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O vento frio passava por nós, a noite estava triste. As estrelas fortes e o céu escuro. Estávamos no telhado da minha casa, fazíamos isso dês dos nossos onze anos, Chae uma vez caiu e quebrou o braço, mas logo voltava a subir no telhado junto a mim.

Não foi diferente naquela madrugada. Eu tinha a melhor amiga de todas. Não era a primeira vez que ela saía de casa escondida por mim, e eu também fazia a mesma coisa quando qualquer mísera coisa acontecia com ela.

- Cada vez que você me diz que quer acabar com a sua vida, Lisa, eu choro. Pois você foi a melhor pessoa que entrou na minha vida, e eu não iria aceitar o fato de ter que enterrar a minha melhor amiga, eu não suportaria te perder. Por mais chata, fria, e sem coração que você é, me acostumei e me ver sem tudo isso é uma coisa impossível. Sei que não está sendo fácil pra você, acredita pra mim também não, o que será da sua irmã sem você? Do seu avô? De mim? Você tem um sonho, Lisa, eu sei que tem... agarra esse sonho e segue em frente, não deixe ninguém no seu caminho, seja forte. É pedir muito, eu sei que é, mas não vai ser em vão todas essas suas tentativas, olha só, falta tão pouco para comprar o seu apartamento, você vai se ver livre dele, vai salvar a sua irmã dele. Não estou dizendo que vai parar de sentir dor, claro que você vai, todos nós sentimos inclusive eu. As vezes não é nada fácil ser sua amiga, pois não sei o que passa na sua cabeça, tenho que estar atenta a tudo que se diz respeito sobre você, olha só são quase cinco da manhã e aqui estou eu querendo te derrubar desse telhado por ter pensado em tirar a sua vida, não vou fazer isso. Eu sei que você é forte, Lisa, mostre ao mundo quem você é verdadeiramente.

Ao deitar a minha cabeça em seu ombro, fechei os olhos absorvendo cada palavra que ela me disse, eu tinha uma irmã e uma melhor amiga pra cuidar, mesmo elas cuidando de mim, não poderia deixá-las por uma garota que apenas brincou com o meu coração.

- Quer faltar hoje? Se quiser, eu fico aqui com você.

- Estou bem o suficiente para ir.

- Já está bem mesmo, me dando coice de cavalo.- eu ri batendo levemente na sua perna, pronta para assumir uma nova identidade.

Eu só precisava aguentar mais um pouco, sairia de casa mais um ano completaria o Ensino Médio, e com mais esforço, pagaria a minha faculdade de jornalismo. Faltava muito pouco.

- Vou correr pra casa antes que a minha mãe descubra que eu saí, qualquer coisa me ligue!

Tomei um banho renovador, querendo tirar a dor momentânea que passei. Me arrumei um pouco a mais, meu primeiro dia depois que saí do hospital queria estar apresentável. Fazia um bom tempo que eu não me dedicava tanto a me arrumar, e olha, eu não estava nada mal.

Olhei para o rabo de cavalo que fiz em meu cabelo, dando de ombros e tirando aquele elástico, meu cabelo castanho caiu como cascata em minhas costas e a única coisa que fiz foi passar a escova e arrumar minha franja de um jeito melhor.

Quando Jisoo abriu os olhos, acabou abrindo a boca também, realmente eu estava muito bonita.

- Unnie? Meu Deus, você está linda! Aonde vai tão cedo assim?

- Escola.

Ela não falou mais nada, apenas correndo até o meu guarda-roupas e me entregando um moletom bem largo que eu havia roubado de Seung, ele sabia disso e não se importou, era como um abraço. Olhei pela última vez no espelho, coloquei aquele moletom na mochila e saí, sem dizer bom dia pra ninguém apenas saí, colocando os meus fones e me sentindo livre com a música.

Você disse que nunca me machucaria 

Seja o curativo quando eu sangro 

Mas acho que esse band-aid foi todo feito de papel 

Porque você nunca se prendeu a mim 

E você diz que conquistou o leão  

Sem nem tentar  

Mas ela só fica mais forte 

Ela só morde com mais força e eu só morro lutando

Você pode correr, você pode correr 

Mas você sabe que eu sei exatamente o que você fez  

Você pode correr, você pode correr 

Mas guarde essas palavras para uma a uma

Então, quando as luzes se apagam 

E o sol bate no chão  

Você deveria saber que eu não recuarei, estarei esperando por você

Indiferença, e uma nova pessoa nascia aos poucos dentro de mim, e decidida a deixar aquela velha Lisa para trás, apenas aumentei o volume e entrei naquele prédio.

Minnie e Yeji festejaram e me elogiaram muito ao ver como eu estava, fiquei um pouco envergonhada quando Minnie disse que eu ficava bonita de qualquer jeito.

- Está se alimentando bem?

- Hambúrguer e batata frita todos os dias.

- Boa garota!

- Yeji! Lisa não pode comer essas coisas, ela ainda está se recuperando, dó de você se eu descobrir que está comendo essas coisas, Lisa.- mais uma vez achei fofo aquele ato de Minnie, e sem pensar ou por querer, acabei deixando um selinho nela. Acho que nunca senti tantas borboletas no estômago ao fazer aquilo. Apenas um selinho, que eu havia gostado. Mas não era igual o de Jennie.

Apaga isso da sua cabeça agora, Jennie está morta pra você.

- Isso foi super gay, vou vomitar cachorrinhos.

Minnie ainda ficou me olhando, nunca parei para reparar o quão linda ela ficava com as bochechas rosadas. Sorri pra ela, me permitindo deitar em seu colo e rir da cara de Yeji que falava sobre qualquer coisa.

A hora que eu queria chegou. Intervalo.

Jennie já se encontrava lá, dessa vez sem o Kai, me distraí com o pessoal vindo me receber, e lembrei o que eu havia decidido. Indiferença.

- Oi, Jennie.

- O-oi, Lisa. Que... que bom que voltou.

- Não poderia ficar no hospital pra sempre.- ela assentiu ainda com a cabeça baixa.

- Você... você está muito bonita.

- Obrigada, Minnie me diz isso o tempo todo dês que eu cheguei. O seu é só mais um.

Me sentei ali junto a eles, realmente distraída com a conversa de todos. As vezes me inclinava para olhar Minnie, havia gostado de deixá-la sem jeito. Ela sorria e batia no meu ombro, a única coisa que eu fazia era roubar mais alguns selinhos dela, nada a fundo, mas muito bom.

- Lisa, podemos conversar?

- Pode falar, Jennie.

- A sós.

Stay For Me (Jenlisa)Where stories live. Discover now