𝟐. 𝐋𝐞 𝐜𝐨𝐮𝐬𝐢𝐧.

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— Tem certeza de que ficará bem?

A voz de Sunmi abraça meus ouvidos em um tom preocupado. Me fazendo sentir-me ainda mais insuficiente, por mais que essa não fosse a intenção.

— Jungkook chegará em uma hora, tente não se arriscar e...

— Sunmi, eu vou ficar bem. — Abraço o seu corpo de forma demorada e espero sua presença ir embora junto com o som do carro na pista molhada, este que iria levar a mesma até o local onde a cerimônia aconteceria.

Eu não iria para a celebração e ela já estava ciente disso. A loira sabia que não me sentiria nem um pouco confortável com os olhares pesados dos outros convidados sobre mim e concordou com a minha decisão. O fato é que, desde o ocorrido, eu nunca mais fui para festas e muito menos sai de casa. Não queria ser visto por ninguém daquela forma.

Jungkook chegaria em pouco tempo, então decidi preparar algo para comer. Algo simples. Caminho em passos lentos pelos corredores, me apoiando em móveis antigos vez ou outra. Tenho sorte de ainda conseguir lembrar onde fica cada cômodo, mas chegar até eles continua sendo uma missão um tanto complicada de se cumprir, já que a casa tem um pouco mais de mil metros quadrados contando com o jardim nos fundos.

Chego na cozinha depois de alguns minutos caminhando vagarosamente e vou em direção a grande ilha que ficava no meio do cômodo, entre a pia e o resto dos armários. Sigo o mármore gelado e me encontro de frente para ela agora, pensando no que poderia fazer.

— Nada de facas. — Suspiro lentamente e procuro o armário, pegando uma tigela redonda de vidro e possíveis cereais, mas acabo me atrapalhando ao saber onde a ilha de mármore ficava e deixo a tijela de vidro cair. Me assustando levemente com o barulho.

Droga, Jimin.
Nem comer sozinho você consegue.

Tento caminhar mas penso que não seria uma boa ideia já que provavelmente haveriam vidros pelo o chão de toda a cozinha, então me agacho lentamente, tocando suavemente alguns vidros no chão e começo a juntar os cacos cuidadosamente.

Após presumir que já havia juntado uma quantidade considerável, resolvo me levantar e colocar os vidros em cima do mármore. Respirando forte antes de começar a chorar compulsivamente.

— Eu não consigo... — Senti a dor familiar rasgar o meu peito, a insuficiência gritava em todos os lados da minha cabeça. — EU NÃO CONSIGO!

Grito, socando os cacos de vidro em cima do mármore, deixando a dor dos cortes em minha mão invadir o meu corpo. Tudo doía. Sentia que poderia explodir a qualquer momento.

A dor de saber que sempre irei depender de alguém.

Fico alguns minutos ali, debruçado sobre a ilha, sentindo a dor interna e externa. Tentando fazê-la parar. Meus pensamentos são rapidamente interrompidos pelo som da campainha. Jeon havia chegado e ele não pode me ver nesse estado.

Merda.
Merda!

Limpo as lágrimas rapidamente e tento achar qualquer coisa que possa me ajudar com o sangue naquele momento, prendendo um grito doloroso na garganta ao pisar em um pedaço de vidro esquecido no chão.

A campainha tocou outra vez.

— Cacete... — Em uma ação mal pensada, resolvo cobrir a mão machucada com minha própria blusa e caminho em passos rápidos até a porta, esbarrando e tropeçando em móveis pelo percurso.

— Me desculpe por demorar tanto. — Falo rapidamente assim que consigo abrir a porta. — Jeon Jungkook, certo?

— Sim, mas pode me chamar de Jungkook. — A voz rouca invadiu os meus ouvidos rapidamente. — Céus, o que houve com a sua mão? — Sinto o calor de seu corpo próximo ao meu, então abro espaço para que possa entrar com suas coisas.

𝐒𝐄𝐍𝐒𝐈𝐓𝐈𝐕𝐄 | 𝐣𝐤+𝐣𝐦Where stories live. Discover now