o pai dele. Você estaria acabada se uma das suas empresas quebrasse. O que eu quero dizer é que infelizmente temos que dar a porra do exemplo e sermos mais tolerante, mas isso não significa que reprovei sua atitude de bater no Otto, já fiz isso várias vezes com meu marido.

— Acho que deve chamar eles — digo e ela confirma e logo sai.

O homem que seria meu pai chegou primeiro e sentou no chão onde eu estava e eu sorri para ele de um jeito real, mesmo sem saber o que dizer, Otto chegou logo depois e mais algumas 30 pessoas.

A obsessão do GângsterWhere stories live. Discover now