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- Na verdade, eu não sinto muito fome agora, Jennie.

- Todas as vezes que eu te ofereço comida você vem com esse mesmo papo de que não está com fome. Está achando que eu enveneno a sua comida?

- Claro que não.- eu acabei rindo daquele comentário empurrando fracamente o seu braço.- Só não sinto a mesma fome que sentia antigamente. Acho que os meus remédios tiram o meu apetite.

- Toma remédios?

- Sim, um para dormir, outro para o meu distúrbio de bipolaridade e outro pra depressão. Eles meio que viraram a minha comida agora.

- Não aceito isso, Lisa. Experimente, e pode falar a verdade, não aceitarei menos que isso.

Mais uma vez eu fiz o que ela queria. Era oficial, eu estava em suas mãos de um jeito assustadoramente bom. Eu coloquei aquela macarronada em minha boca, me surpreendendo. Estava realmente muito boa.

- Só pela a sua expressão sei que acertei. Certo?

- Huhum...

Foi bom ter a companhia dela ali, como se fossemos amigas a tanto tempo, que qualquer coisa era motivo para uma conversa afunda. Jisoo me olhava com esperança, eu apenas balançava a cabeça em direção a ela, Jennie e Jisoo haviam se dado super bemn, também ela era a Jennie, se dava bem com todo mundo.

- Vamos ao parque amanhã, Liz.

- Você e o Kai? Se divirtam.

- Não. Eu e você.

- Ah, não gosto de sair, ainda mais no domingo.

- Mas isso não foi uma pergunta. Vamos ao parque amanhã, eu passo aqui as três.

Mais uma vez me encontrei completamente perdida quando ela saiu. Simplesmente não entendendo toda aquela determinação, e a plena convicção que eu aceitaria. Recusar eu não faria.

- Sabe quantas vezes eu fui a sua casa? Sabe quantas vezes eu liguei nessa porra desse celular que você não vive sem? Estou com uma grande vontade de te matar agora, sua idiota.

- Oi, Chae... me desculpe, eu não estava me sentindo bem, em todos os aspectos. Sei que estava preocupada comigo, eu só não queria ver ninguém.

- Ok, eu fui um pouco grossa, me desculpe por isso. Como você está agora?

- Acho que bem. Jennie veio aqui em casa, e foi até bom.

- E então? Rolou alguma coisa?

- Ela me falou umas coisas que me fez ficar pensativa. Como querer terminar com o Kai e querer me conhecer. Vamos ao parque amanhã e-

- O DEMÔNIO OUVIU AS MINHAS ORAÇÃO!

- Credo, Chaeyoung. Isso nem existe. De todo modo, é apenas uma passeio de amigas.

- Que horas vocês vão?

- As três.

- As duas eu estou aí pra te arrumar!

- Não, Chae. Meu padrasto estará em casa, não quero que venha.

- As duas, Manoban. Até.

Parecia que ninguém estava ouvindo as minhas preferências. Simplesmente ou ia embora, ou encerrava a chamada. Não queria estar ali quando meu padrasto e a minha mãe chegasse. Eu lavei tudo o que Jennie havia sujado e com a ajuda de Jisoo foi tudo bem mais rápido. Ela me perguntava se poderia ir junto, e a cada não que eu dava a ela era uma mais nova tentativa de me convencer.

- Jisoo, eu disse que não. Quando eu falo não, é não.

- Eu vou ficar aqui fazendo o que?

- Deixo o celular aqui.

- Fechado.

Ao me sentar na mesa para o jantar, fechei os olhos concentrando a minha respiração quando meu padrasto começou a ler uma passagem da bíblia.

Acordar as nove.

Tomar meus remédios as nove e meia.

Arrumar o meu quarto as dez.

Tomar café as onze.

Terminar de recuperar as tarefas perdidas as onze e meia.

Esperar a Chae chegar as duas.

Sair com Jennie as três.

Eu tinha que parar com aquela mania chata de organizar tudo um dia antes, não adiantaria muita coisa, eu acordaria atrasada, ainda enrolaria na cama. Não tomaria o café e não ia fazer os trabalhos escolares, então pra que eu me organizava tanto?

- Amém.- abri os olhos quando todos falaram. Aquilo me incomodava tanto.

A cada garfada, o meu padrasto ia falando sobre coisas que me deixavam sem fome, coisas tão desnecessárias, coisas tão sem lógicas. Eu e Jisoo trocávamos alguns olhares, ela começava a não concordar com ele, eu a mostrei que sentir atração pelo o mesmo sexo não era errado, mostrei a ela que as mulheres podiam e deveriam ter os mesmos direitos que os homens, e algo que todas as mães deveriam ensinar a uma filha menina. Nunca fazer a vontade dos homens, nunca deixarem eles mandarem nelas. E ensinar aos filhos homens que as mulheres são três vezes mais fortes que eles.

"Deus é uma mulher"

- Pra mim homem que vira viado foi falta de sexo. Esses meninos de hoje em dia são muito bajulados pelos os pais. Na minha época, se algum moleque chegasse na frente do pai e falasse que era gay, não pouparia esforços para matar esse menino na porrada. Isso é uma vergonha diante a Deus. Noami, você já passou a minha calça? Porra, eu te sustento vagabunda, eu quero essa calça passada e o meu tênis limpo. Tenho um compromisso amanhã. Não me esperem para o jantar.

Nossa como eu comemorei internamente. Ele ficaria fora. Acho que naquela noite fui dormir contando as horas para sair com Jennie. Não me importando se era apenas um passeio de amigas, eu só precisava estar ao lado dela de novo.

- Vocês ainda não se beijaram?

- Não... ela chega tão perto e depois saí, sinto que ela me provoca, Jisoo.

- Sabe o que você faz da próxima vez que ela fizer isso?

- Hum?

- Termina o que ela começou. Beija ela logo.

- Temos um problema aqui esqueceu? Ela namora, e... eu nunca beijei na minha vida.

- Treina com a laranja.

Eu ri do comentário sonolento que ela lançou, descartando tudo aquilo, e curtindo a ideia se sair com ela.

Era apenas uma passeio de amigas, nada além disso.

Stay For Me (Jenlisa)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora